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Circuncisão em Gilgal: Renovando alianças, superando desafios

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Texto base: Josué 5: 1-9

A circuncisão em Gilgal ocorreu no contexto da conquista da Terra Prometida pelos filhos de Israel, conforme registrado no Livro de Josué. Ela teve um significado espiritual profundo, fortalecendo sua identidade como povo escolhido e marcando o início da conquista da Terra Prometida.

O medo dos inimigos (Josué 5: 1)

Josué 5:1 relata que os reis amorreus, localizados a oeste do Jordão, ficaram com medo quando souberam que o Senhor havia secado as águas do Jordão para os filhos de Israel atravessarem. Essa demonstração do poder divino causou temor e desânimo nos reis amorreus, assim como nos reis cananeus ao longo da costa do mar.

Esse temor dos reis amorreus serve como um lembrete de que, diante da grandeza e do poder de Deus, todas as forças e poderes humanos são insignificantes. Ele também nos ensina a importância de confiar e reverenciar a Deus em todas as situações, pois Ele é capaz de superar qualquer obstáculo e garantir a vitória para Seu povo.

Mas afinal, esse não era o melhor momento para iniciar uma ofensiva contra os inimigos?

De fato, do ponto de vista humano, o medo dos reis amorreus diante do poder de Deus demonstrado no cruzamento do Jordão indicava que aquele era o momento ideal para a batalha.

Porém, em vez de dar a ordem para o início da batalha, Josué cumpriu as determinações de Deus, conforme veremos a seguir.

A Circuncisão dos filhos de Israel (Josué 5:1-7)

A circuncisão era uma marca da aliança entre Deus e o povo de Israel, estabelecida com Abraão e reafirmada com Moisés. Ao ordenar a circuncisão, Deus estava reafirmando Sua aliança com os israelitas, renovando seu compromisso de ser o Deus deles e de cumprir Suas promessas.

Durante os 40 anos no deserto, a geração do Êxodo não havia sido circuncidada. Isso aconteceu porque seus pais não cumpriram a ordenança da circuncisão no deserto, devido à desobediência e incredulidade. Agora, em Gilgal, Deus instruiu Josué a fazer facas de pedra e circuncidar novamente os filhos de Israel, como uma renovação da aliança e para marcar a entrada na Terra Prometida. Não era apenas um ato físico; havia ali um significado espiritual profundo. A circuncisão representava a remoção do “prepúcio” do coração, simbolizando a necessidade de purificação e consagração ao Senhor. Era também uma exortação para que os israelitas se afastassem do pecado e se voltassem para Deus de todo o coração.

Façam facas de pedra (Josué 5:2)

O uso de facas de pedra na circuncisão mencionada em Josué 5:2 pode ter sido devido à disponibilidade dos materiais naquele contexto histórico. Na época em que essa circuncisão foi realizada, os israelitas estavam em uma jornada pelo deserto, sem acesso fácil a metais ou ferramentas de fabricação sofisticadas.

Assim, a utilização de facas de pedra pode ter sido uma solução prática para realizar a circuncisão. As pedras poderiam ser moldadas e afiadas para formar uma lâmina cortante, permitindo que o procedimento fosse realizado.

Além disso, o uso de facas de pedra pode ter tido um significado simbólico. A pedra, na cultura hebraica, tinha uma forte conotação espiritual e histórica. Por exemplo, as tábuas da Lei foram esculpidas em pedra por Deus para Moisés. O próprio Deus é descrito como uma “rocha” ou “pedra” em várias passagens bíblicas. O uso de facas de pedra na circuncisão poderia estar associado a esses simbolismos e à conexão com a aliança e a presença de Deus.

Permanência no arraial (Josué 5:8)

Após a circuncisão, os homens de guerra permaneceram no arraial, ou seja, no acampamento, em Gilgal. Eles não foram imediatamente para a batalha, pois precisavam de tempo para recuperar-se da cirurgia. A circuncisão é um procedimento cirúrgico e, como tal, requer um período de recuperação. Portanto, eles aguardaram até estarem curados e em condições adequadas para prosseguir.

