
Subsidio Lição 13 : Renovação da Esperança | EBD Adulto CPAD | 2º Trimestre 2025 | Comentarista Pastor Elianai Cabral
TEXTO ÁUREO
“E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco!” (Jo 20.26).
VERDADE PRÁTICA
A Ressurreição de Cristo representa o ápice da esperança cristã.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
INTRODUÇÃO
Chegamos à última lição deste trimestre. A palavra que a define é esperança. A ressurreição do nosso Senhor simboliza o ponto culminante da esperança cristã. Por meio dela, conseguimos reforçar a nossa fé em Cristo, promover a alegria em vez da tristeza, afastar o medo e acolher a mensagem destemida do Evangelho. Nesta lição, somos convidados a renovar a nossa esperança.
Palavra-Chave:
ESPERANÇA
I. A APARIÇÃO DE JESUS CRISTO
1. “Paz seja convosco!”
Na segunda vez que Jesus se revelou aos seus seguidores, tanto homens quanto mulheres, o ambiente era diferente. O sepulcro continuava vazio e os discípulos, ainda receosos, permaneciam escondidos dos olhares dos transeuntes do lado de fora da casa onde estavam reunidos, com portas e janelas fechadas (Jo 20.19). Era uma habitação em algum ponto da cidade de Jerusalém. Já não era mais de madrugada no primeiro dia da semana (20.1), mas sim a tarde daquele mesmo dia em que Maria Madalena comunicou aos discípulos que tinha visto e falado com Jesus ressuscitado (20.19).
No entanto, eles mostravam ceticismo quanto à afirmação de Maria Madalena sobre ter encontrado Jesus vivo. Na verdade, os discípulos estavam ainda tomados pelo medo dos judeus e sentiam-se desprotegidos. De fato, tinham fugido para as suas casas quando Jesus foi preso, restando apenas Pedro e João posicionados à distância (Jo 19.27; 20.10). Dias depois, após terem recebido o Espírito Santo como Consolador (20.22,23; cf. 20.26), aqueles discípulos continuavam escondidos com as portas trancadas no mesmo local. Quando Jesus voltou a aparecer entre eles, repetiu por três vezes: “Paz seja convosco!”.
A expressão “Paz seja convosco!” dita por Jesus em Sua aparição aos discípulos não foi uma simples saudação. Tratou-se de uma declaração carregada de sentido espiritual, consolo e restauração.
Os discípulos estavam mergulhados em temor, confusão e dúvidas. Ainda que tivessem convivido com Cristo, visto Seus milagres e ouvido Suas promessas sobre a ressurreição, foram vencidos pelo medo e pela insegurança. Mesmo após o sepulcro estar vazio e Maria Madalena afirmar que O viu, a incredulidade e o pavor os mantiveram trancados em casa, escondidos dos judeus. A experiência da morte de Jesus ainda pesava em suas mentes e corações, como se o sonho tivesse terminado. Mas Jesus, ressuscitado, atravessa as barreiras físicas e emocionais e Se coloca no meio deles, trazendo uma mensagem que ia além de palavras humanas: a paz verdadeira que só Ele pode oferecer.
Quando Jesus diz “Paz seja convosco”, Ele não está apenas tentando acalmar corações perturbados. Ele está comunicando algo que o mundo não pode oferecer (Jo 14.27). Essa paz não depende de circunstâncias externas, mas da certeza de que o Senhor está presente, vivo e operante. A presença de Cristo no ambiente transforma tudo. Aquele lugar, antes marcado por medo e desânimo, se torna o cenário da restauração da fé. Ao declarar paz, Jesus também estava relembrando as promessas feitas anteriormente, mostrando que Sua Palavra é verdadeira e que Ele cumpre tudo o que disse.
Outro aspecto importante é que essa saudação aparece repetida três vezes, o que reforça sua relevância. Jesus não repreende os discípulos por estarem com medo, mas os alcança com graça e reconciliação.
