Subsidio Lição 06: O Filho É igual com o Pai | 1° Trimestre de 2025 | EBD – ADULTOS
TEXTO ÁUREO
“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino.” (Hb 1.8)
VERDADE PRÁTICA
O termo teológico “Filho de Deus” é título, sendo assim, a existência de Jesus é desde a eternidade junto ao Pai.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
INTRODUÇÃO
Essa porção bíblica do Evangelho de João é uma das mais contundentes em mostrar que o Filho é igual ao Pai. Afirmar que Jesus é o Filho de Deus, mas não o próprio Deus, é uma contradição em si mesma. O embate de Jesus com os religiosos do templo de Jerusalém revela essa verdade. É isso que a presente lição pretende mostrar e explicar com sólidos fundamentos escriturísticos.
Palavra-Chave: Unidade
I – A DOUTRINA BÍBLICA DA RELAÇÃO DO FILHO COM O PAI
1- Ideia de filho.
O conceito de filho no pensamento judaico implica a igualdade com o pai (Mt 23.29-31). Uma das ideias de filho na Bíblia é a identidade de natureza, isso pode ser visto no paralelismo poético do salmista: “que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?” (Sl 8.4). Esse paralelismo é sinonímico em que o poeta diz algo e em seguida repete esse pensamento em outras palavras. A ideia de “homem mortal” é repetida em “filho do homem”. Outro exemplo encontramos nas palavras de Jesus: “Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas” (Mt 23.31). Isso porque os escribas e fariseus consideravam os matadores dos profetas como seus pais (Mt 23.29,30).
No contexto bíblico e especialmente no pensamento judaico, o conceito de filho vai além da simples relação biológica; ele implica em igualdade de natureza e continuidade de essência com o pai.
Esse entendimento é fundamental para compreender as passagens que apontam Jesus como o Filho de Deus.
- Filho e Igualdade com o Pai:
Em Mateus 23.29-31, Jesus adverte os escribas e fariseus, mostrando como eles se identificavam como filhos daqueles que mataram os profetas. Essa identificação não era apenas genealógica, mas cultural e espiritual, apontando para uma continuidade na essência e comportamento. No contexto bíblico, ser filho de alguém muitas vezes significava partilhar a mesma natureza ou caráter. - Paralelismos Poéticos:
O Salmo 8.4 apresenta um exemplo clássico de paralelismo sinonímico, recurso literário comum na poesia hebraica. Quando o salmista usa as expressões “homem mortal” e “filho do homem”, ele está reforçando a mesma ideia com diferentes palavras. Isso sugere que “filho do homem” é sinônimo de humanidade, possuindo a mesma essência e natureza. - A Aplicação a Jesus:
Jesus frequentemente usava expressões relacionadas à ideia de filho para destacar sua relação única com Deus. Ao se identificar como o Filho de Deus, Ele estava reivindicando igualdade em essência e natureza com o Pai, o que para os judeus de Sua época era motivo de grande escândalo (Jo 5.18). Assim, quando Jesus declara “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30), não se refere apenas a uma unidade de propósito, mas a uma identidade de essência divina.
O Contexto Judaico
A cultura judaica enfatizava a conexão entre pai e filho como algo mais profundo do que apenas biológico. Essa ligação simbolizava a transmissão de características e atributos do pai ao filho, seja no aspecto espiritual, moral ou hereditário. Ao longo das Escrituras, o conceito de filho comunica pertencimento e continuidade, mas no caso de Jesus, ele eleva esse entendimento a um plano divino.
- Herança Divina: Assim como um filho herda a essência e autoridade do pai, Jesus herda a glória e o domínio divino, conforme Filipenses 2.6-7, onde Ele, “existindo na forma de Deus”, não considerou algo usurpável ser igual a Deus.
- Cumprimento Profético: O título “Filho do Homem” usado por Jesus aponta para Sua humanidade, mas também é uma reivindicação de divindade, como visto na visão de Daniel 7.13-14, onde o Filho do Homem recebe domínio eterno.
