Subsidio Lição 04: A Igreja e o Reino de Deus

Subsidio Lição 04: A Igreja e o Reino de Deus | 1° Trimestre de 2024 | EBD – ADULTOS

 

TEXTO ÁUREO

“[…] O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho.” (Mc 1.15)

VERDADE PRÁTICA

Pregar a mensagem do Reino de Deus é uma importante missão da Igreja.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Marcos 1.14-17

INTRODUÇÃO

A Bíblia apresenta Deus como um rei (Sl 47.6; 52.7) que exerce o seu governo e domina sobre tudo o que há (Sl 22.28). Sobre o seu reino, governa soberanamente. Nesta lição, apresentaremos uma compreensão do Reino de Deus a partir de sua natureza e da sua relação com a Igreja. Nesse aspecto, mostraremos o reino divino na sua dimensão universal e soberana, bem como sua realidade presente e futura. A Igreja é vista como parte desse reino e, por isso, Deus a estabeleceu para viver, pregar e manifestar a vida do reino divino.

Deus estabeleceu a Igreja como parte integrante do Seu Reino, conferindo-lhe a missão de viver, pregar e manifestar a vida do Reino divino. A Igreja não é uma entidade separada do Reino, mas uma expressão tangível desse reino na Terra.

Ao explorarmos a natureza universal e soberana do Reino de Deus, percebemos que sua realidade não se limita a um aspecto meramente futuro. O Reino de Deus está presente na história da redenção, manifestando-se de diversas formas. Jesus, ao iniciar seu ministério, proclama em Marcos 1:15: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho”. Isso evidencia a realidade presente do Reino na pessoa de Cristo.

PALAVRA CHAVE: REINO

I – A NATUREZA DO REINO DE DEUS

1- O Reino de Deus é universal.

O salmista diz que “Deus é o Rei de toda a terra” (Sl 47.7) e, da mesma forma, Daniel afirma que Deus domina sobre o reino dos homens (Dn 4.25). Assim, as Escrituras revelam um importante aspecto da natureza do Reino de Deus: a sua universalidade. Deus é o Rei universal e, como tal, tem domínio absoluto sobre sua criação, sobre reinos e governos humanos, bem como ‘ sobre todas as hostes angelicais (Dn 4.35). Isso significa que nada nem ninguém está fora do seu domínio (Dn 2.21).

Essa universalidade não implica apenas em um controle absoluto, mas também destaca a abrangência amorosa do Reino de Deus. Ao ser o Rei de toda a terra, Deus não exclui ninguém de Sua soberania. Ele acolhe a todos em Seu domínio, guiando Sua vontade pela justiça e amor.

Ao compreender a universalidade do Reino de Deus, devemos reconhecer Sua soberania em todas as áreas de nossas vidas. As Escrituras nos inspiram a confiar na liderança divina, sabendo que Deus é o governante supremo sobre todas as circunstâncias. Essa compreensão nos motiva a buscar primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, confiantes de que todas as demais coisas nos serão acrescentadas (Mateus 6:33).

2- A soberania divina e os acontecimentos do mundo.

Observamos que, embora o mundo siga o seu curso, Deus não perdeu nem deixou de exercer domínio sobre ele, tampouco sobre o universo criado. Um Deus que não tivesse o controle de tudo não seria Deus. Isso não significa dizer que Ele seja a causa de tudo o que acontece no mundo. Significa que, embora os homens e, até mesmo o Diabo e seus demônios, tenham liberdade e permissão para agirem neste mundo, contudo, essas ações não se sobrepõem à soberania de Deus. Assim Deus domina sobre todos (Sl 103.19).

Observamos, com base nas Sagradas Escrituras, que, embora o curso do mundo prossiga em sua complexidade, a soberania de Deus permanece intacta, exercendo domínio sobre todos os eventos cósmicos e terrenos.

