Subsidio Lição 09: Quem É o Espírito Santo | 1° Trimestre de 2025 | EBD – ADULTOS
TEXTO ÁUREO
“Ora, este Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” (2 Co 3.17- NAA)
VERDADE PRÁTICA
É necessário primeiro conhecer a verdadeira identidade do Espírito Santo, à luz da Bíblia, para então poder defendê-la.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 14.16, 17, 26; 16.7-14
INTRODUÇÃO
A identidade do Espírito Santo é revelada nas Escrituras desde o livro de Gênesis até o Apocalipse. É fato que a Igreja desde os dias apostólicos o reconhecia como Deus igual ao Pai e ao Filho. Essa deidade absoluta do Espírito Santo é revelada de maneira direta, nos seus atributos divinos e nas suas obras e funções pertencentes a Deus. Todos nós precisamos estudar e conhecer essa verdade bíblica, pois desde a antiguidade existem heresias sobre a Terceira Pessoa da Trindade. É sobre isso que vamos estudar na presente lição
Palavra-Chave: Espírito Santo
I- O CONSOLADOR
1- O outro Consolador (14.16).
Jesus disse aos seus discípulos que estava voltando para o Pai, mas que continuaria cuidando da Igreja, pelo seu Espírito Santo, seu Paracleto, alguém como Ele, que teria o mesmo poder para preservar o seu povo. A palavra “outro”, nesta passagem é, no grego, allos, e significa “outro”, da mesma natureza, mesma espécie e mesma qualidade. Se o Espírito fosse uma força ativa, impessoal, conforme o ensino equivocado das Testemunhas de Jeová, a palavra correta para “outro” seria heteros, que significa: “outro do usual, diferente”. O Dicionário Vine afirma: “O termo allos expressa uma diferença numérica e denota ‘outro do mesmo tipo’; o termo heteros expressa uma diferença qualitativa e denota ‘outro de tipo diferente’. Cristo prometeu enviar ‘outro Consolador’ allos, ‘outro como Ele’, não héteros (Jo 14.16)”.
Quando Jesus anunciou aos seus discípulos que voltaria para o Pai, deixou uma promessa inestimável: o envio do Espírito Santo. Ele afirmou que não os deixaria órfãos (Jo 14.18), mas enviaria “outro Consolador” (Jo 14.16). Essa declaração demonstra o cuidado e a provisão divina para a Igreja, assegurando que a sua presença permaneceria, ainda que de forma diferente.
O termo grego usado para “outro” nessa passagem é allos, que significa “outro da mesma natureza, espécie e qualidade”.
Isso confirma que o Espírito Santo não é uma força impessoal, mas uma pessoa divina, igual ao próprio Cristo em essência. Se Jesus estivesse se referindo a um ser de natureza diferente, teria usado o termo heteros, que indica algo de qualidade distinta.
Essa verdade refuta claramente a ideia de que o Espírito Santo é apenas uma força ativa, como ensinam as Testemunhas de Jeová. O Novo Testamento apresenta o Espírito Santo como uma pessoa real, que ensina (Jo 14.26), convence do pecado (Jo 16.8), intercede pelos crentes (Rm 8.26) e pode ser entristecido (Ef 4.30). Todas essas características são de um ser pessoal e consciente, não de uma energia impessoal.
2- O Paracleto (16.7).
O termo se refere ao Espírito Santo, mas os dicionários da língua portuguesa afirmam que se trata de uma pessoa que defende e protege alguém. O termo grego paraklētos vem da preposição pará, “ao lado de, próximo”, e do verbo kaléō, “chamar, convocar”, de modo que essa palavra significa “defensor, advogado, intercessor, auxiliador, ajudador”. Paracleto, então, é o Consolador. O Consolador é enviado pelo Pai em nome de Jesus para ensinar os discípulos e fazer lembrar de tudo o que o Filho ensinou e para testificar dEle (Jo 15.26).