A ideia de filho, tanto no contexto judaico quanto no discurso bíblico, reforça a identidade essencial de Jesus como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ao se declarar o Filho de Deus, Jesus estava afirmando Sua natureza divina, Sua igualdade com o Pai e Seu papel redentor na salvação da humanidade. Por isso, entender esse conceito é fundamental para reconhecer o mistério da Trindade e a obra salvadora de Cristo.
2- Significado teológico.
Indica igualdade de natureza, ou seja, mesma substância. É o que acontece com Jesus, Ele é chamado Filho de Deus no Novo Testamento porque Ele é Deus e veio de Deus. Jesus mesmo disse: “eu saí e vim de Deus” (Jo 8.42); “Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo 16.28). Quando Jesus declarou: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17), estava declarando que Deus é seu Pai; no entanto, os seus interlocutores entendem com clareza meridiana que Jesus estava reafirmando a sua deidade, pois: “dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18).
Primeiramente, Jesus não deixa dúvidas quanto à sua origem divina ao afirmar: “Eu saí e vim de Deus” (Jo 8.42). Essa declaração destaca que Ele não é uma criatura, mas aquele que procede do Pai de forma eterna. Além disso, Jesus acrescenta: “Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo 16.28), o que esclarece sua missão redentora e confirma o retorno à glória celestial que sempre lhe pertenceu.
Ademais, ao dizer: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17), Jesus não apenas reivindica autoridade divina, mas também apresenta um vínculo inseparável com as obras do Pai. Por esse motivo, os judeus imediatamente entenderam sua mensagem e acusaram-no, pois Ele “dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18).
3- O Filho é Deus.
Filho de Deus é uma expressão bíblica para referir-se à relação única do Filho Unigênito com o Pai. A expressão “Filho de Deus” revela a divindade de Cristo. Essa verdade está mais clara na Bíblia que o sol do meio-dia. Por isso, é estranho como pode haver tantos debates sobre o tema. O texto sagrado: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino” (Hb 1.8) é o mais crucial, pois é uma citação direta de Salmos 45.6,7.
É importante prestar melhor atenção naquelas passagens conhecidas dos crentes: “O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade. Tu amas a justiça e aborreces a impiedade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros” (Sl 45.6,7). Que história é essa de o Deus do versículo 7 estar ungindo o Deus do versículo 6? Isso tem intrigado alguns rabinos desde a antiguidade. Mas, a Epístola aos Hebreus traz a explicação e revela que Deus nessa passagem é uma referência a Jesus. A explicação está em Hebreus 1.8, trata-se do relacionamento entre o Pai e o Filho e que a unidade de Deus é plural.
Um dos textos mais cruciais que afirmam a divindade de Cristo é Hebreus 1.8: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; cetro de equidade é o cetro do teu reino.” Esse versículo é uma citação direta de Salmos 45.6-7, onde o salmista exalta a majestade divina. A singularidade aqui é evidente: Deus dirige essas palavras diretamente ao Filho, chamando-o “Ó Deus”. Não há ambiguidade nesse título; trata-se de uma declaração incontestável da natureza divina do Filho.
O Mistério da Unção Divina
Em Salmos 45.6-7, lemos: “O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade. Tu amas a justiça e aborreces a impiedade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros.” A aparente complexidade surge na relação entre “o Deus que é ungido” e “o Deus que unge”. Para muitos rabinos ao longo da história, esse mistério permaneceu intrigante, mas o Novo Testamento ilumina essa questão.
A Epístola aos Hebreus esclarece que o título “Deus” no Salmo é direcionado ao Filho, enquanto o ato de unção é realizado pelo Pai. Isso demonstra a relação única entre as pessoas da Trindade, onde o Pai glorifica o Filho sem comprometer a unicidade de Deus. Como João 10.30 afirma, Jesus declarou: “Eu e o Pai somos um.”
A Unidade Plural de Deus
Essa passagem ilustra uma unidade divina que é ao mesmo tempo plural, algo reafirmado em outros textos bíblicos. João abre o seu Evangelho dizendo que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Paulo reforça isso ao afirmar que Jesus é “sobre todos, Deus bendito para todo o sempre” (Rm 9.5). E novamente, em Colossenses 2.9, encontramos: “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.”
