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Subsidio Lição 07: As Naturezas Humana e Divina de Jesus

Subsidio Lição 07 : As Humanas e divina de Jesus 1º Trimestre 2025

Subsidio Lição 07: As Naturezas Humana e Divina de Jesus | 1° Trimestre de 2025 | EBD – ADULTOS

Quando Paulo escreve que Jesus era da “descendência de Davi segundo a carne” (Rm 1.3), ele está destacando a humanidade de Cristo. Jesus veio ao mundo como um homem real, com uma família e uma história. Ele não surgiu de forma mística ou distante, mas nasceu dentro do povo de Israel, compartilhando da nossa natureza humana. Sua linhagem está cuidadosamente registrada nos Evangelhos, tanto em Mateus quanto em Lucas, mostrando que Ele era um legítimo descendente do rei Davi. Isso confirma as profecias do Antigo Testamento, como a que Deus fez a Davi, prometendo que um de seus descendentes reinaria para sempre (2Sm 7.12-13).

Apesar de sua humanidade, Jesus foi concebido de forma única. Ele não nasceu por meio de uma relação natural entre homem e mulher.

Maria, sua mãe, era uma virgem, e Jesus foi gerado em seu ventre pelo poder do Espírito Santo. Esse evento extraordinário, mencionado em Mateus 1.20 e Lucas 1.35, é a prova do elo entre o humano e o divino em Cristo.

Em sua humanidade, Jesus sentiu fome, cansaço e dor, como qualquer um de nós. Mas, em sua divindade, Ele permaneceu santo e sem pecado, cumprindo perfeitamente o propósito de Deus. Esse equilíbrio entre ser totalmente humano e totalmente divino é o que torna Jesus único e capaz de ser o Salvador. Como homem, Ele podia nos representar diante de Deus. E como Deus, Ele tinha o poder de nos redimir.

Quando Paulo diz que Jesus foi “declarado Filho de Deus em poder” (Rm 1.4), ele está reafirmando a divindade de Cristo. Essa expressão não apenas confirma quem Jesus é, mas também destaca sua autoridade e majestade como o Filho de Deus. A divindade de Jesus fica ainda mais evidente quando Paulo o chama de “Jesus Cristo, nosso Senhor”, título que aponta para sua soberania absoluta e para o fato de que Ele não é apenas humano, mas também Deus.

Mais à frente, no mesmo livro, Paulo reforça essa ideia ao falar dos privilégios que Deus deu ao povo de Israel, como a adoção, as promessas e os pactos.

Ele conclui com uma declaração impressionante: “dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente” (Rm 9.5). Aqui, Paulo deixa claro que, embora Jesus tenha vindo como um judeu, um descendente de Israel em sua humanidade, Ele é, ao mesmo tempo, o Deus eterno, digno de adoração e louvor.

Essa verdade nos ensina que Jesus não é apenas um grande mestre ou um profeta. Ele é Deus encarnado, o Senhor que está acima de tudo e de todos. Como Deus, Ele possui poder absoluto, e foi por meio desse poder que Ele venceu o pecado e a morte, garantindo a nossa salvação. A união entre sua humanidade e sua divindade é essencial para o plano redentor de Deus e demonstra que, n’Ele, temos tanto um Salvador que compreende nossas fraquezas quanto um Senhor todo-poderoso digno de nossa plena confiança e adoração.

Paulo, ao escrever aos filipenses, nos apresenta um trecho que, provavelmente, era um hino usado pelos primeiros cristãos em seus cultos. Ele descreve a humildade de Cristo e sua natureza divina com clareza. No início, Paulo afirma que Jesus, sendo Deus, não usou sua divindade como algo para ser explorado ou usado em benefício próprio durante seu ministério terreno (Fp 2.5,6). Isso significa que, mesmo sendo totalmente Deus, Ele não se apegou aos privilégios que sua posição divina lhe conferia.

Esse trecho aponta para o estado de Cristo antes de sua encarnação, como vemos também em João 1.1,14:

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus […] e o Verbo se fez carne e habitou entre nós.” Ou seja, Jesus já existia como Deus antes de nascer como homem. Contudo, Paulo destaca que, ao assumir a natureza humana, Ele não deixou de ser Deus, mas escolheu limitar-se, voluntariamente, para cumprir o propósito de redenção.