Ele sabia da fragilidade deles e, em vez de condená-los por sua covardia ou incredulidade, oferece Sua paz como ponto de recomeço. Isso nos ensina que o Senhor compreende nossas limitações humanas e deseja restaurar-nos com ternura e verdade. Ao invés de abandono, Ele nos visita. Ao invés de condenação, Ele oferece paz. Essa atitude de Cristo reflete o caráter do verdadeiro Pastor que dá Sua vida pelas ovelhas (Jo 10.11).
2. O registro das aparições de Jesus ressurreto.
Entre a sua ressurreição e a ascensão ao Pai, que ocorreram num período de 40 dias, Jesus apareceu aos seus discípulos em pelo menos dez ocasiões. As suas aparições começaram com (1) Maria Madalena, junto ao túmulo vazio (Jo 20.11-18); (2) seguiram-se as mulheres que retornaram da sepultura para anunciar aos discípulos que o túmulo estava vazio (Mt 28.8-10); (3) depois foi a vez de Pedro (Lc 24.34; 1Co 15.5); (4) e ainda os discípulos que estavam no caminho de Emaús ao anoitecer (Mc 16.12; Lc 24.13-32).
Jesus também se revelou aos (5) discípulos reunidos numa casa em Jerusalém, quando Tomé não estava presente (Mc 16.14; Lc 24.36-43; Jo 20.9-25), e (6) posteriormente na presença de Tomé (Jo 20.26-31; 1Co 15.5). A seguir, (7) apareceu a sete discípulos junto ao Mar da Galiléia (Jo 21); (8) depois, fez aparições aos apóstolos e a mais de quinhentos seguidores (Mt 28.16-20; Mc 16.15-18; 1Co 15.6); (9) dirigiu-se ainda a Tiago, seu meio irmão (1Co 15.7); (10) por fim, manifestou-se pela última vez durante a sua ascensão no Monte das Oliveiras (Mc 16.19,20; Lc 24.50-53; At 1.6-12). Todas estas aparições confirmam o fato da ressurreição de Cristo.
Durante quarenta dias, o Senhor ressuscitado Se manifestou de forma visível e concreta a um número significativo de pessoas, em ocasiões e lugares diversos. Cada aparição, cuidadosamente relatada nos Evangelhos e em outras partes do Novo Testamento, serve para confirmar que a ressurreição de Jesus não foi simbólica nem imaginária, mas literal e corpórea.
Ele apareceu não apenas a indivíduos isolados, mas a grupos de discípulos, incluindo mulheres, homens e até mesmo mais de quinhentas pessoas ao mesmo tempo, como afirma o apóstolo Paulo (1Co 15.6). Esse conjunto de testemunhos amplia a credibilidade do fato e fortalece a fé cristã com base em evidências múltiplas e coerentes.
Não se trata de alucinações ou experiências subjetivas, como alguns críticos modernos afirmam. As aparições foram variadas e ocorreram em contextos distintos: no jardim do sepulcro, em estradas, em casas fechadas, à beira do mar e até em montes. Em algumas situações, Jesus comeu com os discípulos (Lc 24.41-43), falou diretamente com eles e até mesmo os convidou a tocar em Suas feridas (Jo 20.27), provando que não era um espírito ou uma visão sem substância. Sua ressurreição foi real, física e inegável. Isso mostra o cuidado de Deus em confirmar a fé dos primeiros discípulos, muitos dos quais iriam entregar suas vidas proclamando essa verdade. Nenhum deles teria enfrentado perseguições e martírio por uma história inventada ou mal compreendida. A firmeza com que anunciaram a ressurreição de Cristo é fruto da certeza plena de que Ele estava vivo e presente entre eles.
Outro ponto importante é que as aparições ocorreram a pessoas comuns, com sentimentos diversos. Alguns estavam chorando, como Maria Madalena (Jo 20.11-16); outros caminhavam desanimados, como os discípulos de Emaús (Lc 24.17); havia também os que estavam escondidos por medo, como os apóstolos reunidos (Jo 20.19).
Jesus Se revelou a cada um de forma pessoal e intencional, restaurando suas esperanças e fortalecendo sua fé. Isso mostra que o Cristo ressuscitado não abandonou os Seus, mas buscou-os em suas angústias. Suas aparições foram mais do que provas: foram atos de cuidado, consolo e convocação. Após a ressurreição, Jesus não apenas confirmou quem Ele era, mas também começou a preparar os discípulos para a missão que receberiam.
