Lição 13 Preparando o corpo a alma e o espírito para a Eternidade
TEXTO ÁUREO
“Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Fp 3.20).
VERDADE PRÁTICA
Na vinda de Jesus nosso corpo abatido será transformado em um corpo glorioso, e, como um ser integral, habitaremos para sempre com Ele no Céu.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tito 2
11 —Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens,
12 —ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente,
13 —aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo,
14 —o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.
1 Pedro 1
13 —Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo,
14 —como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância;
15 —mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver,
16 —porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.
INTRODUÇÃO
Ao longo deste trimestre fizemos uma jornada de estudos acerca do homem, a obra prima da Criação. Buscamos conhecer a vontade Deus para o nosso ser como um todo: espírito, alma e corpo, pois, como enfatiza nossa Declaração de Fé, o homem é uma unidade na pluralidade e uma pluralidade na unidade. Nesta lição concluiremos enfatizando o propósito da santificação na perspectiva da Doutrina Bíblica das Últimas Coisas.
Palavra-Chave:
SANTIFICAÇÃO
I. PRESERVANDO A ESPERANÇA ESCATOLÓGICA
1. O alvo celestial.
Um dos fatores essenciais para a preservação de uma vida de santificação integral é a esperança escatológica, o anseio pela Eternidade com Deus. Diversos textos bíblicos relacionam a santidade com a vinda de Cristo, de modo a conscientizar os crentes da necessidade de um viver santo (Hb 12.14; 2Pe 3.11-14). Sabendo disso, Satanás sempre repete a estratégia adotada desde o Éden: busca confundir a mente do ser humano e desviá-lo da perspectiva estabelecida pelo Criador (Gn 3.4,5). O conceito mais comum de pecado é “errar o alvo”. A nova vida em Cristo é uma correção de alvo. Visa tirar-nos da limitada e miserável perspectiva meramente terrena e finita, e nos sintonizar com um propósito celestial e eterno (Cl 1.3-5).
A vida cristã se fortalece quando o crente mantém diante de si o alvo celestial, pois a esperança da eternidade com Deus sustenta uma vida de santificação integral.
A Escritura ensina que aqueles que pertencem a Cristo não vivem apenas em função do presente, mas aguardam uma realidade futura preparada por Deus. Jesus exortou seus discípulos a ajuntarem tesouros no céu, onde nada pode corromper ou destruir (Mt 6.19,20), mostrando que o coração do crente deve estar voltado para valores eternos. Quando essa perspectiva se perde, a vida espiritual enfraquece e o viver santo se torna apenas uma obrigação religiosa, sem motivação interior.
A esperança da vinda de Cristo exerce influência direta sobre a conduta diária do cristão. João afirma que todo aquele que tem essa esperança purifica a si mesmo, assim como Cristo é puro (1Jo 3.3). Essa declaração mostra que a santidade não nasce do medo do juízo, mas do desejo sincero de estar preparado para encontrar o Senhor. Paulo também reforça essa verdade ao dizer que nossa cidade está nos céus, de onde aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fp 3.20). Essa consciência redefine prioridades e orienta escolhas, pois o crente passa a viver como cidadão do céu enquanto ainda caminha na terra.

Entretanto, desde o princípio, Satanás procura afastar o ser humano dessa visão eterna. No Éden, ele distorceu a palavra de Deus e desviou o olhar do homem do propósito divino, conduzindo-o a uma perspectiva limitada e imediatista (Gn 3.4,5).
Essa mesma estratégia continua sendo usada, levando muitos a se concentrarem apenas no presente, no prazer momentâneo e nas conquistas terrenas. Quando isso acontece, o alvo se perde, e o pecado passa a dominar a vida, pois pecar, em seu sentido mais amplo, é justamente errar o alvo estabelecido por Deus.
A nova vida em Cristo corrige essa direção. O Evangelho não apenas perdoa pecados, mas realinha o propósito da existência humana. Paulo ensina que devemos buscar as coisas do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, e não as que são da terra (Cl 3.1,2). Esse ensino reforça que a vida cristã não se limita a esta realidade passageira, mas se orienta por um destino eterno. Ao fixar os olhos nesse alvo, o crente encontra forças para viver em santidade, perseverar na fé e resistir às seduções deste mundo.