Jesus afirmou aos discípulos que sua partida era necessária para que o Consolador viesse: “Todavia, digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei” (Jo 16.7). Essa promessa demonstra que a presença do Espírito Santo seria a continuação do ministério de Cristo entre os seus seguidores. A missão do Espírito não seria distinta da de Jesus, mas sim a sua perpetuação, garantindo que a Igreja permanecesse fortalecida na verdade.
A atuação do Espírito Santo como Paracleto envolve diversas funções fundamentais.
Primeiramente, Ele ensina e faz lembrar tudo o que Jesus ensinou (Jo 14.26), garantindo que a verdade do Evangelho permaneça viva no coração dos crentes. Além disso, Ele testifica de Cristo (Jo 15.26), confirmando que a fé cristã se fundamenta na obra redentora do Filho de Deus.
Outro aspecto importante do ministério do Espírito é a sua obra de convencimento. Ele convence o mundo “do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8), revelando a necessidade de arrependimento e conversão. Sem essa ação, o homem natural, corrompido pelo pecado, não poderia compreender a verdade espiritual (1 Co 2.14).
O Espírito Santo também intercede pelos crentes, auxiliando-os em suas fraquezas: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26). Isso reforça a ideia de que Ele não é uma força impessoal, como ensinam algumas seitas, mas uma Pessoa Divina que age ativamente na vida dos salvos.
3- Seu uso no Novo Testamento.
O termo “paracleto” aparece apenas cinco vezes no Novo Testamento, nos escritos joaninos, quatro vezes no Evangelho, referindo-se ao Espírito Santo (Jo 14.16, 26; 15.26; 16.7). Além dEle o nome é aplicado ao Senhor Jesus e traduzido por “Advogado” (1 Jo 2.1).
Em João 14.16, Jesus promete enviar “outro Consolador”, o que indica que o Espírito Santo exercerá um papel semelhante ao dEle no acompanhamento e ensino dos discípulos. O termo “outro” (gr. allos) reafirma que o Espírito Santo possui a mesma natureza e divindade de Cristo, descartando a ideia de que Ele seja uma mera força impessoal.
Além disso, em João 14.26, Jesus reforça que o Consolador é enviado pelo Pai em Seu nome, tendo a missão de ensinar todas as coisas e recordar aos discípulos o que Cristo já havia ensinado. Isso mostra que a obra do Espírito não é independente, mas continua o ministério de Jesus. Em João 15.26, o Espírito Santo é descrito como Aquele que testifica de Cristo, evidenciando Seu papel na revelação da verdade divina. Já em João 16.7, Jesus enfatiza que Sua partida é necessária para que o Consolador venha, destacando a importância da atuação do Espírito no período da Igreja.
Por fim, em 1 João 2.1, o apóstolo João usa o termo paracleto para se referir ao próprio Jesus como nosso Advogado diante do Pai. Isso significa que Cristo intercede continuamente pelos crentes, garantindo-lhes perdão e comunhão com Deus. Essa aplicação ao Senhor confirma que tanto Ele quanto o Espírito Santo desempenham um papel de assistência e intercessão na vida dos que creem
II – SUA DEIDADE, ATRIBUTOS E OBRAS
1- Sua deidade.
A divindade do Espírito Santo é revelada na Bíblia de maneira que os nomes Deus e Espírito Santo aparecem sempre de forma alternada, tanto no Antigo Testamento como no Novo. O Espírito Santo é Javé na vida de Sansão: “o Espírito do Senhor possantemente se apossou dele” (Jz 15.14); no entanto, na sequência, lemos que depois de traído por Dalila, Sansão “(…) não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele” (Jz 16.20). Assim, tanto o Espírito de Javé e Javé, ou seja, o Espírito do Senhor e o Senhor são nomes divinos usados alternadamente. Fica claro, no Antigo Testamento, que o Espírito Santo é o próprio Deus. Esse tipo de linguagem na Bíblia mostra que Ele é Javé. Compare Êxodo 17.7 com Hebreus 3.7-9; Deus de Israel (2 Sm 23.2,3). Essa forma de apresentação é frequente na Bíblia (At 5.3, 4; 1 Co 3.16; 2 Co 3.16-18).