O salmista, no Salmo 103:19, proclama com reverência: “O Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.” Essa declaração ressoa como um eco da verdade fundamental de que Deus não é um observador passivo em Seu próprio universo. Ele é o Soberano, o Governante Supremo, cujo trono transcende todos os limites celestiais e terrenos.

No entanto, é crucial destacar que a soberania divina não implica que Deus seja a causa direta de todos os eventos no mundo. O livre-arbítrio humano e a presença de forças malignas, como o Diabo e seus demônios, são reconhecidos nas Escrituras como elementos que operam dentro dos limites da permissão divina.

O Livro de Jó é um exemplo vívido dessa dinâmica.

Apesar de Satanás ter recebido permissão para afligir Jó, é Deus quem estabelece os limites e mantém o controle soberano sobre a situação (Jó 1:12). Essa narrativa ressalta que a soberania de Deus não é anulada pela presença do mal, mas, ao contrário, ela se manifesta mesmo nas situações mais desafiadoras.

A soberania divina, portanto, não significa que Deus esteja alheio às dores e tribulações do mundo. Pelo contrário, implica que, em meio às incertezas e aflições, Deus continua sendo o Soberano que trabalha todas as coisas para o bem daqueles que O amam (Romanos 8:28). O entendimento da soberania divina nos chama a confiar que, mesmo quando as circunstâncias parecem fora de controle, Deus está tecendo Seus propósitos soberanos.

O desafio para os crentes é manter uma fé firme na soberania de Deus, mesmo em meio às adversidades.

3- O Reino de Deus, a nação de Israel e a Igreja.

O Antigo Testamento revela que Deus escolheu um povo, Israel, para reinar sobre ele e através dele em um governo soberano e teocrático. Quando Israel estava organizado em um regime tribal, Deus reinava sobre ele (Nm 23.21), de forma soberana, exercendo o seu governo teocrático sobre seu antigo povo (Is 43-15)- Israel, por isso, era um reino sacerdotal (Êx 19-5,6). Dessa forma, quando escolheu Israel, Deus tinha 0 propósito de abençoar essa nação e, por meio dela, todos os povos (Gn 12.1-3; Is 45.21,22). Esse propósito se concretizou na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Davi, que por intermédio de sua morte e ressurreição estabeleceu a Igreja (Ef 2.14; Gl 3-14; 4-28; 1 Pe 2.9).

O Antigo Testamento, revela a escolha singular de Deus por Israel. Este povo, ao ser organizado em um regime tribal, experimentou o governo teocrático e soberano do Altíssimo (Números 23:21). Israel não era apenas uma nação; era um reino sacerdotal, conforme afirmado em Êxodo 19:5-6, onde Deus declara: “Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha; e vós sereis para mim reino de sacerdotes e nação santa.” O propósito divino ao escolher Israel era claro: abençoar essa nação para ser uma bênção para todas as outras (Gênesis 12:1-3; Isaías 45:21-22).

No entanto, o cumprimento pleno desse propósito divino se revela na pessoa de Jesus Cristo.

Ele é o Filho de Davi, a encarnação da promessa messiânica, que por meio de Sua morte e ressurreição estabelece a Igreja. Efésios 2:14 destaca essa transição, afirmando que Jesus é a nossa paz, que derrubou a parede de separação entre judeus e gentios, inaugurando assim a era da Igreja.

O apóstolo Paulo, em Gálatas 3:14, amplia essa compreensão ao afirmar que a bênção de Abraão alcançou os gentios em Cristo Jesus. A Igreja é agora o cumprimento da promessa, um povo escolhido e sacerdotal, conforme reforçado em 1 Pedro 2:9: “Vós, porém, sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”

O desdobramento profético do Reino de Deus, da nação de Israel à Igreja, revela a continuidade do plano divino ao longo da história. Israel foi uma peça fundamental desse propósito, mas o clímax aconteceu em Jesus Cristo, que transcende barreiras e une todas as nações na Igreja.