2. Oposições à visão celestial.
Jesus enfrentou terríveis oposições durante seu ministério, a começar pelas tentações do Diabo, que queria mudar o propósito do Messias e confiná-lo aos limites das conquistas terrenas (Mt 4.8-10). Respondendo a Pilatos, o Mestre enfatizou: “O meu Reino não é deste mundo” (Jo 18.36). O apóstolo Paulo travou grandes combates com opositores que insistiam em reduzir o Evangelho a temas e questões temporais. Aos Coríntios ele advertiu acerca dos que não criam na ressurreição dos mortos, um engano que limitaria a eficácia da fé cristã a esta finita vida (1Co 15.12): “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (15.19).
A visão celestial sempre encontrou resistência, porque confronta diretamente a mentalidade limitada deste mundo. Desde o início de seu ministério, Jesus enfrentou oposições que tentavam desviá-lo do propósito eterno do Pai e reduzi-lo a um líder voltado para conquistas terrenas. Nas tentações no deserto, o Diabo ofereceu os reinos do mundo e a sua glória, numa tentativa clara de afastar o Messias do caminho da cruz e do Reino eterno (Mt 4.8-10). No entanto, Jesus rejeitou essa proposta, demonstrando que sua missão não estava ligada ao poder político, à prosperidade imediata ou ao domínio terreno, mas à obediência plena à vontade de Deus.
Essa mesma verdade aparece de forma clara quando Jesus dialoga com Pilatos. Ao afirmar que o seu Reino não é deste mundo (Jo 18.36), o Senhor não negou sua autoridade real, mas esclareceu a natureza espiritual e eterna do seu reinado.
Ele deixou evidente que sua obra não se limita às estruturas passageiras deste século. Ainda assim, muitos, tanto naquela época quanto hoje, insistem em interpretar o Reino de Deus apenas sob a ótica material, social ou política, esvaziando sua dimensão espiritual e futura. Essa distorção gera uma fé superficial, centrada em benefícios imediatos, e não na esperança eterna.
O apóstolo Paulo também enfrentou forte oposição nesse sentido. Em Corinto, ele precisou combater o ensino de alguns que negavam a ressurreição dos mortos, o que comprometia profundamente a fé cristã. Ao tratar desse erro, Paulo mostrou que retirar a esperança futura transforma o Evangelho em algo incompleto e insuficiente. Se a fé em Cristo se limita apenas a esta vida, ela perde seu sentido mais profundo, pois o cristianismo não se sustenta apenas em melhorias temporais, mas na promessa da vida eterna. Por isso, Paulo afirma que, sem a esperança da ressurreição, a fé se torna vazia e o testemunho cristão perde sua força (1Co 15.17-19).
Além disso, o Novo Testamento alerta que muitos vivem como inimigos da cruz de Cristo porque têm a mente nas coisas terrenas (Fp 3.18,19). Essa postura revela uma oposição silenciosa, porém perigosa, à visão celestial. Quando o coração se apega excessivamente ao presente, a esperança eterna se enfraquece e a santidade se torna secundária. Em contraste, a Escritura ensina que as aflições deste tempo presente não podem ser comparadas com a glória que em nós há de ser revelada (Rm 8.18), reafirmando que a vida cristã deve ser orientada pela eternidade.
Portanto, as oposições à visão celestial não surgem apenas por meio de perseguições explícitas, mas também por ensinamentos distorcidos e prioridades equivocadas. O papel da Igreja é manter viva a esperança eterna, lembrando que o Evangelho não se limita a este mundo.
3. Inimigos da cruz de Cristo.
Aos Filipenses, Paulo combateu os que pensavam somente nas coisas terrenas: “O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3.19). Eram inimigos da Cruz de Cristo (Fp 3.18). Diante disso, o apóstolo proclamou: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3.20,21). Há ensinos semelhantes aos Colossenses (Cl 2; 3) e aos Tessalonicenses (1Ts 4.13).
Ao escrever aos filipenses, o apóstolo Paulo faz um alerta firme e pastoral contra um tipo de cristianismo esvaziado de eternidade. Ele descreve pessoas que se dizem religiosas, mas vivem orientadas exclusivamente pelos desejos terrenos, afirmando que “o fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3.19). Essa linguagem forte revela que o problema não estava apenas em comportamentos isolados, mas em uma mentalidade moldada por valores opostos à cruz. Ao viverem assim, tornaram-se inimigos da cruz de Cristo, pois rejeitavam, na prática, o caminho do sacrifício, da renúncia e da esperança futura.
A cruz confronta diretamente o ego humano, porque aponta para morte do velho homem e submissão total à vontade de Deus. Por isso, muitos preferem uma fé ajustada aos seus próprios interesses, na qual o conforto, o prazer e as vantagens imediatas ocupam o centro.
