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Subsidio Lição 13: Davi: um homem segundo o coração de Deus

Lição 13: Davi: um homem segundo o coração de Deus

Subsidio Lição 13: Davi: um homem segundo o coração de Deus | EBD JOVENS | Comentarista: Pastor Marcos Tedesco

TEXTO PRINCIPAL

[…] Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade.(At 13.22).

RESUMO DA LIÇÃO

Ao conhecermos a vida de Davi podemos entender o que fez dele um personagem tão destacado: a presença de Deus em sua vida.

TEXTO BÍBLICO

1 Samuel 13.13,14; Atos 13.22

INTRODUÇÃO

Vamos refletir um pouco mais acerca dos tropeços de Davi ao longo do caminho. Mesmo diante de momentos de grande frustração, com o coração contrito, arrependeu-se, buscou perdão e continuou a sua caminhada glorificando ao Senhor.

Davi destacou-se por suas virtudes, o profundo desejo e a prática de estar no centro da vontade do Senhor. Sigamos seu exemplo.

 

I. A HISTÓRIA INSPIRADORA DE UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

1. Começou bem.

A história de Davi é impressionante. Começou bem, teve alguns tropeços, mas diante dos seus princípios e o seu relacionamento com Deus, continuou sendo um exemplo admirável de dedicação e comprometimento com o Senhor (1Rs 15.5).

Começou sua jornada como um pastor das ovelhas de seu pai (1Sm 17.14) com muitas qualidades: era corajoso, cheio de ânimo, humilde, íntegro, e o Senhor era com ele. Com essas características chegou diante do gigante e, contrariando o senso comum e usado por Deus, venceu Golias. Tal postura manteve em toda a sua vida como soldado a serviço de Saul preparando-se para um dia subir ao trono de Israel.

Como rei: restaurou as leis negligenciadas iniciando um tempo de edificação espiritual (1Cr 15); unificou as tribos de Israel (2Sm 5); conquistou nações inimigas fortalecendo o exército hebreu. Sem dúvidas, tempos de prosperidade no reino. Um rei que está na galeria dos maiores estadistas de nossa história, um servo do Deus Altíssimo.

A história Davi não foi escolhido por sua aparência, posição social ou força física, mas por sua intimidade com Deus, sua obediência e seu caráter.

A Palavra de Deus afirma com clareza que ele foi um homem segundo o coração do Senhor (1Sm 13.14), e esse título não foi atribuído de forma leviana, mas como reconhecimento de sua devoção e fidelidade.

Sua primeira grande aparição pública foi no campo de batalha contra Golias. Enquanto muitos olhavam para as limitações humanas, Davi olhava para Deus. Sua coragem não vinha da autoconfiança, mas da certeza de que o Deus de Israel estava ao seu lado. Ao enfrentar o gigante, Davi demonstrou não apenas bravura, mas uma fé inabalável, fruto de uma vida de comunhão constante com o Senhor. Essa mesma fé e dependência de Deus o acompanharam enquanto servia no exército de Saul, sempre mantendo-se fiel, mesmo diante das perseguições, das injustiças e dos desafios que surgiam no caminho.

Ao assumir o trono de Israel, Davi manteve seu compromisso com Deus. Não buscou apenas estabilidade política ou vitórias militares, mas promoveu um verdadeiro avivamento espiritual no meio do povo. A arca da aliança, que simbolizava a presença de Deus, foi trazida de volta com grande celebração (1Cr 15), demonstrando que, para Davi, a presença do Senhor era prioridade máxima.

Além disso, ele teve um papel fundamental na unificação das tribos de Israel, consolidando a nação tanto espiritualmente quanto politicamente (2Sm 5). Seu governo foi marcado por vitórias estratégicas, expansão territorial e fortalecimento do exército, proporcionando ao povo um período de prosperidade e segurança.

Além de rei e líder militar, Davi foi um servo de Deus. Seu zelo se refletia nas decisões, nas reformas espirituais e na forma de liderar, sempre buscando a vontade do Senhor. Mesmo com falhas, seu arrependimento sincero o manteve fiel. Isso fica evidente em 1 Reis 15.5, que destaca seu compromisso de fazer o que era reto perante Deus, exceto no caso de Urias, o heteu.