A Igreja, agora, é chamada a proclamar as virtudes do Deus que a chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, cumprindo assim a missão estabelecida desde o Antigo Testamento.

II – A IGREJA E AS DIMENSÕES DO REINO DE DEUS

1- O Reino de Deus como realidade presente.

Nos Evangelhos, vemos Jesus chamando a atenção para a dimensão presente do Reino de Deus. Por exemplo, Mateus registra Jesus libertando e curando um endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22). Esse fato extraordinário provocou o ciúme e a ira dos fariseus que o acusaram de fazer isso pelo poder de Belzebu (Mt 12.24). A resposta de Jesus foi reveladora: “Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus” (Mt 12.28). Nessas palavras do Senhor, vemos um aspecto importantíssimo na compreensão da identidade do Reino de Deus: a sua realidade presente. Em outras palavras, com advento de Jesus, o Reino de Deus já estava presente entre os homens. Nosso Senhor disse que o Reino de Deus havia chegado (Mt 3.2). Logo, esse reino não é algo subjetivo, mas concreto, real.

O evangelista Mateus, em seu relato (Mateus 12:22), registra um episódio marcante que ilustra a manifestação tangível do Reino de Deus. Jesus, ao libertar e curar um endemoninhado cego e mudo, não apenas realiza um milagre, mas revela a entrada efetiva do Reino entre os homens. Esse acontecimento extraordinário, entretanto, suscita a oposição ferrenha dos fariseus, que, em sua cegueira espiritual, acusam Jesus de agir pelo poder de Belzebu.

A resposta de Jesus, registrada em Mateus 12:28, é reveladora e esclarecedora: “Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus.” Aqui, Jesus não apenas refuta as acusações, mas proclama a presença imediata do Reino de Deus por meio de Suas ações.

Essa resposta vai além de uma simples defesa pessoal; ela revela a essência do Reino como uma realidade presente e operante.

A identidade do Reino de Deus, segundo as palavras do Senhor, transcende a subjetividade. Ele não é apenas uma ideia abstrata, mas uma força concreta que se manifesta na libertação dos cativos, na cura dos enfermos e na restauração dos oprimidos. Jesus, ao proclamar que o Reino de Deus havia chegado, desafia as concepções limitadas e inaugura uma era de transformação imediata.

O anúncio inicial de Jesus, registrado em Mateus 3:2, reforça essa perspectiva ao declarar: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.”

A chegada de Jesus marca o advento triunfal do Reino, não como uma promessa vaga, mas como uma realidade concreta e iminente.

A presente realidade do Reino de Deus não é subjetiva, mas um fato tangível. A ação transformadora de Jesus, ao expulsar demônios pelo Espírito de Deus, é uma expressão visível do governo divino na vida das pessoas.

O Reino de Deus, com Jesus como Seu representante, estava presente, tocando e transformando vidas.

2- Onde está o Reino de Deus?

O Reino de Deus como realidade presente não está relacionado ao espaço geográfico, mas com a presença de Jesus, pois onde a presença dEle está, o Reino de Deus se manifesta (Lc 17.20,21). Em outras palavras, toda vez que pessoas são salvas (At 8.12), curadas e libertadas do poder do Diabo (At 8.6,7), o Reino de Deus está presente (Rm 14.17; 1 Co 4.20). Ora, o Reino de Deus estava presente no ministério de Jesus, pois Ele mesmo era a manifestação do reino, estava presente no ministério apostólico na Igreja Primitiva e, finalmente, está presente por intermédio da Igreja de Cristo da presente era.

Lucas 17:20-21 oferece uma perspectiva esclarecedora ao abordar a natureza do Reino de Deus. Jesus, respondendo aos fariseus que indagavam sobre o tempo da chegada do Reino, declara: “O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque o Reino de Deus está entre vós.” Essa afirmação desafia as concepções tradicionais de um Reino associado a fronteiras geográficas específicas.

