Subsidio Lição 01: Duas Importantes Mulheres na História de um Povo | 3° Trimestre de 2024 | EBD ADULTOS
TEXTO ÁUREO
“Então, as mulheres disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que não deixou, hoje, de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel.” (Rt 4.14)
VERDADE PRÁTICA
Conhecidas ou anônimas, muitas mulheres foram fundamentais no plano divino de redenção da humanidade.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Rute 4.13-22; Ester 7.1-7
INTRODUÇÃO
Rute e Ester são os dois livros da Bíblia que levam o nome de mulheres. Registam duas das mais belas, extraordinárias e dramáticas histórias sagradas. A primeira, ocorrida em Moabe e Belém, no período dos juízes, que durou, aproximadamente, de 1375 a 1050 a.C. A segunda, na Pérsia, depois do cativeiro a.C. Rute e Ester viveram em épocas, circunstâncias e contextos muito diferentes, mas expressaram as mesmas virtudes espirituais e morais: fé, convicção, humildade, coragem, obediência, simplicidade, pureza, abnegação, temor a Deus e disposição de servir. Essas duas mulheres foram fundamentais para a preservação do povo judeu, a descendência piedosa de Abraão. Suas vidas continuam sendo fontes de profunda inspiração para todos que desejam agradar a Deus e viver para a sua glória (Sl 147.11; 1 Co 10.31; Hb 11.6).
Palavra-Chave: Mulheres
I – RUTE: UMA MULHER IMPORTANTE PARA A LINHAGEM DE DAVI
1- Uma moabita.
Descendentes de Moabe, filho da relação incestuosa de Ló, o sobrinho de Abraão, com sua filha mais velha (Gn 19.30-37), os moabitas eram um povo pagão, hostil a Israel desde os dias do rei Balaque (Nm 22.1-6; Dt 23.3,4; Jz 11.17). Habitavam a leste do mar Morto (atual Jordânia) e eram dados à idolatria e à imoralidade sexual (Nm 25.1,2; Ap 2.14). Pertencendo a este povo, era de todo improvável que Rute fizesse parte da linhagem de Davi, família da qual viria o Messias, o Salvador do mundo (Gn 49.8-10; Is 11.1,10; Mq 5.2; Ap 5.5). Mas os caminhos de Deus são mais altos que os nossos; estão muito acima de nossa compreensão (Is 55.8,9; Rm 11.33). Ele é soberano (Jó 42.2). Faz do improvável, provável e do impossível, possível quando cremos nEle, o tememos e obedecemos sem impor-lhe qualquer condição (Gn 18.14-16; Hb 11.8-11).
Os moabitas, descendentes de Moabe, filho de Ló com sua filha mais velha, tinham uma origem marcada pelo incesto (Gênesis 19:30-37). Esta origem já colocava uma marca negativa sobre o povo de Moabe aos olhos de Israel. Os israelitas viam os moabitas como uma nação que surgiu de uma união proibida, o que lhes dava uma reputação de impureza desde o início.
Portanto, historicamente, os moabitas eram inimigos de Israel. A hostilidade entre os dois povos é evidente em vários episódios bíblicos.
O rei Balaque de Moabe, certa vez tentou amaldiçoar os israelitas por meio do profeta Balaão (Números 22:1-6). Essa tentativa de usar meios espirituais para prejudicar Israel ressalta a animosidade existente. Além disso, durante o Êxodo, os moabitas se recusaram a oferecer hospitalidade aos israelitas (Juízes 11:17). Devido a esta e outras inimizades, Deus ordenou que nenhum moabita entrasse na congregação do Senhor até a décima geração (Deuteronômio 23:3-4).
Os moabitas também eram conhecidos por suas práticas idólatras e imorais. Em Números 25:1-2, os israelitas são seduzidos pelas moabitas, levando-os a praticar idolatria e cometer fornicação. O culto aos deuses moabitas, como Quemos e Baal-Peor, frequentemente envolvia rituais que eram abomináveis aos olhos dos israelitas, incluindo sacrifícios humanos e prostituição cultual (1 Reis 11:7; Números 25:3). Essa associação reforçava a imagem dos moabitas como um povo corrupto e espiritualmente poluído, distante dos padrões morais e religiosos de Israel.
