
Subsidio Lição 6 : Eu sou a ressurreição e a vida | EBD Adulto CPAD | 2º Trimestre 2025 |Comentarista Pastor Elianai Cabral
TEXTO ÁUREO
“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;” (Jo 11.25)
VERDADE PRÁTICA
O Senhor Jesus Cristo é a ressurreição e a vida, e por essa razão, temos a garantia de que um dia teremos um corpo glorioso como o dEle.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
INTRODUÇÃO
O encontro de Jesus com Marta, ao chegar a Betânia, revela aspectos especiais que poderão edificar a nossa vida espiritual por meio do estudo da Palavra de Deus. Nesta lição, iremos refletir sobre o propósito de Jesus ao realizar o milagre da ressurreição de Lázaro. Iremos também nos aprofundar no diálogo entre Jesus e Marta sobre a ressurreição do seu irmão e, além disso, a partir do milagre de Lázaro, vamos examinar a doutrina fundamental da Ressurreição do Corpo, tal como é ensinada por Jesus e todo o Novo Testamento.
PALAVRA-CHAVE
VIDA
I – O PROPÓSITO DE JESUS
1. Recebimento da notícia sobre Lázaro.
Nos Evangelhos, Jesus realizou diversos milagres de ressurreição, incluindo o do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-15) e o da filha de Jairo (Mc 5.22,23,35-42). O milagre da ressurreição de Lázaro é o que estamos abordando. Este é o último dos sete sinais (milagres) encontrados no Evangelho de João e representa a manifestação final de Jesus como Filho de Deus antes da sua crucificação. O capítulo 11 liga-se ao contexto do capítulo 10, em que Jesus se afasta de Jerusalém após uma tentativa de prisão e se dirige para além do Jordão (Jo 10.40-42). Ao ser informado sobre a doença de Lázaro, Jesus estava já a leste do Jordão (Jo 10.40) e levaria alguns dias até chegar a Betânia, onde encontrou Lázaro morto há quatro dias (Jo 11.17).
A notícia sobre a enfermidade de Lázaro chegou a Jesus em um momento estratégico do seu ministério. O Senhor havia se retirado para além do Jordão, região em que muitos passaram a crer nele, conforme o relato de João 10.42. É importante destacar que a família de Lázaro — juntamente com Marta e Maria — era muito próxima de Jesus. O evangelista enfatiza que o Senhor os amava (Jo 11.5), o que nos mostra que esse milagre envolvia não apenas um propósito de demonstração de poder, mas também um contexto de afeto e intimidade.
Ao saber que seu amigo estava enfermo, Jesus não se apressou em partir para socorrê-lo. Ao contrário, permaneceu ainda dois dias no lugar onde estava (Jo 11.6), o que pode causar estranheza em uma leitura superficial.
No entanto, essa decisão revela um aspecto importante: o tempo de Deus nem sempre corresponde à nossa expectativa humana. O Senhor já conhecia o fim desde o princípio, e a sua demora não era sinal de descaso, mas parte de um plano maior que glorificaria o nome de Deus e fortaleceria a fé dos discípulos.
A atitude de Jesus nos ensina a confiar na soberania divina mesmo quando a resposta não vem no momento em que desejamos. Em vez de agir movido pela pressão da circunstância, o Mestre esperou o tempo certo para agir, demonstrando que o sofrimento e a espera também podem fazer parte de um plano maior. Ao dizer que aquela enfermidade não era para morte, mas para a glória de Deus (Jo 11.4), Jesus nos revela que até mesmo as situações mais difíceis podem ser instrumentos para exaltar o nome do Senhor.
2. O desapontamento de Maria e Marta.
O versículo 3 expressa a esperança de Maria e Marta em relação à chegada de Jesus para ajudá-las. Devido ao carinho e à amizade que nosso Senhor tinha pela família de Betânia, pois Ele os amava, elas desejavam ardentemente que Jesus chegasse rapidamente (Jo 11.5). No entanto, a visita dEle no tempo de Maria e Marta não se concretizou. É fundamental destacar que a vontade soberana de Deus não está sujeita às circunstâncias humanas, por mais difíceis que estas sejam. Contudo, Jesus nunca chega atrasado nem adiantado no cumprimento da vontade do Pai. Ele chegou a Betânia no momento certo, ainda que após o sepultamento de Lázaro.