2. Tropeços na longa caminhada.

Davi é um dos nomes mais citados da Bíblia, não faltam histórias inspiradoras fazendo referência ao filho de Jessé e profundos salmos escritos pelo belemita. Porém, as Sagradas Escrituras também nos revelam os tropeços ao longo da caminhada do homem segundo o coração de Deus. Sempre um convite à reflexão.

Já conhecemos o temperamento forte de Davi no episódio que envolveu Nabal. Por pouco as mãos do futuro rei não foram envolvidas com o sangue inocente. Ao ouvir as considerações de Abigail, recuou e percebeu o livramento que recebera (1Sm 25).

Também estudamos um dos episódios mais tristes da vida do rei, o adultério com Bate-Seba e a trama para o assassinato de Urias. Da visita ao terraço, passando pelo adultério e o assassinato, as muitas mentiras para encobrir o pecado, o confronto com Natã e o real arrependimento, duras lições foram aprendidas (2Sm 11,12).

Não esqueçamos de mencionar as suas conturbadas e trágicas histórias familiares, exemplos claros de como não proceder em um casamento ou na relação com os filhos.

Finalmente há um tropeço notável ainda não mencionado em nosso estudo: a soberba de Davi ao fazer o censo com a finalidade de saber qual o real tamanho do seu poderio militar, uma astuta armadilha de Satanás (1Cr 21). Mesmo com os alertas de que não deveria fazer tal ato, insistiu demonstrando uma exaltação de si diante de todo o reino e nações vizinhas. O problema não era o censo, mas sim o que o motivou.

A vida de Davi, apesar de ser marcada por grandes feitos e uma comunhão profunda com Deus, também nos apresenta tropeços que servem como lições valiosas para todos que desejam viver segundo os princípios do Senhor.

As Escrituras, em sua honestidade e fidelidade, não escondem as fragilidades humanas, nem mesmo daqueles que foram grandemente usados por Deus, como é o caso do filho de Jessé. Isso demonstra que o propósito bíblico não é exaltar homens, mas mostrar como Deus trabalha na vida de pessoas imperfeitas que se arrependem e se rendem à sua vontade.

Davi, embora tivesse um coração sensível à voz de Deus, também demonstrou momentos em que suas emoções e desejos carnais quase o levaram a cometer erros gravíssimos. O episódio com Nabal ilustra bem isso. Movido pela indignação e pelo senso de justiça própria, Davi se preparava para fazer justiça com as próprias mãos, o que teria resultado em um banho de sangue desnecessário. Contudo, Deus, em sua misericórdia, usou Abigail para acalmar seu espírito e evitar aquele desastre (1Sm 25). Isso já mostra que, embora fosse um homem segundo o coração de Deus, Davi precisava, constantemente, ser lembrado de que a justiça pertence ao Senhor e não aos homens.

Entretanto, um dos momentos mais sombrios de sua trajetória foi, sem dúvidas, o adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias (2Sm 11-12).

Aqui vemos como o pecado, quando não vigiado, segue uma progressão destrutiva. O olhar aparentemente inocente no terraço se transformou em cobiça, que resultou em adultério, mentira e, por fim, assassinato. Davi tentou, por meios humanos, esconder seu erro, mas nada escapa dos olhos de Deus. O confronto feito pelo profeta Natã foi direto e sem rodeios, levando Davi ao profundo arrependimento. Esse episódio é uma das maiores provas de que não existem pecados pequenos ou isolados; todo pecado gera consequências, tanto espirituais quanto familiares e sociais.

Sua vida familiar também reflete os efeitos desses tropeços. Davi, embora fosse um líder exemplar para o povo, falhou em sua missão como pai e esposo. As intrigas, rivalidades e tragédias dentro de sua própria casa são exemplos claros de que a negligência no cuidado da família pode gerar feridas profundas e consequências devastadoras. A história de Amnom, Tamar e Absalão demonstra, de forma contundente, como a falta de correção, diálogo e posicionamento dentro do lar pode levar a tragédias irreparáveis.

O episódio do censo (1Cr 21) revela outro tropeço de Davi: a soberba espiritual. Ao ordenar o recenseamento, ele não buscava um dado administrativo, mas confiava nos números, não em Deus. Influenciado por Satanás, Davi tirou os olhos do Senhor e confiou na própria força. As consequências foram severas, trazendo juízo sobre Israel e mostrando que a exaltação do eu sempre gera destruição.

