
Subsidio Lição 12: A Igreja Tem uma Natureza Organizacional | 1° Trimestre de 2025 | EBD – ADULTOS
TEXTO ÁUREO
“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei.” (Tt 1.5)
VERDADE PRÁTICA
A Igreja é um organismo vivo de natureza espiritual e, ao mesmo tempo, uma organização.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
INTRODUÇÃO
A Bíblia apresenta a Igreja como corpo espiritual de Cristo, um organismo vivo com suas reuniões em torno do Senhor Jesus e suas ordenanças. Por outro lado, é também uma organização, congregação ou assembleia, com sua forma de governo. A presente lição pretende mostrar a natureza organizacional da Igreja.
Palavra-Chave: Organização
I – TITO E AS IGREJAS NA ILHA DE CRETA
1- Tito (v.4).
O apóstolo escreveu a Tito, estando ele em Nicópolis, na costa oeste da Grécia, ou mais provavelmente, a caminho dessa região, pois ele afirma “deliberei invernar ali”, e não “aqui”. Como as Epístolas a Timóteo, a de Tito traz importantes diretrizes para os pastores em todos os lugares e épocas. Tito é chamado de “verdadeiro filho” do apóstolo Paulo (1.4), expressão que o apóstolo também usa para Timóteo (1 Tm 1.2). Tito era grego (Gl 2.3), convertido provavelmente em Antioquia. Seu nome não é mencionado em Atos dos Apóstolos, mas aparece nove vezes em 2 Coríntios, duas em Gálatas (2.1,3), uma em 2 Timóteo (4.10) e na epístola que lhe fora destinada, que traz o seu nome. Foi companheiro do apóstolo Paulo em suas viagens missionárias, e ajudou o apóstolo em Roma (2 Tm 4.10) e em Nicópolis (Tt 3.12).
Tito foi um fiel companheiro de Paulo em suas viagens missionárias. Ele desempenhou um papel crucial na solução de problemas na igreja de Corinto, sendo enviado para organizar questões relacionadas à coleta de ofertas e à liderança local (2 Co 8.16-17). Posteriormente, ajudou o apóstolo em Roma (2 Tm 4.10) e também esteve com ele em Nicópolis (Tt 3.12).
Portanto, Tito não foi apenas um discípulo de Paulo, mas um líder confiável e capacitado para estabelecer igrejas e fortalecer os irmãos na fé. Sua missão em Creta, conforme descrita na epístola, demonstra sua responsabilidade na organização da igreja e na correção de ensinos equivocados.
2- O pastor de Creta (v. 5).
Foi constituído pastor da ilha Creta pelo apóstolo Paulo para colocar “em boa ordem as coisas que restam” e, também, para estabelecer presbíteros de cidade em cidade. Os relatos de Atos omitem esse trecho do itinerário de Paulo. Ele passou por Creta durante a sua quarta viagem, da condição de prisioneiro com destino a Roma, num local chamado “bons portos” (At 27.8), pelo que parece não foi nessa ocasião que ele deixou Tito em Creta.
A presença de Tito em Creta revela a preocupação do apóstolo com a solidez da fé cristã na região. Creta era uma ilha conhecida por sua cultura decadente e moral questionável, como o próprio Paulo cita ao lembrar as palavras de um profeta cretense: “Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos” (Tt 1.12). A igreja precisava de liderança firme e doutrina sólida para combater as influências negativas da sociedade e resistir aos falsos mestres que já se infiltravam na fé cristã (Tt 1.10-11).
Paulo instruiu Tito sobre os critérios para a escolha de presbíteros, enfatizando a importância do caráter irrepreensível e da fidelidade à sã doutrina (Tt 1.6-9). Essa responsabilidade exigia maturidade espiritual e discernimento, pois os líderes seriam os responsáveis por ensinar e corrigir os membros da igreja.
A designação de Tito como pastor de Creta reforça a necessidade de uma liderança capacitada na igreja. Seu exemplo nos ensina sobre a importância de líderes comprometidos com a verdade do evangelho, que estejam dispostos a enfrentar desafios e a edificar a igreja com dedicação e fidelidade à Palavra de Deus.