O desapontamento de Marta e Maria diante da ausência de Jesus no momento da morte de Lázaro revela a tensão entre a fé e as emoções humanas. Ambas criam firmemente que o Senhor poderia curar o irmão, e isso é demonstrado pelas palavras repetidas por elas: “Senhor, se tu estivesse aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11.21,32). Essas declarações não expressam apenas dor, mas também a profunda confiança que elas tinham no poder de Jesus. Entretanto, a ausência dele gerou frustração, uma sensação de abandono e até mesmo confusão quanto aos seus planos. É nessa experiência de dor e fé entrelaçadas que muitos cristãos se identificam até hoje: sabemos que Deus pode intervir, mas nem sempre compreendemos seus tempos e caminhos.
O sentimento de Marta e Maria é legítimo, pois quem ama espera e confia. Contudo, mesmo com toda sua fé, elas não compreendiam completamente a dimensão do propósito divino.
Jesus, ao retardar a sua chegada, não estava sendo indiferente, mas sim conduzindo todas as coisas para um fim mais elevado: a glorificação do Pai e a revelação de que Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11.25). Quando olhamos para essa cena à luz da fé, percebemos que o desapontamento humano é, muitas vezes, uma oportunidade para que o poder de Deus se manifeste de forma ainda mais gloriosa. A espera, apesar de dolorosa, prepara o terreno para milagres maiores do que os que pedimos.
Outro aspecto importante é que, mesmo diante da dor e da decepção, Marta se aproxima de Jesus com reverência e confissão de fé. Ela declara: “Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá” (Jo 11.22). Essa postura nos ensina que, mesmo desapontados, devemos manter nossa esperança em Deus. A fé verdadeira não depende de circunstâncias favoráveis, mas da convicção de que o Senhor é fiel em todo o tempo. O silêncio de Deus nunca é vazio; Ele sempre está trabalhando em nosso favor, mesmo quando não enxergamos
3. O tempo divino.
Maria e Marta acreditavam que, se Jesus estivesse em Betânia, Ele poderia realizar um milagre na vida de Lázaro. Elas tinham plena consciência de que nosso Senhor é o Filho de Deus. No entanto, o plano do Pai não coincidia com o delas. Apesar da desilusão e da tristeza, Maria e Marta iriam vivenciar uma experiência extraordinária de espera, que envolveria a perda do ente querido, a ausência temporária de Jesus e a chegada aparentemente tardia do Senhor (Jo 11.14,17-22). Contudo, Jesus Cristo estava prestes a realizar um magnífico milagre, que glorificaria a Deus e traria consolo à amada família de Betânia.
O tempo divino frequentemente entra em conflito com as expectativas humanas. Maria e Marta sabiam quem era Jesus, conheciam seu poder e tinham absoluta confiança de que, se Ele estivesse presente, seu irmão não teria morrido. Essa convicção, porém, não evitou a dor da perda e a impressão de que o socorro divino havia chegado tarde demais. O atraso de Jesus não foi um erro, mas parte de um plano maior. O próprio Senhor havia afirmado aos discípulos que aquela enfermidade não era para morte, mas para que o nome de Deus fosse glorificado por meio dela (Jo 11.4). Ainda assim, para Marta e Maria, lidar com a espera e o silêncio foi um teste difícil.
A narrativa revela que o tempo de Deus não se submete ao relógio humano. Jesus não foi apressado em sair quando recebeu a notícia, mas permaneceu ainda dois dias onde estava (Jo 11.6).
Isso poderia parecer negligência para os que esperavam por uma resposta imediata, mas, na verdade, foi uma expressão do propósito soberano de Deus. Muitas vezes, queremos que o Senhor atue segundo a nossa urgência, mas Ele age segundo o seu plano eterno. A espera, por mais dolorosa que seja, tem um propósito pedagógico e espiritual. Ela revela o quanto confiamos na soberania divina e fortalece nossa fé em meio à adversidade.
O momento em que Jesus chega a Betânia é, para os que ali estão, um tempo de luto e resignação. Lázaro já estava morto há quatro dias, o que, para os judeus da época, tornava impossível qualquer esperança de retorno à vida. Contudo, é justamente nesse cenário de desilusão completa que o poder de Deus se manifesta com mais intensidade. O milagre que Jesus estava prestes a realizar não apenas devolveria a vida a Lázaro, mas também confirmaria, de maneira incontestável, a identidade de Jesus como o Messias, o Filho do Deus vivo.