3. Legado.

Os feitos e o legado de Davi transcendem as páginas da Bíblia e nos alcançam na contemporaneidade. O seu exemplo de fidelidade, liderança, serviço e integridade nos inspiram e nos convidam a viver de forma mais comprometida com a direção divina. Adorador fervoroso e salmista divinamente inspirado, duas posturas que nos sinalizam o nítido exemplo de um homem que tinha no Senhor sua fonte de força, alegria, esperança, fé e amor!

O legado de Davi ultrapassa os limites de sua geração , seu exemplo de fidelidade, liderança, serviço e integridade não ficou restrito ao contexto de Israel, mas se tornou referência para o povo de Deus em todas as eras. Mesmo diante de tropeços e falhas, Davi nunca abandonou sua aliança com o Senhor. Sua vida demonstra que não é a perfeição que Deus busca nos homens, mas um coração quebrantado, sensível à sua voz e disposto a se alinhar com sua vontade.

Davi se destacou como adorador fervoroso, que valorizava profundamente a presença de Deus. Seus salmos, cheios de devoção, arrependimento e gratidão, continuam edificando vidas. Para ele, Deus não era apenas socorro na crise, mas o centro de tudo. Sua espiritualidade ia além do templo, estando presente no campo com as ovelhas, nas batalhas, no palácio e até nos momentos de dor e restauração.

Além de adorador, Davi foi um líder que buscou a direção divina para suas decisões.

Unificou as tribos de Israel, fortaleceu a nação, estabeleceu justiça e promoveu reformas espirituais que trouxeram o povo de volta ao verdadeiro culto ao Senhor. Seu zelo pela arca da aliança e seu desejo de construir um templo para Deus demonstram um coração apaixonado pela glória do Senhor e pela centralidade da adoração na vida do povo.

O exemplo de Davi nos ensina que viver para Deus exige não apenas momentos de entrega, mas uma vida inteira de compromisso. Sua dependência de Deus foi a fonte de sua força, alegria, esperança, fé e amor. Mesmo quando caiu, não permaneceu prostrado, mas buscou restauração na presença do Altíssimo. Seu legado não é de um homem perfeito, mas de alguém que, mesmo imperfeito, nunca desistiu de buscar a Deus, reconhecendo sua total dependência do Senhor.

II. O QUE É SER UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

1. Segundo o coração de Deus.

A vida de Davi nos ensina muito acerca de como deve ser o nosso relacionamento com o Senhor. Ele era um homem comprometido com Deus e buscava incessantemente cumprir os desígnios divinos para a sua vida. Podemos destacar algumas características esperadas de um homem segundo o coração de Deus (At 13.22); obedecia a vontade de Deus; dependia do poder do Espírito e da graça divina; estava plenamente satisfeito e grato ao Senhor; confiava e descansava na soberania divina; se permitia ser corrigido por Deus buscando sempre a correção das suas falhas; tinha o coração sincero e contrito arrependendo-se profundamente de seus pecados, buscando o perdão e a restauração nas mãos do Senhor.

Ser um homem segundo o coração de Deus não é ser perfeito, mas viver em comunhão com o Senhor, buscando agradá-Lo e, quando erra, se arrepender sinceramente. A vida de Davi ilustra bem isso. Ele buscava cumprir a vontade de Deus, não por interesse, mas por compromisso real, alinhando sua vida aos propósitos divinos.

Davi demonstrava total dependência de Deus. Em cada batalha, em cada decisão, seja no campo, no palácio ou nos momentos de fuga, ele não confiava em sua própria força, nem nas estratégias humanas, mas na direção e no poder do Espírito e na graça de Deus.

Isso fica evidente em episódios como o enfrentamento com Golias, onde sua confiança não estava nas armas, mas na certeza de que Deus lutava por ele. Essa dependência não era fruto de religiosidade, mas de um relacionamento íntimo e constante com o Senhor, que era sua fonte de força, proteção e direção.

Além disso, Davi tinha um coração grato e satisfeito em Deus. Mesmo quando as circunstâncias eram desfavoráveis, ele se alegrava no Senhor e reconhecia sua soberania. Seus salmos estão cheios de expressões de gratidão, exaltação e reconhecimento da bondade e fidelidade de Deus, independentemente das lutas ou das vitórias. Essa capacidade de descansar na soberania divina, de confiar que tudo estava sob o controle do Altíssimo, é uma das marcas mais visíveis de sua vida espiritual.