3- Creta.
Em 67 a.C., Roma anexou a ilha de Creta ao seu império, unindo-a a Cirene, no Norte da África, nos termos da Líbia, como uma só província. A situação espiritual de Creta era desanimadora porque a igreja estava desorganizada, e o grande descuido no comportamento daqueles crentes é denunciado no capítulo 2. Parece que o relaxamento espiritual era consequência de um desleixo natural, que era característica dos cretenses (Tt 1.12,13). Outro problema ali é que havia judaizantes rebeldes, mercenários e provocadores de divisão (Tt 1.10-16).
A situação espiritual da igreja em Creta era preocupante, pois estava desorganizada e enfraquecida. O apóstolo Paulo destacou essa condição ao escrever a Tito, orientando-o a corrigir os problemas existentes e a estabelecer líderes qualificados para fortalecer a fé dos crentes (Tt 1.5). No capítulo 2 de sua epístola, Paulo denuncia o comportamento relaxado de muitos cristãos da ilha, que precisavam de exortação à sobriedade, à piedade e ao zelo pelas boas obras.
Além do descuido moral e espiritual, outro grande desafio da igreja em Creta era a influência dos judaizantes rebeldes, que promoviam doutrinas erradas e causavam divisões entre os irmãos (Tt 1.10-16). Esses falsos mestres misturavam a lei mosaica com o evangelho, exigindo práticas legalistas como condição para a salvação, algo que Paulo combateu com firmeza ao longo de seu ministério.
A cultura cretense era marcada pela desonestidade e pelo egoísmo, como Paulo citou ao lembrar as palavras de um poeta da ilha: “Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos” (Tt 1.12). Essa característica cultural gerava dificuldades para a vida cristã e exigia um ensino sólido e disciplinador. Por isso, Tito recebeu a incumbência de ensinar a verdadeira sã doutrina e corrigir aqueles que estavam desviando-se da fé.
II- A INSTITUCIONALIDADE BÍBLICA DA IGREJA
1- A instrução paulina.
A organização eclesiástica a que o apóstolo Paulo instrui Tito não se restringe a uma estruturação ministerial. Estabelecer presbíteros de cidade em cidade (v. 5) e instruir os líderes durante a sua carreira apostólica (At 14.23; 20.28), o apóstolo já vinha fazendo. O Novo Testamento revela a origem e o desenvolvimento desse governo. O apóstolo menciona “os bispos e diáconos” (Fp 1.1). O contexto da epístola dá a entender que o relaxo e o descuido em que estavam as comunidades cristãs da ilha de Creta eram reflexo da cultura da região (Tt 1.12). Isso está além de um problema meramente ministerial.
A instrução de Paulo a Tito sobre a organização eclesiástica em Creta não se limita apenas à estruturação ministerial da igreja. Ao ordenar que Tito estabelecesse presbíteros de cidade em cidade (Tt 1.5), Paulo dava continuidade ao modelo de liderança que já implantava em suas viagens missionárias. Esse padrão foi aplicado em outras regiões, como registrado em Atos: “E, promovendo em cada igreja a eleição de presbíteros, orando com jejuns, encomendaram-nos ao Senhor em quem haviam crido” (At 14.23).
A estrutura de governo da igreja no Novo Testamento foi se desenvolvendo à medida que o cristianismo se expandia.
Paulo menciona “bispos e diáconos” (Fp 1.1), indicando um modelo organizacional com supervisores espirituais e auxiliares. Em Creta, a igreja precisava de organização urgente, pois os cristãos eram influenciados por uma cultura de desonestidade e preguiça, como o apóstolo mencionou.
O problema em Creta ia além da simples ausência de líderes qualificados. A cultura local contribuiu para um relaxamento espiritual entre os crentes, tornando necessária uma forte instrução pastoral. Paulo orientou Tito a nomear líderes com um caráter irrepreensível, que fossem fiéis à sã doutrina e aptos a ensinar, corrigir e exortar os irmãos na fé (Tt 1.6-9). Além disso, o apóstolo alertou sobre a presença de falsos mestres, especialmente entre os judaizantes, que estavam subvertendo a fé de muitas pessoas com ensinos errôneos (Tt 1.10-11).