A glória de Deus é o objetivo final do tempo divino. Ao esperar até que toda esperança humana se esgotasse, Jesus ensinou que nada está fora do alcance da intervenção divina. O tempo de Deus não é apressado, mas também nunca falha. Ele chega quando tudo parece perdido para mostrar que, mesmo sobre a morte, Ele tem total autoridade. Isso nos consola nos dias em que também parecemos esperar em vão por uma resposta. O relógio de Deus pode não coincidir com o nosso, mas sua ação sempre acontece no momento certo — para glorificar o seu nome e edificar a nossa fé.
II – O ENCONTRO DE MARTA COM JESUS
1. O encontro.
O versículo 20 descreve o momento em que Marta se encontra com Jesus. Assim que soube que o Senhor estava na cidade, a irmã de Maria dirigiu-se ao encontro dele. Ao vê-lo, expressou a sua convicção de que, se o Mestre estivesse presente quando Lázaro ainda estava doente, o seu irmão não teria falecido (Jo 11.21). Jesus afirmou que Lázaro iria “ressuscitar” (v.23). Embora Marta acreditasse que Jesus poderia realizar um milagre extraordinário (v.22), ela não percebeu que o Senhor falava sobre a ressurreição de Lázaro naquele momento específico (Jo 11.24). Na realidade, viver entre a promessa do Senhor Jesus e as circunstâncias da vida é um grande desafio para a fé. No entanto, aquEle que é a ressurreição e a vida estava ali diante dela (vv.25,26).
“[…] Jesus Cristo estava prestes a realizar um magnífico milagre, que glorificaria a Deus
e traria consolo à amada família de Betânia.”
Esse encontro entre Marta e Jesus é um dos momentos mais profundos e teologicamente significativos do Evangelho de João. A fala de Marta revela tanto fé quanto limitação. Ela crê no poder de Jesus, reconhece que, se Ele estivesse presente, Lázaro não teria morrido. Contudo, sua fé ainda está condicionada ao que já aconteceu e ao futuro escatológico — não ao agora. Ela acredita na ressurreição no “último dia” (Jo 11.24), conforme a doutrina judaica, mas não compreende que Aquele que tem poder sobre a morte está diante dela, pronto para agir imediatamente.
A resposta de Jesus é surpreendente: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11.25). Aqui, Ele não apenas promete a vida — Ele declara ser a própria fonte dela.
Essa é uma das declarações mais grandiosas de Cristo sobre si mesmo. Ele afirma que quem crê nEle, ainda que morra fisicamente, viverá, e quem vive e crê nEle jamais morrerá espiritualmente. Isso não é apenas uma promessa futura, mas uma realidade presente para todo aquele que crê. É o convite de Jesus para que Marta — e todos nós — vejamos além das circunstâncias e confiemos no Seu poder eterno e atual.
Marta, mesmo com suas limitações, é exemplo de alguém que busca o Senhor com sinceridade e esperança. Ela corre ao encontro de Jesus, ela se abre com Ele, ela ouve a Palavra, ainda que não compreenda tudo de imediato. Essa postura é um modelo para o cristão: diante da dor e das perdas, devemos nos voltar para Cristo com fé, mesmo que pequena, e deixar que Ele nos revele mais de quem é.
Essa cena nos ensina que o verdadeiro encontro com Jesus transforma nossa visão da realidade. Ele não apenas consola — Ele traz vida. E mesmo quando a fé parece frágil, Jesus fortalece aquele que se aproxima dEle. Por isso, quando tudo parecer perdido, lembre-se: a ressurreição e a vida estão disponíveis hoje para os que confiam no Senhor.
2. Quando Lázaro ressuscitará?
O diálogo entre Marta e Jesus revela que ela cria na doutrina da ressurreição dos mortos, tal como era ensinada no Judaísmo: “Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último Dia” (Jo 11.24). Contudo, Jesus não se referia primeiramente ao milagre da Ressurreição do Último Dia, como ela pensava, mas sim à realidade daquele instante presente. Para ilustrar essa verdade, Ele declara: “Eu sou a ressurreição e a vida” (v.25). Enquanto Marta apresentava uma doutrina defendida pelos fariseus, embora correta e verdadeira, nosso Senhor revelou a doutrina da Ressurreição associada à sua própria Pessoa ao trazer Lázaro de volta à vida de maneira concreta (vv.43,44).