No entanto, quando o “ventre” se torna deus, ou seja, quando os apetites e desejos governam a vida, a espiritualidade perde profundidade e a glória se transforma em vergonha. Paulo já havia ensinado que os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus (Rm 8.8), pois suas escolhas revelam onde está o verdadeiro tesouro do coração.
Em contraste direto com essa postura terrena, o apóstolo reafirma a identidade do verdadeiro cristão ao declarar: “Mas a nossa cidade está nos céus” (Fp 3.20). Essa afirmação reposiciona o crente no mundo. Embora viva na terra, ele pertence a outra pátria, possui outros valores e aguarda outro futuro. A esperança cristã não termina nesta vida, mas se projeta para a volta de Cristo, quando o Senhor transformará o corpo abatido, sujeito à fraqueza e à morte, para ser conforme o seu corpo glorioso, pelo mesmo poder com que sujeita todas as coisas a si mesmo (Fp 3.21). Essa promessa fortalece a perseverança e sustenta uma vida de santificação.
Ensinos semelhantes aparecem na Carta aos Colossenses, quando Paulo exorta os crentes a buscarem as coisas que são de cima e a não se prenderem às coisas da terra (Cl 3.1-3). Ele mostra que a vida verdadeira está escondida com Cristo em Deus, e que a manifestação plena dessa vida ocorrerá na glória futura. Da mesma forma, ao escrever aos tessalonicenses, o apóstolo consola a igreja com a esperança da ressurreição e da vinda do Senhor, para que os crentes não vivam como os demais, que não têm esperança (1Ts 4.13-17). A expectativa do encontro com Cristo molda a maneira de viver no presente.
II. PERIGOS DE TEOLOGIAS MODERNAS
1. Um cristianismo secularizado.
Vivemos o perigo de um cristianismo secular, reduzido a pautas e militâncias ideológicas, sociais, políticas e econômicas, enfrentadas por expedientes meramente humanos (Lc 17.26-30; 18.1-8; 2Co 10.4,5). Assiste-se à difusão de uma “teologia pública” que não confronta o pecado. Que confunde e empobrece o sentido de relevância da fé, enfraquecendo a missão da Igreja. Sob o pretexto de levá-la para a arena pública, atua para tirá-la da arena espiritual. Enquanto mais secularismo, menos poder. Jesus espera que conservemos entre nós os verdadeiros sinais que devem seguir os que crerem: expulsão de demônios, novas línguas, maravilhas e curas divinas (Mc 16.17,18). E tudo isso na perspectiva e expectativa da Eternidade.
Vivemos em um tempo em que o cristianismo corre o sério risco de ser esvaziado de sua essência espiritual e reduzido a um fenômeno meramente secular. Em muitos contextos, a fé tem sido moldada por pautas ideológicas, sociais, políticas e econômicas, sendo tratada como mais uma ferramenta de militância humana. No entanto, Jesus já advertia que, nos dias que antecederiam a sua vinda, as pessoas estariam excessivamente ocupadas com a vida cotidiana, indiferentes às realidades espirituais, assim como ocorreu nos dias de Noé e de Ló (Lc 17.26-30). Esse distanciamento do espiritual enfraquece a vigilância, compromete a perseverança na oração e obscurece a esperança escatológica.
Quando a Igreja passa a confiar excessivamente em estratégias humanas, ela perde de vista a natureza espiritual de sua missão. O apóstolo Paulo foi claro ao afirmar que “as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus” (2Co 10.4), pois a batalha da fé não se vence com discursos meramente técnicos ou com articulações políticas, mas com dependência do poder divino.
Além disso, uma fé que evita confrontar o pecado deixa de cumprir sua função profética e redentora, pois o Evangelho chama o ser humano ao arrependimento e à transformação de vida. Quando esse chamado é substituído por discursos de aceitação sem conversão, o resultado é uma espiritualidade superficial e sem impacto eterno.
Esse processo tem sido impulsionado pelo que muitos chamam de “teologia pública”, que busca relevância social ao custo da autoridade espiritual. Sob o argumento de levar a Igreja à arena pública, acaba-se, muitas vezes, retirando-a da arena espiritual, onde sua verdadeira força se manifesta. O próprio Jesus ensinou que a perseverança na fé exige oração constante e confiança na justiça de Deus, mesmo em tempos de aparente demora (Lc 18.1-8). Sem essa dimensão espiritual, a Igreja se torna ativa, porém impotente; visível, porém sem unção. Quanto mais secularismo se infiltra, menos poder espiritual se evidencia.