II – A HERESIA DO SUBORDINACIONISMO
1- Orígenes.
O Subordinacionismo é toda doutrina que declara ser o Filho subordinado ao Pai ou um deus secundário ou menos divino que o Pai. Os monarquianismo dinâmicos, ou acionistas, e os arianistas são os principais representantes dessa heresia. Mas Orígenes (185-254), foi o seu principal mentor. Há, na vastíssima e complexa produção literária de Orígenes, ideias de acordo e contrárias à ortodoxia da igreja, como também ideias neoplatônicas e obscuras de modo que, desde a antiguidade, os estudiosos do assunto estão divididos.
Ele exerceu grande influência no Oriente por mais de 100 anos. Nas controvérsias em Nicéia, havia os que apoiavam Ário usando Orígenes como base; como também os que apoiavam Alexandre, opositor de Ário, também se baseando no mesmo Orígenes. Segundo seus críticos, parece que a Trindade defendida por ele era subordinacionista: o Filho subordinado ao Pai e o Espírito Santo subordinado ao Filho. No entanto, a Bíblia revela a igualdade das três pessoas da Trindade (Mt 28.19; 2 Co 13.13).
O subordinacionismo é a doutrina que ensina que o Filho e/ou o Espírito Santo são subordinados ao Pai, seja em poder, essência ou divindade. Essa visão contradiz a doutrina bíblica da Trindade, que apresenta as três pessoas divinas como iguais em essência, eternas e em plena harmonia.
Quem foi Orígenes?
Orígenes (185-254 d.C.) foi um influente teólogo cristão da Igreja primitiva. Nascido em Alexandria, uma cidade reconhecida por seu ambiente intelectual, ele escreveu extensivamente, abordando interpretação bíblica, teologia e filosofia. Seu objetivo era defender a fé cristã contra heresias e dialogar com o pensamento filosófico de sua época, especialmente o neoplatonismo.
Apesar de sua dedicação, Orígenes gerou debates ao longo da história da Igreja devido a algumas de suas ideias teológicas consideradas problemáticas. Entre essas, está sua visão sobre a relação entre as pessoas da Trindade, que muitos classificam como subordinacionista.
A Visão Subordinacionista de Orígenes
Em seus escritos, Orígenes sugeriu que:
- O Pai é a fonte suprema da divindade e, por isso, ocupa um lugar superior em relação ao Filho e ao Espírito Santo.
- O Filho é derivado do Pai, o que parece indicar uma subordinação ontológica (de essência).
- O Espírito Santo seria ainda mais subordinado, tendo uma relação hierárquica com o Filho.
Essas ideias refletem a influência do neoplatonismo, filosofia que organizava os seres em uma hierarquia, com um “Primeiro Princípio” supremo. Embora Orígenes buscasse explicar a relação entre Pai, Filho e Espírito Santo, suas formulações deixaram margem para interpretações que mais tarde influenciaram movimentos heréticos, como o arianismo.
Orígenes e o Concílio de Niceia
O impacto das ideias de Orígenes foi notável nas controvérsias que culminaram no Concílio de Niceia (325 d.C.), onde foi debatida a natureza de Jesus Cristo:
- Os arianos, que acreditavam que Jesus era uma criatura e não coeterno com o Pai, usaram partes dos escritos de Orígenes para fundamentar seus argumentos.
- Por outro lado, defensores da doutrina ortodoxa, como Alexandre de Alexandria, também recorreram a Orígenes para sustentar a coeternidade e igualdade do Filho com o Pai.
Essa ambiguidade nos escritos de Orígenes causou divisões, mostrando que ele nem sempre teve uma posição consistente sobre a Trindade.
2- No período pré-niceno.
O Subordinacionismo foi, nos Séculos II e III, uma tentativa, ainda que equivocada, de preservar o monoteísmo, mas que negou a divindade absoluta de Jesus. Seus expoentes consideravam Cristo como Filho de Deus, inferior ao Pai. Eles afirmavam que o próprio Cristo declarava a sua inferioridade, e isso eles o faziam com base numa exegese ruim e numa interpretação fora do contexto de algumas passagens dos Evangelhos.