3. Preciosas lições.
A primeira lição a reter é que a ressurreição de Cristo representa o ponto culminante da fé cristã. Paulo dirigiu-se aos coríntios, afirmando: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a nossa fé” (1Co 15.14). A segunda lição revela que a ressurreição é um fato inquestionável que fortalece a certeza e a alegria de saber que Ele está vivo. A terceira lição diz respeito à renovação da esperança e à promessa da ressurreição dos mortos em Cristo (1Ts 4.14-16). Um dia seremos como o nosso Senhor.
A ressurreição de Cristo não é apenas um evento entre tantos outros nas Escrituras. Trata-se do alicerce sobre o qual se sustenta toda a fé cristã. O apóstolo Paulo foi direto ao afirmar que, sem a ressurreição, a pregação seria vazia e a fé, inútil (1Co 15.14). Essa declaração não é exagerada, mas revela a centralidade da ressurreição no plano de Deus para a redenção humana. Se Cristo não tivesse ressuscitado, Sua morte na cruz não teria significado pleno, pois não haveria vitória sobre o pecado nem sobre a morte. No entanto, o túmulo vazio é a prova definitiva de que a justiça foi satisfeita, o inimigo foi vencido e a salvação foi assegurada para todos os que creem.
Além disso, a ressurreição é um fato comprovado pelas múltiplas aparições do Senhor, como já vimos. Ela não se baseia em fábulas ou lendas, mas em testemunhos oculares de homens e mulheres que, mesmo temerosos e frágeis, tiveram suas vidas transformadas após encontrarem o Cristo vivo.
Essa certeza nos enche de alegria, pois sabemos que servimos a um Deus que está vivo e que reina. Não é à toa que o anjo na sepultura disse: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Lc 24.5-6). Essa verdade ecoa até hoje em nossos corações e nos fortalece nas lutas diárias. Saber que Jesus venceu a morte nos dá confiança para viver com propósito e fé, mesmo em meio às dificuldades.
Portanto , a morte, que antes era temida como o fim de tudo, agora é vista à luz da eternidade. A ressurreição de Cristo é a garantia de que aqueles que dormem Nele também ressuscitarão. Paulo, escrevendo aos tessalonicenses, deixou claro que essa é uma esperança real: “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele” (1Ts 4.14). Essa promessa não é apenas um consolo diante da perda de entes queridos, mas uma certeza viva de que o melhor ainda está por vir. A fé cristã não se limita a esta vida, mas aponta para uma realidade futura, gloriosa e incorruptível.
E há ainda uma lição profunda e pessoal: um dia seremos como o nosso Senhor. Não apenas veremos Cristo face a face, mas seremos transformados à Sua semelhança (1Jo 3.2). A ressurreição nos conduz a uma vida nova desde já, pois aquele que está em Cristo é nova criatura (2Co 5.17), mas também nos projeta para a eternidade, onde habitaremos com Ele para sempre. Essa expectativa molda nosso comportamento, nossa ética, nossa maneira de lidar com o sofrimento e nossas prioridades na vida.
II. APARIÇÃO DE JESUS: ESPERANÇA E PLENA ALEGRIA
1. O medo deu lugar à esperança.
Com a crucificação, morte e sepultamento de Jesus, o medo, a frustração e, por conseguinte, a desesperança, surgiram no coração dos seus discípulos. A cena dos dois discípulos no caminho de Emaús ilustra perfeitamente esse estado emocional dos seguidores de Jesus (Lc 24.13-35). No entanto, quando Jesus se revela a eles, os seus rostos transformam-se imediatamente. Assim, a esperança substitui o medo e a frustração. O Cristo que venceu a morte renova a nossa esperança e afasta a desesperança.