A história de Rute desafia os preconceitos culturais e étnicos de Israel.
Embora os moabitas fossem tradicionalmente vistos como inimigos, Rute é recebida e integrada no povo de Deus. Isso reflete a graça de Deus, que transcende barreiras étnicas e culturais. Dessa forma , a aceitação de Rute pela comunidade de Belém, especialmente por Boaz, mostra que a fidelidade a Deus e o caráter pessoal podem superar as barreiras culturais e históricas, revelando uma visão mais inclusiva e misericordiosa.
Rute se casa com Boaz, um israelita, e assim é incorporada na linhagem de Davi, e por conseguinte, na linhagem de Jesus Cristo (Mateus 1:5-6). Isso ilustra a natureza inclusiva do plano redentor de Deus, onde até os considerados “improváveis” são parte do Seu propósito. A união de Rute e Boaz é um símbolo poderoso da redenção, mostrando como Deus pode transformar e redimir qualquer vida, independentemente de seu passado ou origem. Esta união é um precursor do plano de Deus de incluir todas as nações em Seu plano de salvação.
Assim, a inclusão de Rute na genealogia de Jesus mostra a soberania de Deus. Ele escolhe alguém de um povo inimigo para desempenhar um papel crucial na linhagem messiânica. Isso revela que os caminhos de Deus estão além da compreensão humana e que Ele pode usar qualquer pessoa para cumprir Seus propósitos (Isaías 55:8-9; Romanos 11:33). Portanto, a história de Rute destaca que Deus está no controle de todas as coisas e que Ele frequentemente realiza Seus propósitos através de meios inesperados e pessoas que o mundo pode desconsiderar.
2- A família belemita.
A história de Rute muda a partir de seu ingresso em uma piedosa família de Belém de Judá, que peregrinava nos campos de Moabe por causa da fome que assolava a terra de Israel (Rt 1.1). Eram Elimeleque, sua mulher, Noemi, e os filhos Malom e Quiliom. Depois de algum tempo na terra dos moabitas, Elimeleque morre, ficando Noemi na companhia de seus dois filhos (Rt 1.2,3). Rute se casou com Malom, o mais velho deles (Rt 4.10). Ao final de quase 10 anos, também Malom e seu irmão Quiliom morreram. Viúva e sem filhos, Noemi decide voltar a Belém, motivada pela notícia de que a fome havia cessado em sua terra. Embora pudesse permanecer em Moabe – como decidiu Orfa, viúva de Quiliom –, Rute escolhe ir com sua sogra Noemi, declarando sua fé no Deus de Israel (Rt 1.4,6,16).
A história de Rute muda quando ela ingressa em uma piedosa família de Belém de Judá. Esta família, composta por Elimeleque, sua mulher Noemi, e seus filhos Malom e Quiliom, peregrinava nos campos de Moabe por causa da fome que assolava a terra de Israel (Rute 1:1). A decisão de Elimeleque de levar sua família para Moabe, uma terra pagã, era uma medida desesperada para escapar da crise, mostrando a severidade da fome em Israel.
Após algum tempo na terra dos moabitas, Elimeleque morre, deixando Noemi na companhia de seus dois filhos (Rute 1:2-3).
Durante esse período, os filhos de Noemi se casam com mulheres moabitas: Malom com Rute e Quiliom com Orfa (Rute 1:4). Esta união inter-racial era incomum e controversa, dada a tensão entre israelitas e moabitas. Ao final de quase dez anos, também Malom e Quiliom morrem, deixando Noemi viúva e sem filhos (Rute 1:5).