O termo grego “morphē”, traduzido como “forma”, que Paulo usa em “sendo em forma de Deus” (Fp 2.6), indica uma essência imutável. Isso significa que, mesmo quando Jesus viveu como homem, Ele nunca deixou de ser Deus em sua essência. Porém, Ele se humilhou, assumindo a condição de servo, e foi obediente até a morte, e morte de cruz (Fp 2.7,8). Essa é a maior demonstração de amor e humildade que poderíamos conhecer.

Esse hino cristológico nos ensina sobre a união das naturezas divina e humana de Cristo em uma só pessoa. Ele nos mostra como o Filho de Deus esvaziou-se, não de sua divindade, mas de seus direitos e privilégios, para se tornar um de nós e salvar a humanidade. Mais do que um relato teológico, esse texto é um convite para seguirmos o exemplo de Cristo em humildade e obediência, reconhecendo que Ele é digno de toda honra e adoração.

A posição de Nestório partia de um desejo de preservar a distinção entre as naturezas humana e divina de Jesus. Ele argumentava que chamar Maria de “mãe de Deus” poderia implicar que Deus teve um início, o que contraria a eternidade divina claramente afirmada nas Escrituras. Além disso, essa terminologia poderia abrir espaço para a veneração indevida de Maria, algo que ele acreditava ser incompatível com o foco exclusivo no culto a Deus. No entanto, sua posição foi mal compreendida por muitos, inclusive por Cirilo, que liderou a oposição a Nestório e acusou-o de dividir Cristo em duas pessoas separadas, uma humana e outra divina.

O debate não era apenas teológico, mas também tinha implicações práticas e culturais.

Naquela época, a Igreja estava em processo de consolidar a doutrina sobre a pessoa de Cristo, especialmente em resposta a heresias como o arianismo, que negava a plena divindade de Jesus. Nestório, embora firmemente contrário ao arianismo, acabou sendo associado a ideias que pareciam enfraquecer a união entre as naturezas de Cristo. Sua insistência em uma terminologia mais precisa, apesar de bem fundamentada, foi vista como uma ameaça à unidade da fé cristã, especialmente em um momento de tensão política e religiosa.

É importante ressaltar que o título theotokos já havia ganhado popularidade entre os cristãos antes do tempo de Nestório. Ele era amplamente usado nos cultos e na piedade popular, especialmente entre aqueles que viam Maria como um símbolo poderoso de intercessão e proteção. Assim, a tentativa de Nestório de substituir theotokos por christotokos enfrentou resistência não apenas teológica, mas também emocional e cultural. Para muitos, abandonar o título parecia uma rejeição de uma tradição profundamente enraizada.

No entanto, do ponto de vista teológico, Nestório estava preocupado principalmente em proteger a verdade sobre a pessoa de Cristo.

Ele não negava que Maria fosse a mãe de Jesus, mas enfatizava que ela não poderia ser chamada de mãe de Deus no sentido pleno, pois Deus, sendo eterno e transcendente, não pode ter uma mãe. Essa distinção, embora tecnicamente correta, foi mal interpretada como uma negação da união das duas naturezas de Cristo, o que acabou levando à condenação de Nestório no Concílio de Éfeso, em 431.

O nestorianismo, associado ao pensamento de Nestório, reflete um dos debates mais complexos sobre a natureza de Cristo na história da Igreja. Nestório, fiel à formulação do Credo Niceno-constantinopolitano de 381, afirmava tanto a plena divindade quanto a plena humanidade de Cristo. No entanto, sua explicação sobre como essas duas naturezas coexistiam em Jesus foi alvo de controvérsia. Segundo a interpretação atribuída a ele, as naturezas divina e humana de Cristo não estavam unidas em uma única pessoa, mas coexistiam como duas pessoas distintas. Essa visão, que parecia dividir Cristo, foi considerada herética pelo Concílio de Éfeso, em 431.

Um dos argumentos de Nestório era baseado na analogia do casamento, mencionada em Gênesis 2.4:

“Por isso, deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” Ele usava essa comparação para ilustrar como duas naturezas distintas poderiam se unir, mantendo suas identidades individuais. Contudo, essa explicação foi considerada inadequada, pois sugeria que a divindade e a humanidade de Cristo não estavam plenamente integradas em uma única pessoa.