A Bíblia revela de maneira clara que o Espírito Santo é Deus. Isso se percebe pelo fato de que os nomes “Deus” e “Espírito Santo” aparecem alternadamente nas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Essa interligação mostra que o Espírito Santo não é uma força impessoal, como afirmam algumas seitas, mas sim uma das Pessoas da Trindade, coigual e coeterna com o Pai e o Filho.
No Antigo Testamento, há diversas evidências da divindade do Espírito Santo. Em Juízes 15.14, a Bíblia afirma que “o Espírito do Senhor possantemente se apossou” de Sansão, concedendo-lhe grande força. No entanto, quando Sansão perdeu sua comunhão com Deus, o texto declara: “Não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele” (Jz 16.20). Aqui, percebe-se que “o Espírito do Senhor” e “o Senhor” são usados alternadamente, mostrando que ambos são a mesma essência divina.
Outras passagens confirmam essa verdade.
Em Êxodo 17.7, Moisés relata que o povo “tentou ao Senhor”, e o autor de Hebreus, ao citar esse episódio, afirma que foi o Espírito Santo quem disse: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hb 3.7-9). Essa conexão mostra que o Espírito Santo é o próprio Deus que falava ao povo de Israel. Além disso, em 2 Samuel 23.2-3, Davi declara: “O Espírito do Senhor falou por mim […] Disse-me o Deus de Israel”. O paralelo entre essas frases reforça a identidade divina do Espírito.
No Novo Testamento, a deidade do Espírito Santo fica ainda mais evidente. Em Atos 5.3-4, Pedro repreende Ananias por mentir ao Espírito Santo e afirma que ele não mentiu a homens, mas a Deus. Esse trecho prova que mentir ao Espírito Santo é mentir ao próprio Deus. Em 1 Coríntios 3.16, Paulo escreve que os crentes são “templo de Deus”, e em 1 Coríntios 6.19, esclarece que esse templo é do Espírito Santo, mostrando novamente que Ele é Deus.
Outro texto relevante é 2 Coríntios 3.16-18, onde Paulo afirma que “o Senhor é o Espírito”. Essa afirmação fortalece a compreensão de que o Espírito Santo possui a mesma natureza divina do Pai e do Filho, sendo digno de adoração e reverência.
Diante dessas evidências, fica claro que o Espírito Santo não é apenas uma influência ou força ativa de Deus, mas uma Pessoa divina. Ele fala, ensina, guia e intercede pelos crentes, atributos que somente Deus pode possuir (Jo 14.26; Rm 8.26-27). Negar sua divindade é rejeitar a clara revelação bíblica sobre a Trindade.
2- Seus atributos.
A divindade do Espírito Santo é revelada na Bíblia também nos seus atributos divinos, como acontece com o Senhor Jesus Cristo. Ele é onipotente (Rm 15.19), e as Escrituras Sagradas ensinam ser o Espírito a fonte de poder e milagres (Mt 12.28; At 2.4; 1 Co 12.9-11). A onipresença é outro atributo incomunicável de Deus presente na Terceira Pessoa da Trindade, o que mostra ser Ele onipresente (Sl 139.7-10). Ele conhece todas as coisas, até as profundezas de Deus (1 Co 2.10,11); conhece o coração dos seres humanos (Ez 11.5; At 5.3-9; Rm 8.26,27) e é conhecedor do futuro (Lc 2.26; Jo 16.13; At 20.23), isso por ser Ele onisciente. Possui o atributo da eternidade, pois é chamado de “Espírito eterno” (Hb 9.14).