Outro traço que evidencia por que Davi foi chamado de homem segundo o coração de Deus é sua disposição em se deixar corrigir. Quando confrontado pelo profeta Natã, ele não tentou justificar seus pecados, nem endureceu o coração, mas prontamente se arrependeu, se humilhou e buscou a restauração nas mãos do Senhor. Sua oração no Salmo 51 é a expressão mais profunda de um coração quebrantado, que entende a gravidade do pecado, mas que confia na misericórdia e na graça de Deus para ser purificado e restaurado.

2. Um coração contrito.

Davi teve, ao longo de sua vida, vários tropeços, mas suas falhas não mudaram o relacionamento entre Deus e ele. Mas como isso foi possível? Ele reconhecia os seus erros, era humilde e ansiava pela integridade, buscava ser sincero e justo, arrependia-se de suas falhas e humilhava-se em busca de perdão e restauração (Sl 34.18). Saul também cometeu erros e pecou, porém, seu coração era soberbo, duro e não tinha a sinceridade necessária ao arrependimento. Essa postura fez com que o Senhor rejeitasse a Saul (1Sm 15.10,11) e buscasse um novo rei para Israel, um homem segundo o seu coração (At 13.22).

A seguir, dois exemplos que evidenciam o coração contrito do rei: por ocasião do pecado do adultério e assassinato, Davi reconhece o seu erro e se derrama diante do Senhor (Sl 51) em uma oração quebrantada, pura e sincera; já com o censo, em uma atitude que visava exaltar o próprio poderio, Davi foi contra a orientação divina (Êx 30.12) e se deixou manipular pelo inimigo. Com a intenção de demonstrar a todos o tamanho do seu exército, Davi acabou por desprezar a fidelidade de Deus (1Cr 21.7). Assim que percebeu seu erro, humilhou-se e quebrantou-se implorando pelo perdão.

A atitude de Davi frente aos seus erros nos mostra que, embora todos somos sujeitos às quedas, o Senhor está sempre disposto a nos perdoar e nos colocar de pé (Sl 86.5; 1Jo 1.9; Ef 1.7).

Apesar dos tropeços de Davi, sua relação com Deus permaneceu firme porque ele possuía um coração contrito, sensível, humilde e sempre disposto a se arrepender.

Sua maior virtude espiritual estava justamente em reconhecer suas falhas, se humilhar sinceramente diante do Senhor e buscar, com todo o seu ser, a restauração e o perdão.

Esse contraste se torna ainda mais evidente quando comparado com Saul. Ambos pecaram, ambos falharam, mas a diferença estava na disposição do coração. Saul, dominado pela soberba e pelo orgulho, não se quebrantou verdadeiramente diante de Deus. Preferiu justificar seus erros, transferir a responsabilidade e endurecer o coração, o que resultou em sua rejeição por parte do Senhor (1Sm 15.10-11). Foi justamente essa atitude que levou Deus a buscar um novo rei, alguém que tivesse um coração sensível à sua voz, que fosse capaz de se submeter à correção e que desejasse, acima de tudo, andar segundo os seus preceitos (At 13.22).

Davi, por outro lado, não fugia da responsabilidade pelos seus atos. Quando confrontado, seja no grave episódio do adultério e assassinato envolvendo Bate-Seba e Urias, ou no pecado do censo motivado pela soberba, ele prontamente reconheceu seus erros. No Salmo 51, sua oração é um dos maiores registros de arrependimento verdadeiro em toda a Escritura. Não há justificativas, não há transferências de culpa, apenas um coração que se derrama diante de Deus, clamando por misericórdia, purificação e restauração. Ele entende que o seu maior problema não está na consequência externa, mas na separação que o pecado gera entre ele e o Senhor.

O mesmo padrão se repete no episódio do censo (1Cr 21).

Ao perceber que seu desejo de contar o povo, motivado por orgulho e autossuficiência, desagradou profundamente a Deus, Davi não hesitou em reconhecer: “Pequei gravemente em fazer tal coisa; porém agora tira, te rogo, a iniquidade do teu servo, porque procedi mui loucamente” (1Cr 21.8). Isso demonstra um coração que não apenas sente remorso, mas que verdadeiramente se quebranta e deseja conserto com Deus.