O diálogo entre Jesus e Marta é um marco na revelação da identidade do Messias e do alcance do seu poder. Quando Marta diz: “Eu sei que há de ressuscitar no último Dia”, ela demonstra estar firmada em uma verdade bíblica — a crença na ressurreição futura, ensinada nas Escrituras e sustentada principalmente pelos fariseus em oposição aos saduceus, que negavam tal doutrina (At 23.8). Contudo, Jesus conduz Marta a um entendimento mais profundo e pessoal.
Ao declarar: “Eu sou a ressurreição e a vida”, Jesus desloca o foco de uma verdade distante e futura para uma realidade presente. Ele não está apenas ensinando sobre a ressurreição — Ele é a própria fonte da vida que vence a morte.
O uso da expressão “Eu sou” (gr. egō eimi) ecoa o nome divino revelado a Moisés em Êxodo 3.14 (“EU SOU o que SOU”), apontando para a divindade de Cristo. Assim, Jesus revela que o poder de ressuscitar não é um dom que Ele recebe ocasionalmente, mas sim algo que faz parte de Sua essência.
Esse milagre, portanto, vai muito além de restaurar a vida física de Lázaro. Ele antecipa a vitória definitiva de Cristo sobre a morte na cruz e na ressurreição. Em Lázaro, vemos um sinal daquilo que Jesus veio realizar para todos os que creem: não apenas uma nova chance nesta vida, mas a promessa da vida eterna.
Enquanto Marta via corretamente a ressurreição como um evento escatológico, Jesus a ensinou a vê-la como uma realidade encarnada nEle. A doutrina estava certa, mas a compreensão estava incompleta. Com esse milagre, Jesus confirma que a esperança cristã não está apenas num futuro glorioso, mas na Pessoa viva de Cristo que atua no presente.
3. Promessa de vida.
Na resposta de Jesus à Marta, quando Ele afirma ser a “ressurreição e a vida” (Jo 11.25), encontramos pelo menos duas lições valiosas. Primeiro, a soberania do Filho sobre a morte e a vida; ao se identificar como a “ressurreição”, Ele coloca-se como fonte de toda vida, tanto no plano material quanto espiritual. Segundo, existe uma gloriosa promessa de vida para “quem crê em mim” (v.26). Assim sendo, aqueles que creem em Cristo recebem uma abundância de vida em todos os sentidos — tanto material quanto espiritual — pois uma vida entregue a Cristo é uma vida plena.
1. A soberania de Cristo sobre a vida e a morte.
Ao se apresentar como “a ressurreição”, Jesus mostra que Ele não depende de circunstâncias ou de um tempo específico para agir. Ele é a própria origem da vida e o poder supremo sobre a morte. Nenhuma força contrária pode impedir sua ação quando Ele decide conceder vida. Ao trazer Lázaro de volta após quatro dias no túmulo, Jesus demonstrou que nem mesmo a corrupção do corpo é obstáculo para sua autoridade divina. Isso aponta profeticamente para sua própria ressurreição e para a vitória final sobre a morte que será manifesta na ressurreição dos justos (1Co 15.54-57).
2. A promessa de vida plena aos que creem.
A segunda parte do versículo destaca: “quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (v.25) e “todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá” (v.26). Essa é uma promessa abrangente: a fé em Cristo garante não só a ressurreição futura, mas também uma nova vida presente. A vida que Jesus dá não se limita ao plano físico. Ele oferece uma vida abundante (Jo 10.10), cheia de paz, propósito e comunhão com Deus. Aqueles que creem Nele já passaram da morte para a vida (Jo 5.24).
Portanto, a promessa de Jesus não é apenas para um “futuro distante”, mas para um presente transformado. Em um mundo onde a morte física e espiritual cercam a humanidade, a mensagem de Jesus continua viva: a verdadeira vida está em Cristo.
Essa esperança nos impulsiona a viver com fé, alegria e compromisso com o Senhor, certos de que, ao crermos Nele, experimentamos desde já a vida eterna (1Jo 5.11-13). Você crê nisso? Foi exatamente essa pergunta que Jesus fez a Marta. E ela segue ecoando em nossos corações hoje.
III – A DOUTRINA BÍBLICA DA RESSURREIÇÃO DO CORPO
1. A Ressurreição do Corpo.
O milagre da ressurreição física de Lázaro, realizado por Jesus, não foi o único (Jo 11.23,24). Como já observamos, outros milagres semelhantes estão registrados nos Evangelhos. No entanto, ao contrário do que aconteceu com Lázaro, que voltou a morrer, em João 5 o nosso Senhor menciona a Ressurreição do Corpo para os últimos dias, quando os salvos não experimentarão mais a morte (Jo 5.28,29). A doutrina da Ressurreição do Corpo é um elemento essencial do Cristianismo Bíblico.