A principal preocupação dos opositores de Nestório, como Cirilo de Alexandria, era que essa separação entre as naturezas divina e humana comprometia a doutrina da encarnação. Se Cristo fosse dividido em duas pessoas, então, quem morreu na cruz? Quem redimiu a humanidade? A fé cristã ensina que foi o próprio Filho de Deus, em sua humanidade, quem sofreu e morreu para salvar os pecadores. Qualquer ideia que parecesse dividir Cristo em duas entidades separadas enfraquecia essa verdade central do evangelho (João 1.14; Colossenses 2.9).

Embora o Concílio de Éfeso tenha condenado o nestorianismo como heresia, alguns estudiosos modernos argumentam que Nestório foi mal compreendido. Ele nunca negou a união entre as duas naturezas de Cristo, mas suas explicações teológicas, mal interpretadas e talvez imprecisas, deram margem a essa acusação. Independentemente de suas intenções, o concílio reafirmou a doutrina da união hipostática: Cristo é uma única pessoa com duas naturezas, divina e humana, inseparáveis e indivisíveis.

A condenação de Nestório resultou em sua remoção como bispo de Constantinopla e exílio.

Apesar disso, sua influência permaneceu em algumas comunidades cristãs do Oriente, especialmente na Igreja do Oriente, que rejeitou o Concílio de Éfeso e desenvolveu sua própria tradição teológica. Historicamente, o nestorianismo também desempenhou um papel importante na expansão do cristianismo no Oriente Médio e na Ásia, embora com uma teologia ajustada às controvérsias que surgiram.

Para ilustrar a visão monofisita, Êutico utilizava comparações que expressam fusão e perda de identidade.

Por exemplo, o bronze é uma liga metálica de cobre e estanho, mas, ao ser formado, deixa de ser exclusivamente cobre ou estanho. De modo semelhante, a cor verde, ao ser criada pela mistura de azul e amarelo, não é mais puramente azul ou puramente amarela. Para Êutico, as naturezas de Cristo foram amalgamadas dessa forma, resultando em uma única “natureza” que não era completamente divina nem completamente humana.

Contudo, essa visão foi condenada no Concílio de Calcedônia, em 451, que reafirmou a doutrina da união hipostática. Segundo a fé cristã, Jesus possui duas naturezas — uma divina e outra humana — que permanecem intactas e distintas, mas unidas em uma única pessoa, sem confusão, alteração, separação ou divisão. Essa doutrina assegura que Cristo é completamente Deus e completamente homem, um fato essencial para a redenção da humanidade.

Resposta Bíblica

A Bíblia oferece uma base sólida para refutar o monofisismo e sustentar a perfeição das duas naturezas de Cristo. Em Romanos 9.5, Paulo declara que Cristo é “Deus bendito eternamente” e, ao mesmo tempo, descendente de Israel “segundo a carne”. Isso demonstra que Jesus é plenamente Deus e plenamente humano. Além disso, Filipenses 2.5-11 descreve como Jesus, embora sendo Deus, assumiu a forma de servo ao encarnar, sem deixar de ser divino. Ele se humilhou ao ponto de morrer na cruz, evidenciando sua plena humanidade, mas foi exaltado por Deus, mostrando sua divindade eterna.

Essa verdade é crucial para a salvação. Como homem, Jesus podia representar a humanidade e sofrer em nosso lugar. Como Deus, Ele tinha o poder de vencer o pecado e a morte, oferecendo redenção eterna (Hebreus 2.14-17). Se as naturezas de Cristo fossem fundidas em uma só, como sugerido pelo monofisismo, isso comprometeria a eficácia de sua obra redentora, pois Ele não seria nem completamente Deus nem completamente homem.

O Concílio de Calcedônia, realizado em 451 d.C., é amplamente reconhecido como um marco na história da cristologia, pois estabeleceu com clareza a doutrina das duas naturezas de Cristo. Essa formulação teológica buscava resolver controvérsias sobre como as naturezas divina e humana de Jesus coexistiam, defendendo uma posição fiel às Escrituras e rejeitando as heresias que surgiram anteriormente, como o nestorianismo e o monofisismo.

De acordo com a definição de Calcedônia, Cristo possui duas naturezas, divina e humana, que permanecem completas, intactas e inalteradas. Ambas se unem em uma única Pessoa e subsistência. Isso significa que, embora Cristo seja verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Ele não é dividido em duas pessoas nem misturado em uma nova essência. O documento enfatiza que a encarnação do Verbo não implica uma transformação de Deus em homem ou de homem em Deus, mas sim a união perfeita e permanente dessas duas naturezas em uma única pessoa.