A onipotência do Espírito Santo se evidencia nas Escrituras. Em Romanos 15.19, Paulo declara que sua pregação foi confirmada “pelo poder do Espírito de Deus”, associando o Espírito à manifestação dos milagres. Além disso, Jesus revelou que expulsava demônios “pelo Espírito de Deus” (Mt 12.28), e no Pentecostes, o derramamento do Espírito concedeu poder aos discípulos para realizar sinais e maravilhas (At 2.4). A diversidade de dons sobrenaturais na Igreja também é operada pelo Espírito, conforme 1 Coríntios 12.9-11.
Outro atributo incomunicável que confirma a divindade do Espírito Santo é a onipresença.
No Salmo 139.7-10, Davi reconhece que ninguém pode escapar da presença do Espírito: “Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face?”. Essa passagem deixa claro que o Espírito Santo está presente em todos os lugares, o que é um atributo exclusivo de Deus.
A onisciência do Espírito Santo é outro aspecto fundamental da sua divindade. Em 1 Coríntios 2.10-11, Paulo declara que o Espírito “penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” e que somente Ele conhece plenamente a mente divina. Além disso, o Espírito conhece o coração dos homens, como demonstrado em Ezequiel 11.5 e em Atos 5.3-9, quando Pedro denuncia Ananias e Safira por mentirem ao Espírito Santo. Em Romanos 8.26-27, Paulo afirma que Ele intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus, revelando seu conhecimento perfeito do coração humano e da mente divina.
O Espírito Santo também é eterno, conforme Hebreus 9.14, onde é chamado de “Espírito eterno”. Esse atributo comprova que Ele não foi criado, mas sempre existiu, assim como o Pai e o Filho. Sendo eterno, Ele transcende o tempo e permanece inalterável, reafirmando sua divindade.
Além desses atributos, a Bíblia também revela que o Espírito Santo possui vontade própria, pois distribui os dons “como quer” (1 Co 12.11), e fala diretamente aos servos de Deus (At 13.2). Ele não é uma energia impessoal, mas um Ser divino que age, ensina, convence e guia a Igreja.
3- Suas obras.
São inúmeras as obras de Deus efetuadas pelo Espírito Santo. Ele gerou Jesus Cristo (Lc 1.35), dá a vida eterna (Gl 6.8), guia o seu povo (Sl 143.10; Is 63.14; Rm 8.14; Gl. 5.18), é o Senhor da Igreja (At 20.28) e santificador dos fiéis (Rm 15.16; 1 Pe 1.2). O Espírito habita nos crentes (Jo 14.17; Rm 8.11; 1 Co 3.16), é o autor do Novo Nascimento (Jo 3.5,6; Tt 3.5), da vida (Ez 37.14; Rm 8.11-13) e o distribuidor dos dons espirituais (1 Co 12.7-11). Essas obras são exclusivas de Deus, realizadas pelo Pai, Filho e o Espírito Santo. Essas obras divinas evidenciam que o Espírito Santo é Deus igual ao Pai.
Primeiramente, a Bíblia ensina que o Espírito Santo participou da encarnação de Cristo. O anjo Gabriel anunciou a Maria que a concepção de Jesus se daria pela ação do Espírito: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” (Lc 1.35). Somente Deus poderia realizar um milagre tão extraordinário, confirmando que o Espírito Santo tem plena autoridade divina.
Além disso, Ele é o autor da regeneração e da vida espiritual. Jesus declarou a Nicodemos que “aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.5). O apóstolo Paulo reforça essa verdade ao dizer que a salvação ocorre “pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt 3.5). Assim, a obra da salvação não é apenas do Pai ou do Filho, mas também do Espírito, que transforma o coração humano e concede vida eterna (Gl 6.8).
O Espírito Santo também atua como guia do povo de Deus.
No Antigo Testamento, Ele conduziu Israel (Is 63.14), e no Novo Testamento, continua a guiar os crentes: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8.14). Isso demonstra que a vida cristã não pode ser vivida sem a direção do Espírito, pois Ele capacita e conduz os fiéis conforme a vontade do Pai.