2- Igreja como instituição.
Podemos definir organismo como forma individual de vida, um ser ou algo vivente. Na eclesiologia, o ensino ou estudo sobre a Igreja, significa ser a igreja um organismo porque é um corpo espiritual e vivo, cuja espiritualidade é gerada pelo Espírito Santo (1 Co 3.16, 17; 6.19; Ef 2.21). Ela é uma instituição divina que veio à existência pelo poder de Deus. Mas o nosso enfoque é a igreja como organização. Quando se fala em institucionalizar, dar caráter institucional ou de tornar institucional significa estabelecer organização. Na igreja isso foi acontecendo com o tempo desde os dias apostólicos. O apóstolo tinha em mente uma organização da igreja.
A igreja, em sua essência, é um organismo vivo e espiritual, formado por todos os que nasceram de novo em Cristo Jesus. A Bíblia ensina que os crentes são templos do Espírito Santo (1 Co 3.16,17; 6.19) e que a igreja, como um todo, é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo Jesus Cristo como a pedra angular (Ef 2.20-22). Isso significa que a igreja não é apenas uma instituição humana, mas uma criação divina, sustentada pelo próprio Deus.
No entanto, além de ser um organismo espiritual, a igreja também se desenvolveu como uma organização, com estrutura e liderança.
Desde os tempos apostólicos, vemos que os primeiros cristãos estabeleciam padrões para a administração da igreja. O próprio apóstolo Paulo, ao escrever a Tito e a Timóteo, dá diretrizes para a nomeação de presbíteros e diáconos, indicando que a igreja deveria ter líderes responsáveis por seu funcionamento (Tt 1.5; 1 Tm 3.1-13).
A institucionalização da igreja aconteceu de forma gradual. No início, os apóstolos lideravam e tomavam decisões em conjunto, como no caso do Concílio de Jerusalém (At 15.1-29). Com o crescimento do número de convertidos, tornou-se necessário organizar a igreja para garantir a ordem e a continuidade do ensino verdadeiro. Isso envolveu a nomeação de líderes locais, a definição de doutrinas e a criação de diretrizes para a administração dos recursos eclesiásticos, como vemos na escolha dos diáconos em Atos 6.1-6.
A igreja como organização não deve ser vista negativamente, mas como um meio de preservar a doutrina e promover o crescimento espiritual dos crentes.
O apóstolo Paulo enfatiza a necessidade de ordem dentro da igreja, afirmando que “Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos” (1 Co 14.33). Além disso, ele instrui que “tudo seja feito decentemente e com ordem” (1 Co 14.40), mostrando que uma estrutura bem organizada é essencial para o bom funcionamento da obra de Deus.
Portanto, a igreja é ao mesmo tempo um organismo vivo, sustentado pelo Espírito Santo, e uma instituição organizada, que precisa de liderança, disciplina e administração. Ambas as dimensões são fundamentais para que a igreja cumpra sua missão de proclamar o evangelho e edificar os crentes na fé. O modelo apostólico nos ensina que, embora o Espírito Santo guie a igreja, ela também deve manter uma estrutura bem definida para garantir sua continuidade e fidelidade à Palavra de Deus.
3- Organização.
Temos no Novo Testamento alguns lampejos que nos mostram que aqueles irmãos se organizavam. Seguem alguns exemplos a favor da organização eclesiástica: havia local e horário e ordem no culto (1 Co 14.26,40), reunião de ministério para consagração de presbíteros, segundo o contexto da época de uma igreja emergente (At 14.23); foi realizado um concílio, que nós diríamos, uma convenção, para tratar de assuntos doutrinários (At 15.6). As igrejas dispunham de serviços sociais para atender as famílias economicamente fragilizadas, os capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios tratam do assunto (Rm 15.25-27); havia na igreja de Corinto o que hoje chamaríamos de comissão de ética (1 Co 5.2-5) e também tesouraria (1 Co 16.1-3). A carta de recomendação era mais como um documento, um recurso para garantir a origem e identidade das pessoas (Rm 16.1,2).