Resposta às Heresias

O Concílio de Calcedônia também serviu para refutar as heresias que colocavam em risco a compreensão correta de quem é Jesus. Contra o nestorianismo, que separava as naturezas de Cristo em duas pessoas distintas, o Concílio afirmou que Cristo é uma única pessoa. Contra o monofisismo, que fundia as naturezas em uma só, o Concílio declarou que cada natureza mantém suas propriedades distintas.

Essa precisão teológica ajudou a preservar a integridade da fé cristã e continua a ser a base da cristologia ortodoxa até hoje. Por meio dessa decisão, os líderes da Igreja reafirmaram a verdade bíblica de que Jesus Cristo é o Deus-homem, a única esperança para a salvação da humanidade.

A cristologia monofisista enfatiza que, após a encarnação, a divindade e a humanidade de Cristo se fundiram em uma única natureza, que eles consideram predominantemente divina. Essa crença se baseia, em parte, na ideia de que a natureza divina de Cristo absorveu a humana, formando algo único. Contudo, essa visão entra em conflito direto com a doutrina bíblica que afirma que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem, conforme ensinado em Filipenses 2.5-11 e Hebreus 2.17.

O monofisismo não reconhece a definição de Calcedônia, que declara que as duas naturezas de Cristo — divina e humana — permanecem completas, sem mistura, alteração ou divisão, e se unem em uma só pessoa. Esse ponto é essencial para a fé cristã porque, sem a plena humanidade e plena divindade de Cristo, Sua obra redentora seria comprometida. Somente sendo Deus e homem Ele poderia reconciliar o homem com Deus (1 Tm 2.5).

Igrejas Monofisitas Hoje

As igrejas que preservam a tradição monofisista ainda mantêm práticas e crenças baseadas em suas interpretações teológicas. Entre elas estão a Igreja Ortodoxa Cóptica, com sede no Egito, a Igreja Apostólica Armênia, a Igreja Ortodoxa Síria e a Igreja Ortodoxa Etíope. Essas comunidades desempenharam um papel essencial na história do cristianismo em suas regiões e continuam a ter influência cultural e religiosa.

Embora a diferença teológica em relação à definição de Calcedônia permaneça, é importante reconhecer que essas igrejas também adoram Cristo como Salvador. Contudo, sua cristologia distinta ainda suscita debates teológicos, especialmente em questões relacionadas à plena humanidade e divindade de Cristo.

O kenoticismo apresenta duas linhas principais de interpretação:

  1. Renúncia voluntária ao uso dos atributos divinos: Essa visão defende que Jesus, enquanto na Terra, possuía todos os atributos divinos (onisciência, onipotência, onipresença), mas escolheu não utilizá-los livremente, vivendo em total submissão ao Pai e na direção do Espírito Santo (Jo 5.19; Jo 6.38).
  2. Limitação temporária de certos atributos: Outra perspectiva mais controversa sugere que Cristo teria esvaziado a si mesmo de certos atributos divinos durante Sua encarnação. Contudo, essa visão é amplamente criticada por reduzir a essência de Sua divindade, algo incompatível com as Escrituras.

O Significado do “Esvaziamento”

O esvaziamento de Cristo não significa que Ele deixou de ser Deus, mas sim que renunciou à manifestação plena de Sua glória celestial. Em João 17.5, Jesus ora ao Pai pedindo para que a glória que tinha antes da fundação do mundo fosse restaurada, indicando que Ele havia velado essa glória durante Sua vida terrena. Assim, o “esvaziamento” refere-se à Sua humilhação voluntária e à limitação autoimposta de Suas prerrogativas divinas, necessárias para cumprir Sua missão redentora.

Apesar de Sua humilhação, Jesus revelou claramente Sua divindade em vários momentos de Sua vida terrena:

  • Autoridade para perdoar pecados: Em Marcos 2.5-7 e Lucas 7.48, Ele perdoou pecados, algo que, segundo os escribas, somente Deus pode fazer.
  • Recebimento de adoração: Jesus aceitou ser adorado em diversas ocasiões (Mt 8.2; Mt 9.18; Jo 9.38), algo que seria blasfêmia se Ele não fosse Deus.
  • Poder sobre a natureza: Ele demonstrou Seu domínio divino ao repreender a tempestade e acalmar o mar (Mt 8.26-27; Mc 4.39), algo que o Salmo 65.7 atribui exclusivamente a Deus.
  • Declarações de unidade com o Pai: Em João 10.30, Jesus declara: “Eu e o Pai somos um”, reafirmando Sua igualdade com Deus.