Outra obra essencial do Espírito Santo é a santificação dos crentes. Paulo afirma que “para que a oferta dos gentios seja agradável, santificada pelo Espírito Santo” (Rm 15.16). Pedro também declara que somos “eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito” (1 Pe 1.2). Isso significa que, sem a ação do Espírito, ninguém pode se tornar santo ou separado para Deus.
O Espírito Santo, além disso, habita nos crentes. Jesus prometeu que Ele estaria com os discípulos para sempre (Jo 14.17). Paulo reforça essa verdade ao afirmar: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós?” (1 Co 3.16). Se Ele habita nos crentes, então Ele é Deus, pois somente Deus poderia ter tal presença constante e transformadora na vida do seu povo.
Além dessas obras, o Espírito Santo é o distribuidor dos dons espirituais. Paulo ensina que “a manifestação do Espírito é concedida a cada um visando um fim proveitoso” e que Ele distribui os dons “como quer” (1 Co 12.7-11). Essa atuação confirma sua soberania e vontade própria, atributos que pertencem exclusivamente a Deus.
III – HERESIAS ANTIGAS E NOVAS
1- As primeiras heresias.
Não havia consenso sobre o Espírito Santo no Oriente nas primeiras décadas depois do Concílio de Niceia. Havia diversas interpretações.
a) Os arianistas. Ário considerava também o Espírito Santo como criatura, embora esse tema tivesse fora das discussões na época, pois o foco dos debates estava no Filho. Eunômio, um dos arianistas mais radicais, considerava o Espírito Santo como a mais nobre das criaturas produzidas pelo Filho a pedido do Pai, dizia que “o Filho é o criador do Espírito”.
b) Tropicianos. Eram uma seita do Egito, cujo nome vem de tropos, “figura”. Atanásio assim o denominou por causa da exegese figurada deles, diziam ser o Espírito Santo um anjo e uma criatura.
c) Pneumatomacianos. Surgiram depois dos tropicianos. O termo pneu- matomachoi vem de pneuma, “espírito”, e machomai, “falar mal, contra”, eram os “opositores do Espírito”. Eustáquio de Sebaste (300-380) foi o principal defensor dessa heresia, o movimento negava a divindade do Espírito Santo.
1. Os Arianistas e a visão do Espírito como criatura
O arianismo, liderado por Ário, negava a plena divindade de Cristo e, consequentemente, também reduzia o Espírito Santo à condição de criatura. Embora o foco inicial do arianismo estivesse na relação entre o Pai e o Filho, o Espírito Santo acabou sendo tratado da mesma forma. Eunômio, um dos arianos mais radicais, ensinava que o Espírito era a criação mais nobre do Filho e que sua existência se devia à vontade do Pai. No entanto, essa visão contradizia claramente as Escrituras, que afirmam que o Espírito Santo é eterno e divino. O apóstolo Pedro, ao repreender Ananias, declara que mentir ao Espírito Santo é mentir a Deus (At 5.3-4), evidenciando sua plena divindade.
2. Os Tropicianos e a interpretação figurada do Espírito
Outra heresia surgida no Egito foi a dos tropicianos, cujo nome vem do grego tropos, que significa “figura” ou “maneira”. Essa seita interpretava o Espírito Santo de forma figurada, negando sua personalidade e divindade. Eles ensinavam que o Espírito era um anjo ou uma criatura subordinada a Deus. Atanásio, um dos grandes defensores da ortodoxia cristã, combateu essa visão e reafirmou que o Espírito Santo é Deus. A Bíblia ensina que Ele tem atributos divinos, como a onipresença (Sl 139.7-10) e a onisciência (1 Co 2.10-11), demonstrando que não pode ser um mero anjo ou criatura.
3. Os Pneumatomacianos: opositores da divindade do Espírito
Com o passar do tempo, surgiu outra seita ainda mais organizada contra a doutrina do Espírito Santo: os pneumatomacianos. O nome vem das palavras gregas pneuma (espírito) e machomai (opor-se, lutar contra), indicando que eram opositores diretos da divindade do Espírito Santo. Liderados por Eustáquio de Sebaste, argumentavam que o Espírito era inferior ao Pai e ao Filho.