A organização da igreja nos tempos do Novo Testamento não foi um mero acaso, mas uma necessidade natural diante do crescimento do número de fiéis e da expansão do evangelho. Desde os primeiros anos da igreja primitiva, podemos observar que havia um esforço consciente para estruturar as atividades e manter a ordem entre os irmãos.
Em primeiro lugar, percebe-se que as reuniões da igreja seguiam um padrão organizado.
Havia locais específicos para os cultos, horários determinados e uma ordem estabelecida para a liturgia.O apóstolo Paulo instruiu os coríntios a realizarem cultos de forma edificante e sem confusão, destacando a importância da ordem no serviço a Deus (1 Co 14.26,40).
Além disso, a liderança da igreja tinha uma organização bem definida. A igreja escolhia e consagrava presbíteros mediante oração e jejum, como vemos em Atos 14.23. Isso mostra que existia um critério para escolher os líderes espirituais, garantindo que homens capacitados assumissem a liderança da igreja. Do mesmo modo, o Concílio de Jerusalém (At 15.6) serviu como um exemplo primitivo do que hoje chamaríamos de convenção ou assembleia geral, onde os líderes debatiam e resolviam coletivamente questões doutrinárias, preservando a unidade da fé.
Outro aspecto fundamental da organização eclesiástica era o cuidado com os necessitados. A igreja não apenas pregava a Palavra, mas também praticava a solidariedade. O Novo Testamento menciona diversas iniciativas de assistência social, como as coletas para os santos necessitados em Jerusalém (Rm 15.25-27; 2 Co 8-9). Isso demonstra que havia um planejamento para distribuir recursos e atender às necessidades da comunidade cristã.
Além dessas questões, a igreja primitiva também estabelecia padrões éticos e disciplinares.
Em Corinto, por exemplo, vemos um caso de correção aplicada à imoralidade na igreja, algo que hoje poderíamos comparar a uma comissão de ética (1 Co 5.2-5). Essa estrutura disciplinar ajudava a manter a santidade do corpo de Cristo e a preservar a pureza doutrinária.
Por fim, a igreja já possuía um sistema financeiro organizado. A tesouraria era administrada de forma criteriosa, e as ofertas eram coletadas e distribuídas de maneira planejada (1 Co 16.1-3). Além disso, os cristãos utilizavam cartas de recomendação para identificar e autenticar a procedência de pregadores e missionários itinerantes, como mencionado em Romanos 16.1-2. Esse cuidado com a identificação dos irmãos demonstrava o zelo da igreja para manter a ordem e evitar infiltrações de falsos mestres.
III – A QUESTÃO ATUAL
1- Organismo e organização.
A ideia é de que a igreja deve se restringir a um local onde as pessoas se reúnem para adorar a Deus, estudar a Palavra, pregar o evangelho, orar e celebrar as ordenanças eclesiásticas. O que alguns ainda não entenderam é que essas atividades espirituais exigem uma organização. A nossa atitude é mostrar que a Bíblia nos apresenta a igreja como um organismo e ao mesmo tempo uma organização. Mas nunca devemos nos esquecer de que somos cidadãos de duas pátrias, a terrestre e a celestial, e isso significa responsabilidade com as autoridades civis constituídas (Rm 13.1-7) como também com as autoridades eclesiásticas (Hb 13.17). O ensino de Jesus é: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Mt 22.21). A organização da igreja além de ser uma necessidade natural é também uma exigência do Estado.
Ao longo da história, a igreja foi vista de várias formas, mas é tanto um organismo vivo quanto uma organização. A Bíblia a define como o Corpo de Cristo, formado pelos salvos, com funções que exigem ordem e planejamento.
Como organismo, a igreja é um corpo espiritual, vivo e sustentado pelo Espírito Santo.