O padrão espiritual de Davi nos ensina uma grande verdade: Deus não rejeita um coração quebrantado e contrito (Sl 34.18). Sua misericórdia está sempre disponível para quem se humilha, reconhece seus erros e se volta sinceramente a Ele. Como diz a Palavra: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar…” (1Jo 1.9) e também: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue…” (Ef 1.7).

III. UM DESAFIO PARA CADA UM DE NÓS

1. Buscar a presença de Deus.

Estamos diante de um grande desafio: fazer a vontade de Deus em todo o tempo, mesmo que não tenhamos uma visão, um entendimento completo da sua vontade. O Senhor sabia o que era melhor para Davi e Ele sabe o que é melhor para você também. Buscar a Deus nos leva a uma amplitude de vida, de obra, de prioridades e de sentidos.

Fomos chamados e escolhidos pelo Senhor e, como Davi, temos um compromisso com o Eterno. Sendo assim, todas as áreas de nossa vida devem refletir essa verdade: a forma de caminhar, relacionar, agir, ensinar, aprender e desenvolver.

Nossa forma de ver o mundo e de fazer as coisas mais complexas e as simples também, as palavras que saem de nossa boca, todas essas possibilidades devem necessariamente refletir a nossa condição de separados por Deus para uma missão especial, como Davi.

Buscar a presença de Deus não é uma opção para quem deseja viver segundo os propósitos do Senhor, mas sim uma necessidade vital.

Assim como Davi entendia que sua vida, seus planos e suas batalhas dependiam inteiramente da direção divina, nós também somos chamados a cultivar um relacionamento profundo, diário e constante com Deus. A busca pela presença do Senhor deve ser a base sobre a qual construímos todas as áreas da nossa vida. Essa busca não se resume a momentos esporádicos ou a situações de crise, mas deve ser um estilo de vida, uma caminhada contínua de entrega, obediência e dependência.

É um grande desafio fazer a vontade de Deus, especialmente quando não temos clareza completa sobre seus planos ou não entendemos totalmente os caminhos pelos quais Ele nos conduz. Contudo, assim como Deus sabia exatamente o que era melhor para Davi, também sabe o que é melhor para nós. O Senhor conhece nossos limites, nossos medos, nossas lutas e sonhos, e, por isso, confiar em sua soberania é o caminho mais seguro. Buscar a Deus não apenas traz direção, mas amplia nossa visão, realinha nossas prioridades e dá sentido a tudo o que fazemos.

O exemplo de Davi nos mostra que essa busca deve ser refletida em todas as áreas da vida.

Não há espaço para uma vida cristã dividida, servindo a Deus em algumas áreas e ignorando Sua vontade em outras. Nossa vida, palavras, relações, trabalho e escolhas devem refletir que pertencemos a Deus. Assim como Davi entendeu que seu chamado vinha do Senhor e sua missão era ser instrumento em Suas mãos, também fomos separados para cumprir um propósito no Reino.

Cada atitude, escolha e palavra deve refletir que somos povo santo, separado para Deus. A presença do Senhor não é só consolo, mas fonte de força, sabedoria, paz e alegria. Assim como Davi não entrava em batalha sem consultar a Deus, também devemos viver buscando, em tudo, Sua orientação.

Viver assim é entender que nosso chamado vai além das paredes do templo. Nossa vida reflete o caráter de Cristo. Quem busca a presença de Deus com sinceridade permite que Ele molde, transforme e capacite para viver para Sua glória. Isso não elimina as lutas, mas garante que, ao priorizar Deus, recebemos direção, força e sustento pela Sua graça. Assim vive quem, como Davi, assume o compromisso de refletir a vontade de Deus em tudo.

2. Servir.

Diante do exemplo de Cristo, somos chamados a servir e nos entregar no cumprimento da vontade divina. Muitas vezes até pensamos que não conseguiremos, mas o Senhor nos fortalece e nos impele a ir além com o seu próprio exemplo (Jo 14.12).

Nesse chamado é preciso olhar para dentro de nós e descobrir quem realmente somos: servos de Deus. É preciso que verdadeiramente nos tornemos parecidos com Jesus e aí sim, de forma plena e eficaz, seremos servos à imagem do Mestre (Fp 2.5-9). Tal atitude requer tempo e compromisso. Deus não deseja que sejamos apenas crentes, mas sim que sejamos servos. Davi dedicou a sua vida ao ato de servir (Sl 89.20), desde a juventude serviu à família (1Sm 17.34,35), ao rei (1Sm 16.21), a Israel (At 13.36). E dedicando-se a todas essas causas, serviu a Deus que o chamou para uma grande missão (1Sm 16.12). Nós também somos convidados a servir.