Em contraste com esse cenário, o Senhor deixou claro que sinais espirituais acompanhariam os que verdadeiramente creem. A proclamação do Evangelho seria confirmada pela ação sobrenatural de Deus, com libertação, manifestação dos dons espirituais e cura divina (Mc 16.17,18). Esses sinais não existem para exaltação humana, mas para apontar para a realidade do Reino de Deus e para a esperança da eternidade
2. Falsos discursos.
O cristianismo moderno corre um sério risco de ser marcado, em parte, mais por discurso que prática (Tg 1.22). Isso ganha uma amplitude ainda maior em tempos de comunicação tão volátil. Oriundas de canais mais voltados à cultura e intelectualidade, são muitas as vozes “cristãs” que criticam toda e qualquer tradição, ignorando seus fundamentos. Como pentecostais clássicos, devemos nos precaver de teologias modernas alheias à realidade do crente em seu cotidiano; em seu bairro ou comunidade rural, e permanecer crendo, praticando e pregando um Evangelho simples, porém, integral e poderoso: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará. Quando se perde o senso da iminente volta de Jesus, compromete-se o valor da santificação (1Jo 3.3).
O cristianismo contemporâneo enfrenta o perigo de se tornar excessivamente retórico, marcado por muitos discursos e pouca prática. A própria Escritura adverte que não basta ouvir a Palavra; é necessário colocá-la em ação, pois o conhecimento sem obediência produz autoengano (Tg 1.22). Em um tempo de comunicação rápida e superficial, no qual opiniões circulam com facilidade, cresce o número de vozes que se apresentam como cristãs, mas que priorizam análises culturais e debates intelectuais em detrimento da vivência simples e fiel do Evangelho. Esse cenário gera uma fé que sabe falar, mas que já não transforma vidas nem comunidades.
Além disso, muitos desses discursos se voltam contra toda forma de tradição cristã, tratando-a como algo ultrapassado ou irrelevante. No entanto, a Bíblia nos orienta a reter as boas tradições que receberam fundamento na Palavra de Deus (2Ts 2.15).
Nem toda tradição é erro; muitas delas preservam verdades essenciais da fé e guardam a Igreja de desvios doutrinários. O problema surge quando se rejeita indiscriminadamente aquilo que sustentou gerações de crentes fiéis, substituindo-o por teologias modernas que pouco dialogam com a realidade espiritual do cristão comum, seja ele morador de um bairro urbano simples ou de uma comunidade rural.
Como pentecostais clássicos, precisamos manter os pés no chão da vida cotidiana e o coração firmado na experiência com Deus. O Evangelho que pregamos não depende de discursos sofisticados, mas do poder do Espírito Santo. Paulo lembra que o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder (1Co 4.20). Quando a fé se limita a debates e narrativas, perde-se a dimensão sobrenatural que sempre caracterizou a Igreja viva. Por isso, devemos continuar crendo, praticando e anunciando um Evangelho completo, que proclama arrependimento, transformação de vida e a ação presente de Deus.
Outro risco evidente desse cristianismo discursivo é a perda da esperança escatológica. Quando a iminente volta de Jesus deixa de ocupar um lugar central na fé, a santificação perde força e urgência. A Escritura afirma que todo aquele que tem essa esperança em Cristo purifica a si mesmo (1Jo 3.3).

3. Prosperidade, existencialismo e engajamento cultural.
Ao longo da história do Cristianismo, não poucos ventos teológicos vieram e se foram. A própria Teologia da Prosperidade, uma das mais recentes, já não causa o mesmo impacto de quando surgiu. Reduzir a esperança cristã a conquistas terrenas leva a frustrações, além de conduzir a uma visão meramente existencial. Foi o que Paulo concluiu diante dos que, em Corinto, negavam o caráter escatológico da fé cristã. O apóstolo não os poupou. Chamando-os de “bestas feras”, ironizou: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (1Co 15.32). Acautelemo-nos também da cosmovisão cristã inspirada na escatologia calvinista-amilenista, que, descrendo no Arrebatamento da Igreja e em um Milênio literal, enfatiza o engajamento político e cultural para a redenção dos sistemas humanos, e não a proclamação do Evangelho para a salvação dos pecadores. A pregação bíblica é: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados” (At 3.19).