Portanto, agora compreendemos que o medo dos reis amorreus foi estratégico, pois os israelitas ainda estavam se recuperando da circuncisão, e suas forças não estavam plenamente preparadas para a batalha. Além disso, havia a necessidade de estabelecer uma base segura e fortalecer seu domínio na terra antes de se engajarem em um conflito direto com os inimigos.

Em Sua sabedoria, Deus permitiu que o medo dos reis amorreus se espalhasse, adiando a batalha imediata. Isso deu aos israelitas tempo para se recuperarem, fortalecerem-se e se prepararem melhor para as futuras batalhas.

Assim, o medo dos reis amorreus desempenhou um papel importante na estratégia divina para a conquista gradual da Terra Prometida pelos israelitas, permitindo-lhes um tempo de preparação adequado antes de se envolverem em batalhas significativas.

Hoje, tirei de sobre vós o opróbrio do Egito (Josué 5:9)

Após cumprir Sua vontade por intermédio de Josué, Deus envia uma mensagem ao seu povo:

“Hoje, tirei de sobre vós o opróbrio do Egito; por isso, se chamou o nome daquele lugar Gilgal, até ao dia de hoje.”

Deus estava falando com Josué para comunicar uma mensagem de libertação espiritual. Ele declarou que tinha tirado o “opróbrio do Egito” do povo de Israel.

O opróbrio se referia à vergonha, humilhação e sofrimento que os israelitas experimentaram como escravos no Egito. Deus afirmou que Ele havia libertado Seu povo dessa situação e restaurado sua dignidade e identidade.

Portanto, o nome “Gilgal” foi dado ao lugar onde a circuncisão ocorreu como um lembrete constante dessa libertação e restauração. O nome Gilgal significa “rolar” em hebraico, possivelmente aludindo à remoção do opróbrio do Egito e à entrada em uma nova fase da história de Israel.

Conclusão

Podemos extrair várias lições importantes da circuncisão em Gilgal e aplicá-las aos dias de hoje. Alguns desses ensinamentos incluem:

  1. Obediência à vontade de Deus: Devemos buscar obedecer prontamente à vontade de Deus em nossas vidas, seguindo Seus mandamentos e princípios, mesmo quando isso parece difícil ou contrário à cultura ao nosso redor.
  2. Renovação e consagração: Assim como a circuncisão renovou a aliança de Deus com o povo de Israel, devemos buscar regularmente renovar nossa aliança com Deus, arrepender-nos sinceramente dos nossos pecados e consagrar nossas vidas a Ele.
  3. Confiança em Deus em meio aos desafios: Assim como Josué e o povo confiaram em Deus e obedeceram em meio às dificuldades, também devemos confiar em Deus em meio aos desafios e temores que enfrentamos, sabendo que Ele está no controle e nos capacitará a superar todas as dificuldades.
  4. Identidade e separação: Assim como a circuncisão era um sinal da identidade do povo de Israel como o povo da aliança de Deus, nossa identidade como cristãos está em Cristo. Devemos nos separar do mundo e de suas práticas pecaminosas, vivendo de acordo com os princípios de Deus e refletindo Sua imagem aos outros.
  5. Renovação do passado e avanço para o futuro: Assim como os israelitas deixaram para trás o passado de escravidão no Egito e avançaram em direção à promessa de Deus, em Cristo somos libertos do pecado e temos uma nova identidade. Devemos deixar para trás nosso passado de pecado e nos esforçar para avançar na jornada espiritual que Deus tem para nós.

A circuncisão em Gilgal reafirmou a aliança com Deus, fortaleceu a identidade do povo de Israel e preparou-os para a conquista da Terra Prometida. Essa história nos ensina importantes princípios espirituais que podemos aplicar em nossas próprias vidas hoje.

Um comentário

  1. fabio da silva de oliveira

    palavra edificante
    autor usou de sabedoria para o texto, verdadeiramente foi inspirado

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