Esses eventos reforçam que, mesmo esvaziando-se, Ele nunca deixou de ser plenamente Deus.

A Condição para o Messiado

O kenosis foi uma condição necessária para que Cristo pudesse assumir plenamente Sua missão como o Messias. Ele viveu como um homem perfeito, dependente do Espírito Santo, para ser o exemplo supremo de obediência e humildade (Fp 2.8). Ele tornou-se semelhante aos homens (Hb 2.14-17), experimentando as mesmas limitações humanas, sem jamais pecar (2 Co 5.21). Dessa forma, Ele cumpriu a Lei perfeita e tornou-se o sacrifício aceitável diante de Deus.

A doutrina do kenoticismo nos lembra que Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Ele abriu mão do uso independente de Sua glória divina para identificar-se com a humanidade e realizar a obra da redenção. Isso não diminui Sua divindade, mas exalta ainda mais o Seu amor e graça, pois Ele desceu ao nível humano para nos elevar à presença de Deus.

Embora o kenoticismo seja uma tentativa de compreender o mistério da encarnação, é essencial afirmar que Cristo não perdeu nenhum de Seus atributos divinos. A Bíblia é clara ao afirmar que “nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). O esvaziamento refere-se à Sua humilhação e não à perda de Sua essência divina. Ele era e sempre será o Deus encarnado, o Verbo que se fez carne para nos reconciliar com o Pai (Jo 1.1,14).

O título Theotokos, que significa literalmente “portadora de Deus”, foi usado por Cirilo para afirmar a união das duas naturezas de Cristo — divina e humana — em uma única pessoa. No entanto, Nestório, bispo de Constantinopla, se opôs a esse termo, propondo o uso de Christotokos (“mãe de Cristo”), pois considerava inadequado atribuir a Maria o título de “mãe de Deus”, visto que Deus é eterno e autoexistente (Sl 90.2; Is 40.28). Apesar disso, o termo Theotokos foi amplamente aceito, principalmente devido à popularidade da veneração mariana e ao desejo de combater heresias cristológicas da época.

A Crítica Bíblica ao Título “Mãe de Deus”

Do ponto de vista bíblico, Maria foi escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus em Sua humanidade. Textos como Mateus 1.20-23 e Lucas 1.31-35 deixam claro que ela concebeu o Filho de Deus em sua forma humana, sendo, portanto, a mãe do Jesus encarnado. Contudo, chamá-la de “mãe de Deus” implica uma interpretação errada da natureza divina de Cristo, pois Deus, em Sua essência, não tem origem ou dependência de um ser humano. Deus é eterno, imutável e transcendente (Ml 3.6; Tg 1.17). Assim, a expressão “mãe de Deus” pode levar à confusão teológica, sugerindo que Maria teria gerado a divindade de Cristo, algo que as Escrituras não sustentam.

Ao longo da história, o catolicismo romano desenvolveu uma teologia em torno de Maria que ultrapassa o que está escrito nas Escrituras. Doutrinas como a Imaculada Conceição, a Assunção de Maria e sua mediação co-redentora são baseadas em tradições e interpretações teológicas posteriores, não em fundamentos bíblicos. Esse processo contribuiu para a criação de um culto que coloca Maria em um papel que as Escrituras reservam exclusivamente a Cristo. Jesus é o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5) e o único capaz de salvar (At 4.12).

Um Alerta à Luz da Palavra

A popularidade do título Theotokos e o desenvolvimento da mariolatria mostram como conceitos amplamente aceitos podem desviar da verdade bíblica. Atos 8.9-11 serve como um alerta: o povo muitas vezes é atraído por aquilo que impressiona ou parece popular, mas que está em desacordo com a Palavra de Deus. É essencial que toda prática religiosa e doutrina seja examinada à luz das Escrituras, que são a única regra de fé e prática para o cristão.

Como cristãos, é fundamental reconhecer o papel especial de Maria como a mãe de Jesus em Sua humanidade e como uma serva fiel de Deus (Lc 1.38). No entanto, devemos rejeitar qualquer forma de adoração ou veneração que desvie a glória que pertence exclusivamente a Deus (Is 42.8). A verdadeira fé cristã está centrada em Cristo, o Verbo que se fez carne, e não em Maria ou em qualquer outra figura humana.

Um comentário

  1. carlos mendes

    Deus continue abençoando esse trabalho

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