No entanto, essa visão entrava em choque com o ensino bíblico. O próprio Senhor Jesus, ao dar a Grande Comissão, ordenou que os discípulos batizassem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). A menção do Espírito Santo ao lado das outras duas Pessoas da Trindade indica sua igualdade e divindade. Além disso, Paulo afirma que o Espírito Santo habita nos crentes como o próprio Deus (1 Co 3.16), confirmando sua identidade divina
2- As heresias na atualidade.
O grupo religioso das Testemunhas de Jeová é seguidor da antiga linha teológica dos arianistas. Seus líderes negam a divindade e a personalidade do Espírito Santo; em sua literatura, grafam seu nome com letras minúsculas. Por exemplo, a Tradução do Novo Mundo (TNM) substitui o “Espírito de Deus” por “força ativa de Deus” (Gn 1.2) e usa a expressão: “e todos ficaram cheios de espírito santo” (At 2.4). A expressão hebraica rûach ‘ělōhîm, “Espírito de Deus”, aparece 11 vezes no Antigo Testamento e somente nessa passagem é traduzida na TNM por “força ativa de Deus”.
1. A Influência do Arianismo nas Testemunhas de Jeová
As Testemunhas de Jeová seguem a linha teológica dos arianos do século IV, negando tanto a divindade de Cristo quanto a do Espírito Santo. Seus líderes ensinam que o Espírito Santo não é uma pessoa divina, mas apenas uma “força ativa” de Deus. Essa visão se reflete em sua Tradução do Novo Mundo (TNM), que altera propositalmente textos bíblicos para sustentar sua doutrina. Por exemplo, em Gênesis 1.2, onde a maioria das versões traduz “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, a TNM traduz como “a força ativa de Deus pairava sobre a superfície das águas”. Essa mudança não se baseia na língua original, mas em uma tentativa deliberada de negar a personalidade do Espírito Santo.
Além disso, em Atos 2.4, a TNM afirma que os discípulos ficaram “cheios de espírito santo”, com letras minúsculas, minimizando sua identidade pessoal. No entanto, a Bíblia apresenta o Espírito Santo como alguém que fala (At 13.2), ensina (Jo 14.26), intercede (Rm 8.26) e pode ser entristecido (Ef 4.30). Essas características só podem ser atribuídas a uma pessoa, e não a uma simples força impessoal.
2. O Perigo das Distorsões Doutrinárias
A negação da divindade e da personalidade do Espírito Santo compromete a própria doutrina da Trindade. A Bíblia revela que o Espírito Santo é Deus, pois Ele possui atributos divinos, como a onisciência (1 Co 2.10-11), a onipresença (Sl 139.7-10) e a eternidade (Hb 9.14). Além disso, Ele realiza obras que somente Deus pode fazer, como gerar a vida (Jó 33.4), santificar os crentes (1 Pe 1.2) e distribuir dons espirituais conforme sua vontade (1 Co 12.11).
Grupos que negam a divindade do Espírito Santo acabam criando uma visão distorcida da salvação, pois rejeitam a obra regeneradora do Espírito. Em João 3.5, Jesus declara que é necessário nascer da água e do Espírito para entrar no Reino de Deus. Negar a atuação do Espírito na regeneração significa rejeitar a própria base da conversão cristã.
3- O Espírito Santo em outras religiões.
Em algumas religiões no Oriente, a noção sobre o Espírito Santo é confusa, mas se aproxima do pensamento antigo desses heresiarcas, “de modo que nada há novo debaixo do sol” (Ec 1.9).
a) Uma crença estranha.