Em vez disso, Jesus enfatiza que a manifestação do Reino está intrinsecamente relacionada à Sua presença transformadora.

Essa ideia é reforçada pela compreensão de que o Reino de Deus não está vinculado a locais específicos, mas à presença de Jesus. Atos 8:12 destaca que sempre que pessoas são salvas, o Reino de Deus está presente. A obra redentora de Jesus não apenas inaugura o Reino, mas também estabelece um padrão contínuo de manifestação do Reino em cada coração transformado.

A relação direta entre a presença de Jesus e a manifestação do Reino é enfatizada em Atos 8:6-7, onde a proclamação do evangelho em Samaria resulta em curas e libertações: “E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, ouvindo-o e vendo os sinais que fazia. Pois os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e aleijados eram curados.” Aqui, o Reino de Deus se manifesta de maneira tangível através da pregação e poder transformador de Jesus, mesmo após Sua ascensão.

Romanos 14:17 destaca que o Reino não é uma questão de comida ou bebida, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. 1 Coríntios 4:20 reforça essa ideia ao afirmar que o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder.

Essas passagens ressaltam que a realidade do Reino não é apenas teórica, mas é experimentada e vivida na vida cotidiana dos crentes.

3- O Reino de Deus como realidade futura.

Assim como o Reino de Deus possui uma dimensão presente, ele também possui uma dimensão futura. Esse é o aspecto escatológico do Reino de Deus. Escrevendo aos coríntios, o apóstolo Paulo destaca os tipos de pessoas que ficariam de fora desse reino vindouro (1 Co 6.9,10). Embora o Reino de Deus seja uma realidade presente hoje e mesmo sendo possível já experimentá-la agora (Hb 6.5), contudo, ele se manifestará na sua plenitude na era vindoura (Mt 13.49). O Milênio, o reinado de mil anos sobre a Terra, faz parte dessa dimensão futura do Reino de Deus (Ap 20.1-5).

A doutrina do Reino de Deus, conforme apresentada nas Escrituras, transcende a esfera temporal presente, abrindo espaço para uma dimensão futura – o aspecto escatológico do Reino.

Ao abordar a dimensão futura do Reino de Deus, Paulo, em sua carta aos coríntios (1 Coríntios 6:9-10), delineia características que excluem certas pessoas desse reino vindouro. Essa visão escatológica do apóstolo destaca que a plenitude do Reino está reservada para aqueles que, pela fé em Cristo, participam da redenção e transformação divinas. Essa perspectiva não nega a atualidade do Reino, mas aponta para uma consumação gloriosa no futuro.

Hebreus 6:5 também ressalta a possibilidade de experimentar o Reino de Deus no presente. Contudo, a ênfase recai sobre a manifestação plena que está reservada para a era vindoura.

A presente realidade do Reino é um vislumbre do que está por vir, uma antecipação do cumprimento completo da promessa divina.

Jesus, em Sua sabedoria, utilizou parábolas para ilustrar o caráter progressivo e futuro do Reino de Deus. Em Mateus 13:49, Ele compara o Reino a uma rede que recolhe peixes de toda espécie. Esta imagem sugere a abrangência e diversidade daqueles que serão reunidos no Reino de Deus, apontando para uma consumação futura, onde a totalidade se revelará.

A dimensão futura do Reino também é evidenciada nas Escrituras por meio do conceito do Milênio, conforme apresentado em Apocalipse 20:1-5. O reinado de mil anos sobre a Terra é uma expressão específica dessa dimensão futura do Reino, onde Cristo reinará com justiça e soberania. Este período, embora contenha aspectos ainda por se desdobrarem, representa a realização plena das promessas de Deus para o Seu Reino.

III – A IGREJA NO CONTEXTO DO REINO DE DEUS

1- A distinção entre Igreja e Reino de Deus.