O apóstolo Paulo refere-se à mesma ressurreição que abrange todos os mortos, justos e injustos, diferenciando os tempos (1 Co 15). Assim sendo, os justos ressuscitarão quando a trombeta tocar durante o Arrebatamento da Igreja; os mortos voltarão à vida e seus corpos serão gloriosamente transformados junto com os justos (1 Co 15.42; 1 Ts 4.13-17); por outro lado, os injustos ressuscitarão no Juízo Final e receberão um corpo inglório destinado à condenação eterna (2 Ts 1.9; Ap 20.11-15).
A Bíblia ensina que, ainda que o corpo físico do ser humano se corrompa com o passar do tempo e venha a morrer, essa não será sua condição final. Há uma promessa clara e gloriosa de que, no tempo determinado por Deus, haverá uma ressurreição corporal, onde os que morreram em Cristo ressuscitarão com corpos incorruptíveis e glorificados. Esse ensino difere da ressurreição de Lázaro, por exemplo, pois ele voltou à vida apenas para morrer novamente. A ressurreição que nos é prometida por Cristo é definitiva, transformadora e eterna.
No capítulo 5 do Evangelho de João, Jesus afirma que chegará o tempo em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz e sairão — uns para a ressurreição da vida, outros para a ressurreição da condenação (Jo 5.28,29).
Essa declaração revela que haverá dois destinos distintos após a ressurreição: um para os justos e outro para os injustos. Tal verdade é confirmada nas cartas paulinas, especialmente em 1 Coríntios 15, onde o apóstolo dedica um extenso ensinamento sobre o corpo espiritual que substituirá o corpo terreno. Ele explica que o corpo que hoje é semeado em corrupção, ressuscitará em incorrupção; o que é semeado em fraqueza, ressuscitará em poder (1 Co 15.42-44). Assim, a ressurreição dos salvos será marcada por um corpo glorioso, sem dor, sem enfermidades e, acima de tudo, eterno.
O apóstolo Paulo também afirma em 1 Tessalonicenses 4.16-17 que, quando o Senhor descer dos céus com alarido, voz de arcanjo e trombeta de Deus, os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, os que estiverem vivos e forem fiéis serão arrebatados juntamente com eles para encontrar o Senhor nos ares. Esse evento glorioso é chamado de Arrebatamento da Igreja, e marca o momento em que os salvos receberão seus corpos glorificados, tornando-se semelhantes a Cristo (Fp 3.21).
Por outro lado, a ressurreição dos ímpios ocorrerá após o Milênio, no Juízo Final. Nesse momento, todos os que rejeitaram a salvação comparecerão diante do Grande Trono Branco e, após serem julgados pelas suas obras, serão lançados no lago de fogo, recebendo um corpo preparado não para a glória, mas para a vergonha eterna (Ap 20.11-15; 2 Ts 1.9). Esse ensino solene deve levar cada cristão a refletir com seriedade sobre sua condição espiritual e seu destino eterno.
2. Da morte para a vida.
Na conversa entre Jesus e Marta também se evidenciava a perspectiva da doutrina da Ressurreição do Corpo (Jo 11.26). A expressão “nunca morrerá”, mencionada no versículo 26, indica que embora o salvo em Cristo experimente a morte física, nunca enfrentará a morte espiritual. O nosso Senhor fala de algo que vai além da compreensão humana e distingue entre vida natural e vida eterna. Assim sendo, conforme diz “ainda que esteja morto viverá” (v.25), para o crente a morte não representa um fim sem esperança. Pelo contrário, sob uma ótica bíblica e segundo os ensinamentos de Jesus, a morte é uma transição para a vida eterna, onde a Ressurreição do Corpo marca o início de uma nova realidade e natureza espiritual.
Ao dizer que “aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” e “todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá” (Jo 11.25-26), o Senhor apontava para a distinção clara entre a morte física e a morte espiritual. Para o crente, a morte do corpo não representa o fim, mas o início de uma nova existência junto ao Pai. Jesus estava ensinando que a verdadeira vida é eterna e que essa vida pertence exclusivamente aos que creem nEle. Nesse sentido, a ressurreição do corpo é parte de um plano maior, que culmina na vitória total sobre o pecado e a morte, conforme o apóstolo Paulo também afirmou: “Tragada foi a morte na vitória” (1 Co 15.54).