Os discípulos haviam depositado todas as suas expectativas no Mestre de Nazaré, esperando que Ele fosse o libertador de Israel. Contudo, a crucificação pareceu o fim de tudo. O medo tomou conta dos seus corações, e com ele vieram a frustração, a confusão e a desesperança. O relato dos discípulos a caminho de Emaús é um retrato fiel desse sentimento coletivo. Eles caminhavam cabisbaixos, conversando sobre os acontecimentos, desanimados e sem direção. A decepção era evidente em suas palavras: “Ora, nós esperávamos que fosse ele o que remisse a Israel” (Lc 24.21). O uso do verbo no passado demonstra que, com a morte de Jesus, suas esperanças haviam sido enterradas junto ao sepulcro.
No entanto, tudo começa a mudar quando o próprio Jesus se aproxima e caminha com eles.
Embora inicialmente não O reconhecessem, o diálogo que Ele estabelece começa a abrir os olhos de seus corações. À medida que Jesus lhes explica as Escrituras, algo novo começa a nascer dentro deles. Mais tarde, já reconhecendo quem era o viajante, afirmam: “Porventura não ardia em nós o nosso coração, quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lc 24.32). Essa experiência mostra que a presença de Jesus e a compreensão da Palavra restauram o ânimo do coração abatido. O medo vai cedendo lugar à fé, e a desesperança é vencida pela viva esperança da ressurreição.
Esse episódio é um exemplo claro de como Cristo ressurreto transforma realidades. Aqueles dois discípulos, que haviam deixado Jerusalém entristecidos, voltam apressadamente para anunciar aos demais que viram o Senhor.
A presença do Salvador ressuscitado muda a rota, reacende a fé e devolve o propósito. Essa é a obra que Ele continua a realizar na vida dos que creem. Em meio a um mundo marcado por inseguranças e temores, Cristo ainda caminha ao lado dos seus, mesmo quando não O reconhecemos de imediato. Sua presença e Sua Palavra têm o poder de renovar a esperança, dissipar as dúvidas e nos lembrar de que Deus continua no controle.
O mesmo acontece conosco. Quantas vezes também somos tomados pelo medo, pela frustração ou pelo sentimento de abandono diante das situações difíceis da vida. Nesses momentos, o inimigo tenta sufocar nossa fé e nos convencer de que não há mais saída. Contudo, a ressurreição de Cristo nos assegura que, mesmo quando tudo parece perdido, Deus pode reverter o quadro. A vitória de Jesus sobre a morte é a garantia de que o mal não tem a palavra final. O túmulo vazio é o símbolo supremo da esperança cristã. Cristo vive — e porque Ele vive, podemos crer no amanhã.
2. A tristeza deu lugar à alegria.
Quando se apresentou aos discípulos e lhes trouxe a paz, “os discípulos se alegraram ao ver o Senhor” (Jo 20.20). A magnífica notícia da ressurreição do Senhor e a sua subsequente aparição eliminaram a tristeza dos discípulos e encheram os seus corações de alegria. Estar na presença de Jesus Cristo ressuscitado é promover uma vida repleta de alegria, onde, mesmo nas situações mais difíceis, conseguimos manter a nossa capacidade de nos alegrar no Espírito de Deus.
Os discípulos viveram ao lado do Mestre por cerca de três anos, ouvindo Seus ensinamentos, presenciando milagres e nutrindo a esperança de que Ele restauraria Israel. A crucificação, no entanto, representou, aos olhos deles, a destruição de todos esses sonhos. O silêncio do túmulo parecia ter calado a voz daquele que falava com autoridade e amor. O sentimento era de luto, de dor, de perda irreparável. A presença física de Jesus lhes fazia falta, e a ausência dEle lançava uma sombra de tristeza sobre os seus corações. Mas tudo isso começou a mudar quando o Ressuscitado Se apresentou a eles e disse: “Paz seja convosco” (Jo 20.19).
Nesse momento, algo extraordinário aconteceu. A tristeza foi desfeita pela certeza viva de que o Senhor havia vencido a morte.
O texto sagrado afirma com simplicidade, mas com profunda intensidade: “E os discípulos se alegraram, vendo o Senhor” (Jo 20.20). Aquela não era uma alegria passageira, como a que o mundo oferece. Era uma alegria que brotava da certeza de que Jesus estava vivo, de que Suas palavras eram verdadeiras e de que o amor de Deus não havia sido derrotado pela cruz. Essa alegria não foi apenas emocional, mas espiritual — uma resposta à presença viva do Salvador, uma confirmação de que, mesmo após o sofrimento, a glória de Deus prevalece.