Deve ser destacado que a Igreja faz parte do Reino de Deus. Contudo, ela não é o Reino de Deus em toda a sua expressão. O Reino de Deus é mais amplo e envolve todo o povo de Deus na Antiga bem como na Nova Aliança. A Igreja, mesmo inserida no contexto do reino, não existia no Antigo Testamento, todavia, o Reino de Deus já existia no Antigo Pacto. Assim como debaixo do Antigo Pacto, em que Israel era a comunidade do reino (Êx 19.5,6), a Igreja é a comunidade do reino no Novo Pacto (1 Pe 2.9).

Embora a Igreja seja inseparável do Reino, ela não é o Reino em sua plenitude. Essa distinção é especialmente evidente ao considerar a história do Antigo Testamento.

A comparação com o Antigo Testamento, onde Israel era a comunidade do reino sob o Antigo Pacto (Êxodo 19:5,6), destaca essa distinção.

Israel era o povo escolhido por Deus, representando a comunidade do reino naquela era específica.

No entanto, a vinda do Novo Pacto trouxe consigo uma transformação significativa. 1 Pedro 2:9 proclama que, sob o Novo Pacto, a Igreja é agora a comunidade do reino: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” Aqui, a Igreja é identificada como o novo povo de Deus, representando a continuidade da comunidade do reino, agora sob o Novo Pacto.

Ao analisar essa distinção, é fundamental reconhecer que o Reino de Deus transcende as fronteiras temporais e alianças específicas. O Reino é amplo, envolvendo todo o povo de Deus desde o Antigo Testamento até a era da Igreja. A Igreja, portanto, representa a continuidade e a expansão do propósito divino de estabelecer um povo santo, eleito e adquirido para proclamar as virtudes de Deus.

2- A Igreja expressa o Reino de Deus.

A Igreja foi idealizada e projetada por Deus para ser a expressão de seu reino na plenitude dos tempos (Gl 4.4 cf. Ef 1.10). Ela não é um improviso de Deus nem um remendo que Ele fez na história da salvação. Ela foi projetada e planejada, é a eleita de Deus (Ef 1.4-6; 1 Pe 1.2). Isso significa que debaixo do Novo Pacto, Deus deu à Igreja a missão de fazer conhecido o seu plano e projeto de salvação para a humanidade. É por intermédio dela que as insondáveis riquezas de Cristo se tornaram conhecidas dos principados e potestades (Ef 3.10). Por meio da Igreja que Reino de Deus será conhecido na Terra.

A Igreja não é um mero acaso na história da salvação; ela é a manifestação cuidadosamente planejada da sabedoria divina. Gálatas 4:4 ressalta que, no tempo determinado por Deus, a Igreja foi introduzida na história humana. Essa introdução não foi uma improvisação, mas um ato divinamente planejado para cumprir um propósito específico na revelação das insondáveis riquezas de Cristo.

Efésios 1:10 nos oferece uma visão mais ampla desse plano divino ao afirmar que, na plenitude dos tempos, Deus almejou reunir todas as coisas em Cristo, tanto as que estão nos céus quanto as que estão na terra. Nesse contexto cósmico, a Igreja tem a designação de ser a expressão visível desse desígnio eterno, revelando as riquezas do Reino de Deus.

A eleição da Igreja, conforme destacada em Efésios 1:4-6 e 1 Pedro 1:2, enfatiza que a Igreja é um povo escolhido por Deus.

Essa eleição não é baseada em méritos humanos, mas reflete a graça divina. A Igreja, como povo eleito, tem a responsabilidade de viver de acordo com os padrões do Reino de Deus, tornando-se uma testemunha viva da soberania e do amor de Deus.

Sob o Novo Pacto, a Igreja tem a missão singular de tornar conhecido o plano de salvação de Deus para a humanidade. Efésios 3:10 destaca que, por meio dela, as insondáveis riquezas de Cristo são proclamadas aos principados e potestades nos lugares celestiais. A Igreja, portanto, não é apenas uma comunidade local; ela é uma agência celestial, revelando a sabedoria de Deus aos seres espirituais.