A vida eterna, portanto, não começa apenas após a ressurreição futura, mas já tem início aqui e agora, no momento em que alguém crê em Cristo. Aquele que se une ao Senhor pela fé é feito nova criatura e passa da morte para a vida (Jo 5.24).
Esse novo nascimento espiritual garante que, mesmo que o corpo morra, a alma do salvo permanece viva em comunhão com Deus, aguardando o dia em que também o corpo será transformado. Assim, a morte física torna-se apenas uma pausa temporária, uma espécie de sono do qual o Senhor despertará os seus no tempo determinado (1 Ts 4.14).
Essa certeza muda completamente a forma como o crente encara a morte. O medo do fim é substituído pela esperança na ressurreição e pela convicção de que, para os que estão em Cristo, “o morrer é ganho” (Fp 1.21). A vida do cristão não é limitada ao que se pode ver, tocar ou experimentar nesta terra. Há algo infinitamente maior reservado: um corpo glorificado, uma existência incorruptível e uma eternidade ao lado do Salvador. Essa é a promessa do evangelho e o consolo que Jesus ofereceu a Marta diante da sepultura de seu irmão.
3. Uma viva esperança.
O relato sobre a ressurreição de Lázaro demonstra como Jesus Cristo abordou o tema da morte de entes queridos. Ele sentiu compaixão, chorou e manifestou preocupação porque sabia das dores causadas pela morte (Jo 11.35-39). Contudo, ao declarar sobre Lázaro: “Lázaro, vem para fora” (v.43), nosso Senhor revela aquilo que o Deus Todo-Poderoso realizará na vida de todos aqueles que morreram em Cristo (Jo 14.3). Ao ressuscitar Lázaro, Ele evidencia concretamente que também ressuscitará dentre os mortos aqueles que foram salvos; esta é a nossa viva esperança!
O episódio da ressurreição de Lázaro não se limita a um milagre isolado ou a uma demonstração extraordinária de poder. Trata-se de uma revelação profunda do caráter compassivo de Jesus e da firme esperança que Ele oferece àqueles que confiam em seu nome. O texto bíblico nos mostra que Jesus não era indiferente à dor humana; Ele chorou diante do túmulo de seu amigo, demonstrando sensibilidade e empatia pelas irmãs enlutadas e pelos que ali estavam (Jo 11.35). Esse gesto revela que, embora sendo o Filho de Deus, Jesus se comove com o sofrimento humano. Ele não rejeita a dor do luto, mas caminha conosco em meio à perda. Isso já seria reconfortante por si só, mas o Senhor vai além: Ele transforma a morte em esperança.
Ao proclamar em alta voz: “Lázaro, vem para fora” (Jo 11.43), Jesus antecipa o que ocorrerá em escala muito maior no futuro.
Sua voz poderosa trará à vida todos aqueles que dormem em Cristo, conforme Ele mesmo prometeu: “Na casa de meu Pai há muitas moradas… virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo” (Jo 14.2-3). Essa promessa não é simbólica ou figurada. É literal, real e fundamentada na autoridade de quem tem poder sobre a vida e sobre a morte. O mesmo Jesus que chamou Lázaro de volta à vida também chamará cada salvo pelo nome, e nenhum será deixado para trás (1 Ts 4.16).
Essa certeza é o que o apóstolo Pedro chama de “uma viva esperança” (1 Pe 1.3). Não é uma expectativa incerta ou um simples consolo emocional. Trata-se de uma esperança viva porque está fundamentada na ressurreição de Cristo dentre os mortos. Ele venceu a morte, e por isso, todos os que creem nEle têm a garantia de também vencerem. Essa esperança sustenta o coração do cristão em meio à dor, em meio às perdas e até diante da própria morte. O que nos espera é algo glorioso: um reencontro eterno com o Senhor e com aqueles que morreram em Cristo.
CONCLUSÃO
Esta lição explorou o diálogo entre Jesus e Marta, onde se manifestaram as dúvidas da irmã de Maria juntamente com as questões referentes à doutrina da Ressurreição do Corpo. O milagre realizado na ressurreição de Lázaro ilustra uma verdade muito mais ampla e profunda: haverá um tempo em que aqueles que morreram em Cristo ressuscitarão e terão seus corpos gloriosamente transformados. Esta doutrina pode ser ilustrada por meio do episódio da ressurreição de Lázaro.