O apóstolo Paulo ilustra essa verdade ao comparar a igreja ao corpo humano, onde cada membro desempenha um papel essencial (1 Co 12.12-27). Assim como um corpo físico precisa de coordenação para funcionar corretamente, a igreja necessita de unidade e cooperação para cumprir sua missão na Terra.
A igreja é também uma organização, pois suas atividades, como culto, ensino da Palavra, evangelização, oração e ordenanças, exigem estrutura e administração para ocorrerem com ordem e decência (1 Co 14.40). A escolha de líderes, como presbíteros e diáconos, demonstra que, desde os tempos apostólicos, a igreja já possuía uma estrutura para garantir sua funcionalidade (At 6.1-6; 1 Tm 3.1-13).
Além dessas questões espirituais, a igreja também tem responsabilidades civis.
Como cidadãos da Terra e do Céu, devemos obedecer às autoridades constituídas, conforme ensina a Palavra de Deus (Rm 13.1-7). O respeito às leis e normas da sociedade não anula a nossa fé, mas é um testemunho da nossa obediência a Deus. Jesus mesmo ensinou esse princípio ao afirmar: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Mt 22.21).
2- A experiência pentecostal.
O movimento pentecostal moderno surgiu num contexto antidenominacionista e ainda hoje há os que acreditam que tal organização representa um problema à vida espiritual. Os primeiros pentecostais modernos desde os seus ancestrais, o Movimento Holiness, conhecido também como Movimento de Santidade, eram contra à institucionalidade da Igreja. Charles Fox Pahram, aos 20 anos de idade, assumiu o pastorado de uma Igreja, em Eudora, Kansas, mas, em 1895, ele entregou a licença de pregador local, deixando o denominacionismo para sempre, de modo que se tornou itinerante independente até o fim da vida. Mas a igreja do período apostólico adotou um programa de funcionamento logo no limiar de sua história e foi uma bênção, pois ajudou a cumprir a sua tarefa de maneira eficaz (At 6.1-7).
A experiência pentecostal, desde o seu surgimento, esteve marcada por uma busca intensa pelo poder do Espírito Santo e por uma forte ênfase na manifestação dos dons espirituais. No entanto, muitos dos primeiros pentecostais, influenciados pelo Movimento Holiness, tinham uma visão contrária à institucionalização da igreja. Eles acreditavam que uma estrutura formal poderia limitar a ação do Espírito e esfriar a espiritualidade dos crentes.
Charles Fox Parham, um dos pioneiros do pentecostalismo moderno, exemplifica essa postura.
Embora tenha assumido o pastorado de uma igreja em Eudora, Kansas, ele decidiu abandonar o denominacionalismo em 1895, tornando-se um pregador itinerante e independente. Seu desejo era manter uma fé livre de amarras institucionais, confiando apenas na direção do Espírito Santo para guiar a igreja.
Entretanto, ao olharmos para a igreja primitiva, percebemos que, desde os primeiros dias, houve a necessidade de organização. Em Atos 6.1-7, os apóstolos enfrentaram desafios no atendimento às viúvas da comunidade cristã e, para solucionar esse problema, instituíram um grupo de servos, os diáconos, para auxiliar na administração da igreja. Essa decisão não apenas manteve a unidade dos crentes, mas também permitiu que os apóstolos se concentrassem na oração e na pregação da Palavra.
Além disso, vemos na Bíblia outras evidências de que a igreja precisava de um funcionamento ordenado.
O apóstolo Paulo instruiu Timóteo e Tito sobre a nomeação de presbíteros e diáconos (1 Tm 3.1-13; Tt 1.5-9), mostrando que uma liderança estruturada era essencial para a edificação da igreja. Ele também enfatizou a importância de que os cultos fossem conduzidos com ordem e decência (1 Co 14.40), garantindo que a adoração coletiva fosse edificante e organizada.
Embora o pentecostalismo tenha surgido em meio à resistência à institucionalização, a história e a Bíblia mostram que a organização da igreja é uma bênção, não um obstáculo. A estrutura e a ordem ajudam a cumprir a missão sem limitar a ação do Espírito Santo. A experiência pentecostal autêntica não se opõe à organização, mas pode coexistir de forma equilibrada para a glória de Deus e o avanço do Reino.