A presença do Cristo ressuscitado transforma o ambiente e também os sentimentos mais profundos do ser humano. A alegria que nasce do encontro com Ele é capaz de permanecer mesmo em tempos de dor, porque ela não se baseia nas circunstâncias, mas na verdade eterna de que Jesus está vivo. O próprio Senhor havia prometido essa alegria: “Vós agora, na verdade, tendes tristeza, mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará” (Jo 16.22). Essa promessa se cumpriu quando os discípulos O viram novamente. E continua se cumprindo na vida de todos os que creem.
3. Esperança e Alegria.
A esperança e a alegria são algumas das virtudes cristãs mais relevantes que encontramos no Novo Testamento. O apóstolo Paulo refere-se à virtude da esperança junto da fé e do amor (1Co 13.13). Na Carta aos Gálatas, o apóstolo menciona a alegria como um dos componentes do Fruto do Espírito (Gl 5.22). Assim, tanto a esperança quanto a alegria estavam presentes na manifestação de Jesus aos seus discípulos. Portanto, se cremos no Cristo que venceu a morte, estas duas virtudes devem ser evidentes nas nossas vidas com Ele.
Após a morte de Jesus, os discípulos viveram momentos de angústia e abatimento. No entanto, a aparição do Senhor vivo devolveu-lhes a certeza de que a promessa havia se cumprido, e isso reacendeu neles a esperança e os encheu de uma alegria profunda. A ressurreição de Cristo não foi apenas um milagre extraordinário; foi o marco que confirmou toda a mensagem do evangelho. A partir desse momento, os discípulos passaram a compreender que a morte não era o fim, mas sim o início de uma nova vida — uma vida cheia de propósito, confiança e expectativa no cumprimento das promessas divinas.
A esperança cristã não é uma mera expectativa otimista, mas a certeza firme de que tudo o que Deus prometeu será cumprido.
Paulo a coloca no mesmo nível da fé e do amor (1Co 13.13), mostrando que ela é parte essencial da experiência cristã. A ressurreição de Jesus dá fundamento sólido a essa esperança, pois se Ele venceu a morte, também nós venceremos. Se Ele vive, então Ele reina, intercede por nós e voltará, como prometeu. Essa esperança, portanto, deve conduzir nosso modo de viver, nossas decisões e até nossa maneira de enfrentar o sofrimento. Não estamos abandonados neste mundo, tampouco caminhamos sem direção. Cristo está conosco, e um futuro glorioso nos aguarda. A vida cristã é uma caminhada com esperança constante.
Ao lado da esperança, surge também a alegria. E não qualquer alegria, mas aquela que procede do Espírito de Deus, conforme descrito em Gálatas 5.22. Ela não é motivada apenas por circunstâncias favoráveis, mas por uma vida espiritual real, baseada na presença contínua de Cristo no coração do crente. Essa alegria é espiritual, porque independe do que acontece ao redor. Mesmo em meio às tribulações, podemos nos alegrar, pois sabemos que Aquele que venceu a morte está ao nosso lado. Os discípulos, ao verem o Senhor ressuscitado, não apenas tiveram suas dúvidas dissipadas, mas também foram revestidos de uma alegria que os acompanharia pelo restante de suas vidas, mesmo diante das perseguições que sofreriam.
III. APARIÇÃO DE JESUS: CONVICÇÃO FORTALECIDA
1. As dúvidas dissipadas.
O episódio da incerteza de Tomé revela a dúvida que surgiu no coração do seguidor de Jesus. Durante algum tempo, Tomé revelou-se cético em relação à ressurreição do Senhor (Jo 20.25). No entanto, quando teve a oportunidade de encontrar Jesus e tocá-lo, todas as suas dúvidas foram prontamente dissipadas. O Cristo ressuscitado eliminou qualquer possibilidade de dúvida nos seus discípulos, reforçando, assim, a fé deles.