O período pré-niceno refere-se à fase da história da Igreja antes do Concílio de Niceia, ocorrido em 325 d.C. Durante esses séculos (do I ao início do IV), a Igreja enfrentava perseguições do Império Romano, o desafio de definir e sistematizar suas doutrinas, e a luta contra heresias. Foi uma época de formação da teologia cristã e de intensa defesa do evangelho.
Nesse contexto, a Igreja buscava estabelecer sua identidade doutrinária enquanto preservava o legado bíblico. Essa tarefa exigia refutar movimentos heréticos e dialogar com filosofias contemporâneas, como o gnosticismo e o neoplatonismo.
Tentativa de Preservar o Monoteísmo
Uma questão central no cristianismo primitivo era defender o monoteísmo bíblico, herdado do judaísmo. A crença em um único Deus estava solidamente enraizada na declaração do Antigo Testamento: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Deuteronômio 6.4).
Com o surgimento da pregação cristã e a afirmação de que Jesus Cristo era o Filho de Deus e igual ao Pai, os teólogos precisaram explicar como Jesus e o Pai eram um (João 10.30) sem violar o monoteísmo. Essa dificuldade deu origem ao subordinacionismo, uma doutrina que procurava conciliar a fé em Deus Pai como único soberano com a posição elevada de Jesus Cristo.
O Subordinacionismo e Seus Erros
Embora bem-intencionado na tentativa de manter o monoteísmo, o subordinacionismo comprometia a doutrina da Trindade e negava a plena divindade de Cristo. Seus defensores afirmavam que:
- Jesus era subordinado ao Pai em autoridade e essência.
- O Pai era a fonte única de toda divindade, sendo o Filho dependente dele.
Essas afirmações se baseavam em interpretações equivocadas de textos bíblicos, fora de seu contexto original. Por exemplo:
- João 14.28: “O Pai é maior do que eu.” Eles entendiam essa frase como uma declaração de inferioridade ontológica, em vez de um reconhecimento da submissão de Cristo em sua obra terrena.
- João 5.19: “O Filho nada pode fazer de si mesmo.” Esse versículo era usado para sugerir uma limitação do Filho em essência, ignorando a perfeita unidade da Trindade.
Principais Expoentes do Subordinacionismo
- Orígenes (185-254): Embora um importante teólogo, suas ideias influenciaram o subordinacionismo ao enfatizar uma hierarquia entre Pai, Filho e Espírito Santo. Ele via o Pai como a fonte absoluta da divindade e, mesmo considerando Cristo eterno, defendia sua posição inferior ao Pai.
- Teófilo de Antioquia (m. 181): Um dos primeiros a usar o termo “Trindade” em seus escritos, mas apresentou ideias hierárquicas sobre as pessoas divinas, colocando o Pai como superior ao Filho.
- Tertuliano (160-225): Embora tenha contribuído significativamente para a doutrina da Trindade, usou uma linguagem que, por vezes, sugeria subordinação entre o Pai e o Filho.
3- Métodos usados pelos subordinacionistas.
Já estudamos, até agora, o ensino bíblico sobre Jesus como o verdadeiro homem e ao mesmo tempo o verdadeiro Deus. Somente Ele é assim, e ninguém mais no céu e na terra possui essa característica (Rm 1.1-4; 9.5). No entanto, os subordinacionistas pinçam as Escrituras aqui e ali se utilizando das passagens do Novo Testamento que apresentam o Senhor Jesus como homem e descartam e desconsideram as que afirmam ser Jesus o Deus igual ao Pai.
Os subordinacionistas, na tentativa de sustentar sua visão de que Jesus é inferior ao Pai, fazem uma leitura seletiva das Escrituras. Eles se concentram em passagens que enfatizam a humanidade de Jesus, enquanto descartam ou minimizam aquelas que afirmam claramente Sua divindade e Sua igualdade com o Pai. Esse método não respeita a totalidade do ensino bíblico e distorce a verdadeira natureza de Cristo.
Foco nas Passagens que Apresentam Jesus como Homem
Os subordinacionistas tomavam passagens que mostram Jesus em sua encarnação, quando Ele assumiu a condição humana, para afirmar que Ele é inferior ao Pai. Alguns exemplos incluem:
- João 14.28 – “O Pai é maior do que eu.”