Os intelectuais da religião islâmica, por exemplo, se apegam às palavras do Alcorão atribuídas a Jesus: “sou para vós o Mensageiro de Allah, para confirmar a Tora, que havia antes de mim, e anunciar um Mensageiro, que virá depois de mim, cujo nome é Ahmad” (61.6). Eles interpretam essa passagem corânica como cumprimento da promessa que Jesus fez sobre a vinda do Consolador, do Paracleto. Eles confundem a palavra grega periclytós, “renomado ao redor, ilustre”, com paraklētos (Jo 14.16, 26; 15.26; 16.7). Assim, concluem equivocamente que Maomé é o Consolador prometido por Jesus. Convém lembrar que periklytós não é uma palavra bíblica, não aparece em lugar algum da Bíblia Sagrada, nem no Novo Testamento grego e nem na Septuaginta.
b) Resposta bíblica.
Jesus disse que o Consolador é o próprio Espírito Santo (Jo 14.26). A promessa do Senhor Jesus é “para que fique convosco para sempre” (Jo 14.16). Trata-se de um ser que não morre, mas sim que vive para sempre, pelos séculos dos séculos. Jesus disse também que o Consolador “habita convosco e estará em vós” (Jo 14.17) e que, “quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim” (Jo 15.26). Assim, o Espírito Santo testifica de Cristo, o nosso Senhor.
1. A Interpretação Islâmica e a Confusão Terminológica
Uma das crenças mais difundidas fora do cristianismo é a interpretação islâmica sobre o Consolador prometido por Jesus. O Alcorão, livro sagrado do Islã, atribui a Jesus as seguintes palavras:
“Sou para vós o Mensageiro de Allah, para confirmar a Tora, que havia antes de mim, e anunciar um Mensageiro, que virá depois de mim, cujo nome é Ahmad” (Surata 61.6).
Os muçulmanos acreditam que essa passagem seja um cumprimento da promessa de Jesus sobre o envio do Consolador, mencionado nos Evangelhos de João (Jo 14.16, 26; 15.26; 16.7). No entanto, essa interpretação se baseia em uma confusão terminológica entre as palavras gregas paraklētos (παράκλητος), que significa “Consolador”, e periklytós (περικλυτός), que significa “renomado, ilustre”.
O problema dessa interpretação islâmica é que periklytós não aparece em nenhum lugar da Bíblia Sagrada, nem no Novo Testamento grego, nem na Septuaginta (a tradução grega do Antigo Testamento). Portanto, a tentativa de vincular Maomé ao Consolador prometido por Jesus se baseia em uma alteração do texto bíblico e não em uma análise correta das Escrituras.
2. A Resposta Bíblica
O Consolador prometido por Jesus não poderia ser um ser humano, pois Ele é o Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade. No próprio contexto dos Evangelhos, Jesus descreve o Consolador como alguém que:
- Ensina todas as coisas e faz lembrar as palavras de Cristo (Jo 14.26);
- Testifica de Cristo (Jo 15.26);
- Convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8);
- Guia os discípulos em toda a verdade e anuncia as coisas futuras (Jo 16.13).
Nenhum ser humano, nem mesmo um profeta, pode cumprir essas funções. O Espírito Santo não é apenas um mestre ou um líder religioso, mas Deus que habita nos crentes e os guia.
Além disso, o próprio Jesus identificou o Espírito Santo como o Consolador ao dizer:
“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.26).
Portanto , a clareza desse versículo elimina qualquer possibilidade de que Jesus estivesse se referindo a um líder humano futuro.
CONCLUSÃO
Vimos que a deidade e a personalidade do Espírito Santo estão presentes em toda a Bíblia de maneira abundante e tem sido crença da Igreja desde o princípio, por isso a relevância da defesa dessa doutrina. O Consolador é enviado pelo Pai, em nome de Jesus, para ensinar os discípulos e fazer lembrar de tudo o que o Filho ensinou e para testificar dEle. Não é possível uma força ativa e impessoal ser enviada em nome de alguém tendo tais atributos.
Muito lindo o comentário dessa lição, a onde tenho a prendido muito