Ao longo da história da Igreja, diferentes correntes teológicas surgiram e desapareceram, revelando como o coração humano tende a deslocar o foco da fé para aquilo que é imediato e visível. Entre essas correntes, a Teologia da Prosperidade ganhou destaque ao prometer realização pessoal, sucesso material e bem-estar como centro da experiência cristã. No entanto, quando a esperança do crente se limita às conquistas terrenas, o resultado inevitável é a frustração espiritual, pois a fé passa a ser medida por resultados passageiros e não pela comunhão com Deus. A Escritura adverte que aqueles que querem viver piedosamente em Cristo enfrentarão tribulações (2Tm 3.12), deixando claro que a vida cristã não se resume a conforto e prosperidade material.
Esse deslocamento do foco eterno para o imediato também conduz a uma fé de caráter existencialista, preocupada apenas em dar sentido à vida presente. Foi exatamente esse problema que Paulo enfrentou em Corinto, onde alguns negavam a ressurreição dos mortos.
Ao esvaziar a fé de sua dimensão escatológica, esses ensinos tornavam a vida cristã inútil além desta existência. Por isso, o apóstolo mostrou que, sem a esperança futura, viver para Deus perderia o sentido, restando apenas uma lógica mundana e desesperançada (1Co 15.32). Em contraste, ele afirmou que, se Cristo ressuscitou, então nossa fé aponta para além desta vida, sustentando-nos mesmo em meio às lutas (1Co 15.58).
Outro desafio atual surge quando determinadas leituras teológicas passam a enfatizar quase exclusivamente o engajamento cultural, social e político como missão central da Igreja. Ao minimizar a expectativa da volta de Cristo e negar eventos futuros claramente ensinados nas Escrituras, como o arrebatamento e o reino vindouro, transfere-se a esperança cristã da ação soberana de Deus para a transformação dos sistemas humanos. Contudo, a Bíblia ensina que este mundo jaz no maligno (1Jo 5.19) e que somente Cristo pode operar a redenção plena. A missão da Igreja, portanto, não é salvar estruturas, mas anunciar a salvação aos pecadores.
Diante disso, torna-se indispensável preservar a centralidade do Evangelho. A mensagem apostólica nunca foi a reforma moral da sociedade como fim último, mas o chamado ao arrependimento e à conversão, que produzem verdadeira transformação de dentro para fora (At 3.19; 2Co 5.17).
III. CONSERVANDO ESPÍRITO, ALMA E CORPO
1. Prontos para o retorno de Cristo.
Em 1 Tessalonicenses 5.23 Paulo apresenta a santificação intimamente ligada ao propósito da eternidade. Em uma epístola que eminentemente trata da volta de Jesus, o apóstolo dedica o último capítulo para abordar exatamente a obra da santificação. Do versículo 12 ao 22, refere-se aos deveres do cristão em sua vida pessoal e comunitária, concluindo com uma enfática advertência: “Abstende-vos de toda aparência do mal” (1Ts 5.22). Na sequência, aborda a obra divina no processo de santificação: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23). O desejo do apóstolo era que, uma vez santificados, os tessalonicenses permanecessem conservados em santificação, prontos para o retorno de Cristo.
A expectativa do retorno de Cristo sempre esteve no centro da espiritualidade cristã saudável, e o apóstolo Paulo deixa isso evidente ao relacionar diretamente a santificação com a esperança da Eternidade. Ao escrever aos tessalonicenses, uma igreja que vivia intensamente a expectativa da volta de Jesus, ele não tratou a santificação como um assunto secundário, mas como preparação indispensável para esse grande encontro. Por isso, ao longo da exortação final da epístola, Paulo orienta os crentes quanto à conduta diária, à vida comunitária e à vigilância espiritual, culminando no chamado firme para se afastarem de toda forma de mal. A santidade, portanto, não aparece como mero ideal moral, mas como postura contínua de quem vive aguardando o Senhor.
Na sequência, Paulo deixa claro que essa obra não depende apenas do esforço humano, mas da ação graciosa de Deus. Ao afirmar que o Deus de paz santifica o crente em tudo, o apóstolo aponta para uma santificação integral, que alcança espírito, alma e corpo.
Essa tríplice menção destaca que toda a vida do cristão deve estar alinhada com o propósito eterno, sem compartimentos reservados ao pecado ou à negligência espiritual. Essa verdade se harmoniza com outras exortações paulinas, como quando afirma que fomos chamados “não para a imundícia, mas para a santificação” (1Ts 4.7), ou quando ensina que devemos apresentar nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1).