Essa declaração de Jesus, feita em Sua humanidade, era usada pelos subordinacionistas para afirmar que o Filho é inferior em essência ao Pai. Contudo, é importante notar que Jesus, ao falar isso, estava indicando Sua submissão voluntária e Seu papel redentor durante Sua encarnação, e não um desvalor da Sua essência divina. - Filipenses 2.6-8 – “Ele, subsistindo em forma de Deus, não considerou ser igual a Deus como coisa a que se devia aferrar, mas a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achando-se na forma de homem, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz.”
Os subordinacionistas usaram essa passagem para afirmar que Jesus se tornava inferior por sua obediência e humildade na cruz. No entanto, este versículo trata de Sua natureza humana, enquanto nunca negou Sua natureza divina, sendo sempre Deus. - Marcos 13.32 – “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai.”
Para os subordinacionistas, este versículo era uma base para afirmar a inferioridade de Cristo em relação ao Pai, considerando que Ele, em Sua humanidade, não possuía total conhecimento. Porém, isso se refere à distinção de papéis dentro do plano da redenção e não a um defeito na divindade de Cristo.A Falácia da Exegese Seletiva
Essa forma de interpretar as Escrituras, conhecida como exegese seletiva, é um método falho porque ignora o contexto completo das Escrituras, que revelam Jesus como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A Bíblia afirma claramente que, embora Jesus tenha se humilhado ao se fazer homem (Filipenses 2.8), Ele nunca deixou de ser plenamente divino e igual ao Pai em Sua essência (João 1.1; 10.30; Colossenses 2.9).
Além disso, os subordinacionistas desconsideram o princípio de que a Bíblia não contradiz a si mesma, e que o que é afirmado sobre Cristo em Sua humanidade (como sujeição e limitação) deve ser lido em harmonia com o que é claramente ensinado sobre Sua divindade.
III – COMO O SUBORDINACIONISMO SE APRESENTA HOJE
1- No contexto islâmico.
O Islamismo não considera Jesus como o Filho de Deus, mas como messias e profeta, e coloca Maomé acima dele. Nenhum cristão tem dificuldade em detectar o erro de doutrina (Ef 1.21; Fp 2.8-11). O Alcorão afirma que é blasfêmia dizer que Jesus é o Filho de Deus, isso com base numa péssima interpretação, pois significaria uma relação íntima conjugal entre Deus e Maria. O mais grave é que seus líderes afirmam que os cristãos pregam esse absurdo (Jd 10). Lamentamos dizer que até mesmo Satanás e os seus demônios reconhecem que Jesus é o Filho do Deus Altíssimo (Mc 5.7). A expressão “Filho de Deus” no Novo Testamento significa a sua origem e a sua identidade (Jo 8.42) e não segue o mesmo padrão de reprodução humana. Jesus foi concebido pelo Espírito Santo (Mt 1.18, 20; Lc 1.35).
No contexto islâmico, qualquer tentativa de afirmar que Jesus é o Filho de Deus é vista como uma distorção grave da fé, com base em uma interpretação errada e distorcida da natureza divina. O Alcorão se opõe fortemente à visão cristã de Jesus, associando-a a um erro no entendimento do Islã sobre a relação entre Deus e Maria. A visão islâmica sobre Jesus parte do princípio de que os cristãos fazem uma interpretação equivocada ao dizer que Ele é o Filho de Deus, e alegam que, ao afirmar isso, estariam sugerindo uma relação conjugal entre Deus e Maria, o que é completamente inaceitável para o Islã.
Surata 9:30 – O Alcorão contra a Divindade de Jesus
Em Surata 9:30 do Alcorão, está escrito:
“E os judeus dizem: ‘Uzair é o filho de Deus’. E os cristãos dizem: ‘O Messias é o Filho de Deus’. Essas são palavras da sua boca. Eles imitam o que os descrentes disseram. Que a maldição de Deus recaia sobre eles! Como podem eles se desviar?”