A Igreja é a chave para que o Reino de Deus seja conhecido na Terra. Sua presença, missão e testemunho revelam as riquezas do Reino aos olhos humanos. A obra redentora de Cristo reflete-se na vida da Igreja, que, ao cumprir seu papel designado, ilumina o caminho para o Reino de Deus.

3- A Igreja e a mensagem do Reino de Deus.

Pregar o Reino de Deus é a importante missão da Igreja (At 19.8). Falando aos presbíteros de Éfeso, Paulo recordou que pregou a eles o Reino de Deus (At 20.25). Quando já prisioneiro em Roma, vemos Paulo “pregando o Reino de Deus” (At 28.31). Os novos na fé eram conscientizados da realidade do Reino de Deus (At 14.22). O Reino de Deus é a mensagem de esperança feita àqueles que o amam (Tg 2.5). Portanto, pregar a mensagem do reino é a missão da Igreja.

Essa missão só é executada quando a igreja local possui uma visão de reino. Isso significa que a igreja sabe o que o Reino de Deus é e que importância ele tem. Quando esse entendimento não é claro, então, a igreja local acaba saindo da sua rota e envereda por outros caminhos que a distanciam da sua missão, que é pregar a mensagem do Reino de Deus. A esse respeito, Jesus foi bem claro em dizer que o seu “Reino não é deste mundo” (Jo 18.36).

Atos 19:8 nos lembra que pregar o Reino de Deus é a missão primordial da Igreja. Essa missão não é uma opção, mas um imperativo divino que ecoa através das Escrituras. Paulo, ao falar aos presbíteros de Éfeso em Atos 20:25, recorda com ênfase que sua pregação estava centrada no Reino de Deus. Mesmo em circunstâncias adversas, como quando estava prisioneiro em Roma, Paulo persistia em pregar incansavelmente o Reino de Deus (Atos 28:31).

A consciência da realidade do Reino de Deus era transmitida aos novos convertidos, conforme vemos em Atos 14:22.

Isso destaca a importância de educar os crentes sobre a natureza e significado do Reino desde o início de sua jornada na fé. A compreensão do Reino não é apenas teórica, mas uma âncora que sustenta a esperança daqueles que amam o Senhor (Tiago 2:5).

A missão da Igreja, no entanto, não é cumprida automaticamente. Requer uma visão clara e inabalável do Reino de Deus. Sem essa visão, há o perigo de desviar-se da missão divinamente ordenada. Jesus, em João 18:36, deixa claro que o Reino que Ele proclama não é deste mundo. Portanto, a Igreja, ao pregar o Reino de Deus, deve manter uma visão celestial, alinhada com os princípios e valores divinos.

A visão de Reino não é apenas uma compreensão intelectual, mas uma convicção que molda a identidade e a missão da igreja local. Quando essa visão está ausente ou obscurecida, a igreja pode inadvertidamente se desviar de sua rota, envolvendo-se em atividades que não contribuem para a missão central de proclamar o Reino de Deus.

Portanto, a clareza na visão de Reino é um fator determinante para o sucesso da missão da Igreja. Isso implica não apenas compreender teologicamente o Reino, mas também viver de acordo com seus princípios, refletindo a realidade do Reino na prática diária da comunidade de fé.

CONCLUSÃO

Nesta lição aprendemos um pouco mais sobre o Reino de Deus. Como disse alguém, a Igreja não é idêntica ao Reino de Deus, pois este é maior do que ela; todavia, a Igreja é o instrumento presente do reino e herdará o reino (2 Pe 1.11). Assim, o Reino de Deus, em sua plenitude, ou na sua manifestação final, incluirá todos os crentes que professaram e professarão sua fé em Cristo, o Filho de Deus.