3- É necessário organizar.
Em 1914, alguns dos pioneiros entenderam que havia chegado a hora de rever o sentimento antidenominacionista de Parham e de outros líderes que havia entre os pentecostais da santidade, isso para evitar um crescimento desordenado. Foi nesse contexto que foi criado o Concílio das Assembleias de Deus nos Estados Unidos. No Brasil não foi diferente. Diante do avanço da obra no Brasil era necessário estruturar o Movimento Pentecostal e criar um órgão máximo para manter a identidade e a unidade doutrinária das dessas igrejas no país e, dessa forma, trazer soluções para as questões de ordem doméstica, interna e externa. Foi com base nesses ideais que os pioneiros brasileiros e suecos criaram a Convenção Geral das Assembleias de Deus, em setembro de 1930.
A necessidade de organização dentro do movimento pentecostal se tornou evidente à medida que o crescimento das igrejas avançava rapidamente. Inicialmente, muitos líderes pentecostais, influenciados pelo pensamento de Charles Parham e pelo Movimento de Santidade, resistiam à ideia de institucionalização. No entanto, com o passar do tempo, perceberam que a falta de estrutura poderia comprometer a identidade doutrinária, gerar divisões e dificultar o avanço da obra de Deus.
Em 1914, diante desse cenário, um grupo de pioneiros pentecostais nos Estados Unidos decidiu revisar sua postura antidenominacional.
Eles entenderam que era fundamental estabelecer um sistema organizacional para evitar o crescimento desordenado e preservar a unidade das igrejas.
Assim, o Concílio Geral das Assembleias de Deus surgiu para fornecer diretrizes doutrinárias e administrativas às congregações.
No Brasil, o movimento pentecostal crescia rapidamente, e os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que chegaram em 1910, logo perceberam a necessidade de uma estrutura organizacional. Sem um órgão central, havia o risco de doutrinas divergentes e perda da identidade teológica. Além disso, questões internas, como a ordenação de obreiros, o envio de missionários e a resolução de conflitos, exigiam uma autoridade para garantir a harmonia entre as congregações.
Foi nesse contexto que, em setembro de 1930, foi fundada a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).
Esse órgão tornou-se responsável por manter a unidade doutrinária, estabelecer diretrizes administrativas e representar as igrejas Assembleias de Deus no país. Desde então, a organização tem desempenhado um papel essencial na consolidação do movimento pentecostal no Brasil, garantindo que a obra do Senhor continue avançando com ordem e fidelidade às Escrituras.
Biblicamente, a necessidade de organização se confirma na estrutura da igreja primitiva. Paulo instruiu seus discípulos a nomearem presbíteros nas igrejas (Tt 1.5) e ensinou que tudo deve ser feito com ordem e decência (1 Co 14.40). Jesus também afirmou que um reino dividido não pode subsistir (Mc 3.24-25), destacando a importância da unidade e da organização na obra de Deus.
Organizar a igreja não limita a ação do Espírito Santo. Pelo contrário, cria condições para a pregação eficaz da Palavra e a edificação dos crentes em um ambiente de ordem e comunhão. Além disso, quando baseada nos princípios bíblicos, a organização torna-se uma ferramenta valiosa para o crescimento da igreja e a propagação do Evangelho.
CONCLUSÃO
É importante entender que organização e organismo não são elementos excludentes em si mesmos, mas o contrário, pois isso ajuda no arranjo entre muitos organismos individuais num sistema geral. A Igreja é o povo de Deus do Novo Concerto, é uma comunidade internacional, uma congregação supranacional de estrangeiros e peregrinos (1 Pe 2.11). Seria humanamente impossível ela cumprir a sua agenda missionária, evangelizadora, ensino da Palavra e serviço social em nosso país e no mundo sem uma estrutura organizacional.
A paz do Snhor Jesus Cristo, Deus abençoe grandemente pelo subsidio disponibilizado aqui.
Glória a Deus.