No Reino de Deus, servir é a atitude mais elevada do que ser servido.

Doar-se em prol da causa da cruz é consequência natural do que cremos. Inspirados pelo Mestre, somos convidados a servir com a bacia, a água e a toalha (Jo 13.1-20; Mt 20.25-28). Como Igreja, sendo Sal e Luz, temos em Cristo nossa maior referência (Mt 5.13-16). Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida para salvar os que se haviam perdido (Lc 19.10). Esse é o nosso exemplo máximo de servidor.

A disposição em servir é uma virtude essencial que permeia toda a vida do crente. Sem dúvidas, algo antagônico aos valores do mundo onde servir é demérito e ser servido é honroso (Mc 10.43-45). Quando servimos ao Senhor e, assim, abençoamos ao próximo, estamos participando do Reino de Deus aqui na dimensão presente com ações que revelam a graça divina sobre todos.

Viver para servir é, sem dúvida, uma contramão aos valores do mundo, que enaltece o status, o poder e a busca incessante por ser servido.

No entanto, no Reino de Deus, a lógica é totalmente oposta. Servir é a mais elevada demonstração de amor, compromisso e obediência à vontade do Senhor. Jesus, nosso maior exemplo, deixou isso claro quando afirmou que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Mt 20.28; Lc 19.10).

Diante desse exemplo, somos igualmente desafiados a assumir nossa identidade como servos. Isso começa quando olhamos para dentro de nós e reconhecemos quem realmente somos em Deus: não apenas crentes que frequentam cultos, mas servos comprometidos com a missão do Reino. Esse compromisso não é algo superficial nem ocasional, mas exige tempo, dedicação, renúncia e entrega diária. É necessário desenvolver em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, mesmo sendo Deus, esvaziou-se, assumiu a forma de servo e se humilhou até à morte, e morte de cruz (Fp 2.5-9).

Davi entendeu bem esse princípio. Desde jovem, mostrou disposição para servir. Primeiro, cuidando das ovelhas de seu pai com zelo e coragem (1Sm 17.34-35). Depois, servindo fielmente ao rei Saul (1Sm 16.21) e, mais tarde, liderando toda a nação de Israel (At 13.36). Acima de tudo, sabia que, ao servir aos homens, dentro da missão que Deus lhe confiou, estava servindo ao próprio Deus (Sl 89.20). Sua vida foi marcada pela entrega e pelo compromisso em cumprir com excelência o que o Senhor lhe ordenou, tornando-se um exemplo eterno de servo do Altíssimo.

O serviço no Reino de Deus não se limita a tarefas específicas dentro da igreja, mas se estende a todas as esferas da vida.

Servir é estar disposto a abençoar, a estender a mão, a caminhar a segunda milha, a perdoar, a ensinar, a amar e a cuidar. É ser sal e luz no mundo (Mt 5.13-16), revelando, por meio das ações, a graça e a bondade de Deus. E, como Jesus ensinou aos seus discípulos, servir não é uma opção, mas um dever. Com a bacia, a água e a toalha (Jo 13.1-20), Ele nos deixou um modelo que deve ser seguido todos os dias, lembrando que o maior no Reino é aquele que serve a todos (Mc 10.43-45).

Portanto, servir é um chamado que dignifica, que honra e que reflete a essência do cristianismo. Cada vez que nos colocamos à disposição do Senhor e do próximo, participamos ativamente do avanço do Reino de Deus na Terra. Servir é mais do que uma tarefa, é uma missão, um estilo de vida, e a maior expressão de amor, obediência e gratidão a Deus. Assim como Davi e, muito mais, como Jesus, somos convidados a fazer do serviço nossa bandeira, nosso legado e nossa principal marca como discípulos do Senhor.

CONCLUSÃO

O legado deixado pelo homem segundo o coração de Deus nos impressiona e nos convida a estar cada vez mais no centro da vontade do Senhor. Fica para nós um grande exemplo de devoção, confiança, fidelidade e entrega em prol da obra de Deus.

Que possamos ter também a consciência da nossa responsabilidade enquanto servos valorosos do Senhor e, de forma contínua, busquemos ser segundo o coração de Deus.

 

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