O caso de Tomé é emblemático quando falamos sobre fé e dúvida. Sua hesitação diante do testemunho dos outros discípulos não deve ser vista apenas como incredulidade teimosa, mas como um reflexo humano compreensível diante de algo extraordinário: a ressurreição de alguém que havia sido brutalmente crucificado. Tomé não estava presente quando Jesus apareceu pela primeira vez aos demais discípulos, e sua reação foi condicional: ele queria ver com os próprios olhos e tocar com as próprias mãos antes de crer (Jo 20.25). Essa exigência, embora revelasse sua dificuldade em aceitar a ressurreição, também representava o anseio sincero de um coração que desejava uma fé fundamentada em experiências reais.
Quando Jesus aparece novamente, dirigindo-se diretamente a Tomé e convidando-o a tocar em suas feridas, Ele não o repreende severamente, mas oferece a ele uma oportunidade de fé.
A resposta de Tomé — “Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20.28) — é uma das mais belas e completas declarações de fé em todo o Novo Testamento. A dúvida foi substituída por uma certeza absoluta. Jesus, ao se revelar a Tomé, mostra que a fé cristã não está baseada em mitos ou suposições, mas em um evento concreto: a ressurreição. Ao mesmo tempo, Ele acrescenta uma lição fundamental: “Bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20.29), antecipando a realidade de todos os cristãos das gerações futuras, que creriam no testemunho apostólico sem ter visto fisicamente o Cristo ressuscitado.
As dúvidas dos discípulos, inclusive as de Tomé, foram todas dissipadas mediante os encontros com Jesus vivo. Isso não só fortaleceu sua fé, como também os capacitou para a missão que teriam de cumprir. Homens que antes estavam escondidos por medo, agora pregavam publicamente com ousadia. A certeza da ressurreição transformou o temor em coragem, a confusão em convicção. A fé deles passou a ser inabalável porque foi firmada no testemunho direto da vitória de Cristo sobre a morte. Assim, a dúvida deu lugar à fé firme, e a fé se tornou o alicerce da proclamação do evangelho.
2. Fortalecimento da fé.
Anteriormente cético, Tomé agora profere uma linda declaração de fé: “Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20.28). Ao longo da história da Igreja, encontramos indivíduos que, antes agnósticos ou céticos, hoje afirmam com firmeza a sua crença em Jesus Cristo como o Deus revelado nas Escrituras. Ter um encontro com o Ressurreto torna impossível continuar a duvidar como uma forma de rebeldia provocada pela idolatria humana (Rm 1.21-23).
Inicialmente, Tomé exigiu provas visíveis e palpáveis para crer. Ele não estava disposto a aceitar um testemunho apenas verbal dos outros discípulos, mesmo sendo seus companheiros mais próximos. Sua relutância não deve ser confundida com uma negação intencional da verdade, mas sim com a limitação humana diante de um evento sobrenatural. No entanto, ao ser confrontado diretamente por Jesus, que amorosamente responde ao seu pedido específico, Tomé se rende e profere uma das mais profundas confissões de fé encontradas nas Escrituras: “Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20.28).
Esse momento é mais do que uma mudança de opinião; trata-se de uma transformação espiritual. O que antes era ceticismo, agora se torna convicção. O que era dúvida, dá lugar a uma fé pessoal, íntima e inabalável. Essa confissão de Tomé também reconhece, de forma explícita, a divindade de Cristo. Ele não chama Jesus apenas de “Senhor”, título de respeito, mas de “Deus”, assumindo que aquele que venceu a morte é o próprio Deus encarnado, o cumprimento vivo das promessas do Antigo Testamento.
Ao longo da história, inúmeros testemunhos confirmam que o mesmo Cristo que se revelou a Tomé continua transformando céticos em crentes.
Muitos homens e mulheres, outrora incrédulos, ao depararem-se com a verdade da Palavra e a ação do Espírito Santo, reconhecem Jesus como Senhor e Salvador. O apóstolo Paulo descreve essa resistência anterior como uma cegueira espiritual provocada pela idolatria do coração humano (Rm 1.21-23), que recusa reconhecer a glória de Deus e prefere seguir suas próprias imagens e ideias. Mas quando Cristo se revela, essa cegueira é removida, e a fé passa a ser mais do que uma crença intelectual — ela se torna uma entrega pessoal.