Além disso, a ideia de sermos “conservados irrepreensíveis” revela a dimensão da perseverança na santidade. Não se trata apenas de uma experiência inicial, mas de uma vida guardada por Deus até o dia de Cristo. O próprio Senhor Jesus ensinou que o servo fiel é aquele que o Senhor encontra vigilante quando volta (Mt 24.42-46). Do mesmo modo, João declara que todo aquele que tem essa esperança purifica-se a si mesmo, assim como Ele é puro (1Jo 3.3). A esperança escatológica, portanto, funciona como um poderoso estímulo à santificação diária.
2. Uma santificação completa.
Conscientes de nossa imperfeição e de que ainda habita em nós uma natureza carnal, devemos desejar e buscar constantemente nos aperfeiçoar em santificação (Ap 22.11). Uma santificação completa, na qual parte alguma de nosso ser fique de fora; nem mesmo nossos afetos, pensamentos e intenções (Mt 5.8). Tudo em nós deve ser santificado; no espírito, na alma e no corpo. Por nossa própria força isso é impossível, mas pelos meios da Graça Divina isso é plenamente possível. Que vivamos desfrutando de uma profunda convicção de nossa salvação, anelando pela vinda de Cristo. Se algo faltar, não nos esqueçamos: o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado (1Jo 1.7).
A busca por uma santificação completa nasce do reconhecimento humilde de que, embora tenhamos sido regenerados, ainda convivemos com limitações e com a inclinação da natureza carnal.
Por isso, a vida cristã não admite estagnação espiritual, mas requer crescimento contínuo e disposição para avançar em obediência a Deus. A própria Escritura aponta para essa dinâmica quando exorta que aquele que é santo continue a santificar-se, evidenciando que a santidade envolve progresso e perseverança. Assim, a santificação não se restringe a comportamentos externos, mas alcança o interior do ser humano, envolvendo pensamentos, afetos, desejos e intenções, pois Deus se interessa por um coração puro e íntegro diante dEle.
Essa abrangência mostra que a santificação verdadeira deve alcançar todo o ser. O espírito, que foi vivificado por Deus, precisa permanecer sensível à direção do Espírito Santo; a alma, com suas emoções e decisões, deve ser continuamente alinhada à vontade divina; e o corpo, como instrumento de serviço, deve ser apresentado a Deus para a prática do bem. Essa visão integral evita uma fé fragmentada, que separa o espiritual do cotidiano, e reforça que toda a vida do crente pertence ao Senhor. O apóstolo Paulo reforça essa verdade ao ensinar que fomos comprados por bom preço e, portanto, devemos glorificar a Deus em nosso corpo e em nosso espírito (1Co 6.19,20).
Entretanto, é fundamental compreender que essa obra não se realiza pela força humana.
Nenhum esforço pessoal, por mais sincero que seja, consegue produzir santidade plena. Deus, em sua graça, providenciou meios espirituais para esse aperfeiçoamento, como a ação contínua do Espírito Santo, a Palavra que nos exorta e corrige, e a comunhão com o Corpo de Cristo. A segurança da salvação, longe de gerar acomodação, fortalece o desejo de viver em santidade, pois quem aguarda a vinda de Cristo deseja ser encontrado fiel.
Por fim, quando o crente reconhece suas falhas e fraquezas ao longo desse processo, não deve ceder ao desânimo. A Escritura assegura que o sangue de Jesus permanece eficaz para purificar de todo pecado, restaurando a comunhão com Deus.
CONCLUSÃO
Pela graça de Deus estamos concluindo mais um trimestre. Vivemos neste mundo, mas não pertencemos a ele (Jo 17.14). Que, como peregrinos e forasteiros, jamais percamos o anseio pela Eternidade com Deus (1Pe 2.11). Enquanto aqui estivermos, vivamos na inteira dependência do Senhor Jesus. Cheguemo-nos diariamente a Ele com inteira certeza de fé, confiados em seu sacrifício por nós na cruz do Calvário. Purificados no espírito, na alma e no corpo, permaneçamos firmes (Hb 10.19-23). “Nossa esperança é sua vinda!” (Hino 300 da Harpa Cristã).

Bom dia amigo a paz do Senhor Jesus seus subsídios são uma benção para edificação da EBD eu uso toda semana para minha aula obrigado e Deus te abençoe.
Bom dia amigo a paz do Senhor Jesus seus subsídios são uma benção para edificação da EBD obrigado e Deus te abençoe