Essa passagem do Alcorão não apenas rejeita a ideia de que Jesus seja o Filho de Deus, mas também a considera uma afirmação blasfema. O versículo denuncia fortemente o que o Alcorão percebe como um erro dos cristãos e dos judeus, acusando-os de imitar palavras impias ao associar filhos a Deus.
Além de Surata 9:30, existem outros versículos no Alcorão que reforçam essa rejeição:
- Surata 4:171 – “Ó gente do Livro! Não transgredais na vossa religião e não digais de Allah senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, não é mais do que o Mensageiro de Allah e Seu Verbo lançado a Maria e um Espírito d’Ele. Então crede em Allah e em Seus mensageiros, e não digais: ‘Três!’ Desistam, será melhor para vocês. Allah é um só Deus. Glorificado seja Ele, acima de ter um filho!”
Aqui, o Alcorão reafirma que Jesus é apenas um mensageiro e um espírito de Deus, mas nega qualquer conceito de sua filiação divina. - Surata 5:72 – “Certamente, os que dizem: ‘Em verdade, Deus é o Messias, filho de Maria’, são descrentes. Dize: ‘Quem terá poder de Deus, caso Ele quisesse destruir o Messias, filho de Maria, e sua mãe e todos os que estão na terra?’ A Deus pertence o domínio dos céus e da terra e o que está entre eles. Ele cria o que quer. E Deus tem poder sobre todas as coisas.”
Mais uma vez, este versículo reflete a visão islâmica de que a divindade de Cristo é uma heresia grave, e que somente Deus é Deus.
O Problema com a Interpretação Islâmica
A acusação feita pelo Islã de que “Filho de Deus” implica em uma relação carnal e conjugal entre Deus e Maria é um mal-entendido fundamental. Para os cristãos, a expressão “Filho de Deus” significa a relação eterna e única entre o Pai e o Filho dentro da Trindade, sem qualquer conotação física ou sexual. Jesus, sendo concebido pelo Espírito Santo e nascido de Maria, é plenamente Deus e plenamente homem, sem que isso envolva qualquer tipo de relação biológica, como erroneamente sugere o Islã.
2- O movimento das Testemunhas de Jeová.
Este confessa publicamente que crê na existência de vários deuses: o Deus Todo-poderoso, Jeová; depois o deus poderoso, Jesus; e em seguida outros deuses menores, incluindo bons e maus. Mas a fé cristã não admite a existência de outros deuses. É verdade que a Bíblia faz menção de deuses falsos. Se são falsos, não podem ser Deus (Gl 4.8). Declara o apóstolo Paulo: “todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele” (1 Co 8.6).
Eis uma boa pergunta que incomoda as Testemunhas de Jeová: “Jesus Cristo é uma divindade falsa ou verdadeira?” Se a resposta for positiva, elas são obrigadas a reconhecer a divindade de Jesus e a Trindade; mas, se a resposta delas for negativa, elas estão admitindo que são seguidoras de um deus falso.
O cristianismo ortodoxo afirma que há um só Deus, mas Ele se revela como sendo Três em Um – o Pai, o Filho e o Espírito Santo, iguais em poder, glória e essência. No entanto, as Testemunhas de Jeová refutam essa doutrina de Trindade, dizendo que Jesus é uma criação de Deus (Jeová), um ser divino, mas inferior ao Pai. Essa visão nega a ideia cristã de que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem.
A Bíblia, de fato, menciona deuses falsos, como afirma em Gálatas 4.8: “Mas, naquele tempo, não conhecendo a Deus, servíeis aos que, por natureza, não são deuses.” Esses “deuses” mencionados não têm poder real e são falsos, ou seja, eles não têm verdadeira autoridade ou divindade.
Por outro lado, as Testemunhas de Jeová professam que Jesus, embora divino, é um deus distinto de Jeová e não igual a Ele. A sua teologia divide Jesus e Jeová em dois deuses diferentes, sendo Jeová o Deus supremo e Jesus um deus subordinado.
CONCLUSÃO
O termo “filho” em relação a Jesus tem sido assunto de debate teológico desde o período dos Pais da Igreja. A interpretação bíblica que se faz é: Jesus é Filho Unigênito não porque foi gerado, mas sim porque é da mesma substância do Pai.