Ter um encontro verdadeiro com o Cristo vivo gera uma fé robusta, capaz de enfrentar provações, resistir às pressões do mundo e proclamar a verdade com ousadia. A fé não é mais uma ideia abstrata ou uma tradição herdada, mas uma realidade experimentada no coração. Tomé representa todos os que, tocados pela graça divina, passam a reconhecer Jesus como o centro da existência.
3. Fortalecimento da esperança.
Além de proporcionar alegria e convicção, o Cristo ressuscitado expande a nossa esperança em relação ao futuro. Segundo as Escrituras, a promessa de que um dia os mortos ressuscitarão e receberemos um corpo glorificado baseia-se na ressurreição e glorificação do Senhor Jesus. Esta era uma doutrina essencial para o apóstolo Paulo (At 24.15; 1Co 15.12-14). Assim, Paulo ensinava e defendia esta verdade ao longo do seu ministério (1Ts 4.14). Portanto, a ressurreição e a glorificação de Cristo servem como antecipação da ressurreição dos salvos que partiram e da glorificação dos nossos corpos.
Quando o apóstolo Paulo escreveu aos crentes sobre o retorno de Cristo e a ressurreição dos mortos, ele não estava apresentando uma possibilidade distante ou um consolo simbólico, mas uma certeza baseada em um evento histórico real: o túmulo vazio e o Senhor glorificado. Assim como Jesus ressuscitou em um corpo incorruptível, os que dormem em Cristo também ressuscitarão para uma nova vida, com corpos transformados e glorificados, livres da limitação e da corrupção terrenas (1Co 15.42-44). Essa promessa se torna o consolo supremo dos crentes diante da realidade inevitável da morte.
Em Atos 24.15, Paulo afirma ter esperança em Deus, esperança essa compartilhada pelos próprios judeus, “de que há de haver ressurreição de mortos, tanto dos justos como dos injustos”.
No entanto, enquanto a doutrina judaica esperava a ressurreição como um evento escatológico geral, Paulo declara que ela já começou em Jesus Cristo, as primícias dos que dormem (1Co 15.20). Isso significa que a ressurreição do Senhor não apenas confirma Sua divindade, mas também inaugura uma nova realidade para todos os que creem n’Ele. Agora, a esperança cristã é viva, pois não está baseada em teorias ou tradições, mas em um Cristo vivo que venceu o túmulo.
Essa esperança, portanto, não diz respeito apenas ao futuro escatológico, mas afeta diretamente o presente do cristão. Saber que a morte foi vencida em Cristo muda nossa maneira de enfrentar o sofrimento, a perda e a própria finitude da vida. Não caminhamos mais como os que não têm esperança (1Ts 4.13), mas como aqueles que aguardam confiantemente a vinda do Salvador. A esperança cristã não é vaga ou incerteza otimista, mas é âncora da alma, segura e firme (Hb 6.19), sustentada pela ressurreição de Jesus.
Paulo ensinava essa verdade em todas as igrejas por onde passava. Aos tessalonicenses, ele declarou que “se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele” (1Ts 4.14). Isso revela que o destino dos salvos não é o esquecimento nem a destruição, mas a glória. A glorificação dos corpos dos fiéis será o cumprimento final da salvação que começou com a regeneração e a santificação pelo Espírito Santo. O Cristo glorificado é o modelo e a garantia do que está reservado para nós.
CONCLUSÃO
Durante este trimestre, exploramos ensinamentos valiosos que nos ajudam a entender melhor a divindade de Jesus. O nosso Senhor é eterno; é diferente do Pai, mas igual a Ele; é Deus em sua essência; o Criador de tudo; e, por conseguinte, a fonte de toda salvação e vida espiritual. Este foi um dos propósitos que o evangelista redigiu seu Evangelho: para que possais crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, ao crerdes, tenhais vida em seu nome (Jo 20.31).