Desolada e sem sustento, Noemi decide voltar a Belém após ouvir que a fome havia cessado em sua terra (Rute 1:6). Este retorno simboliza uma busca de Noemi por segurança e apoio em sua terra natal. Noemi incentiva suas noras moabitas a permanecerem em Moabe, pois isso parecia oferecer-lhes melhores chances de um futuro estável. Orfa decide ficar, mas Rute, em um ato de grande lealdade e fé, insiste em acompanhar Noemi. (Rute 1:16)
Rute e Noemi retornam a Belém juntas, iniciando uma nova fase em suas vidas. O compromisso de Rute com Noemi e sua disposição de se integrar ao povo e à fé de Israel são elementos chave que moldam o restante de sua história
3- Matrimônio e maternidade.
Esta síntese biográfica tem seu ápice em Belém, com dois eventos que foram fundamentais para que o propósito de Deus se cumprisse na vida dessa moabita. Apegada à sua sogra e sempre disposta a obedecê-la e servi-la, Rute alcança o favor do Deus de Israel, “sob cujas asas te vieste abrigar” (Rt 2.12). O casamento com Boaz, parente de Elimeleque, e o nascimento de seu filho Obede (heb. “servo”) fazem de Rute uma ascendente direta de Davi (de quem foi bisavó) e integrante da genealogia de Jesus (Rt 4.1-22; Mt 1.5-17; Lc 3.32). Honrar o casamento e a geração de filhos traz a bênção de Deus para muitas gerações (Hb 13.4; Sl 127.3-5).
Após retornar a Belém com sua sogra Noemi, Rute, se vê em uma situação vulnerável. Noemi, conhecendo as leis e costumes de Israel, orienta Rute a buscar Boaz, um parente próximo de seu falecido marido Elimeleque, como redentor. A prática do levirato permitia que um parente próximo se casasse com a viúva para continuar a linhagem do falecido. Boaz, um homem justo e piedoso, reconhece a virtude e lealdade de Rute. Portanto , ele concorda em cumprir o papel de redentor, casando-se com ela e garantindo-lhe proteção e segurança (Rute 4:1-10).
O casamento de Rute e Boaz não só traz estabilidade e esperança a Rute e Noemi, mas também resulta no nascimento de seu filho Obede.
Este nascimento é celebrado não apenas pela família imediata, mas por toda Belém, que vê o nascimento de Obede como uma bênção e um sinal da bondade de Deus (Rute 4:13-17). Obede, cujo nome significa “servo”, é uma figura crucial, pois ele se torna o avô do rei Davi, estabelecendo Rute como uma ancestral direta de Jesus Cristo, conforme registrado nas genealogias do Novo Testamento (Mateus 1:5-6; Lucas 3:32).
Rute honrou o casamento e a maternidade, elementos que são altamente valorizados nas Escrituras (Hebreus 13:4; Salmos 127:3-5). Dessa forma , sua história mostra que ao seguir os preceitos de Deus e manter a fidelidade a Ele, mesmo em circunstâncias adversas, é possível alcançar grandes bênçãos e um legado duradouro. A inclusão de Rute, uma moabita, na linhagem de Davi e de Jesus Cristo, também ilustra a graça inclusiva de Deus, que transcende barreiras culturais e étnicas.
II – ESTER: A MULHER QUE AGIU PARA A SOBREVIVÊNCIA DOS JUDEUS
1- De Belém para Susã.
Cerca de cinco séculos depois de Rute, a Bíblia nos apresenta outra mulher notável, Ester, também usada providencialmente por Deus para a preservação do povo de Israel. Filha de Abiail, tio de Mardoqueu, Ester era judia. Órfã de pai e mãe, foi criada pelo primo Mardoqueu (Et 2.5-7,15). Seu nome hebraico era Hadassa, que significa “murta”, uma das plantas favoritas do mundo antigo, de folhas perfumadas e flores brancas ou rosadas, usadas para perfumar ambientes e fazer grinaldas para os nobres nos banquetes. Já o nome persa Ester (stara) significa “estrela”. Ester fazia parte da geração de judeus nascidos no cativeiro. Conforme Isaías e Jeremias haviam profetizado, o fim do cativeiro babilônico foi decretado por Ciro, rei da Pérsia, no ano 538 a.C. (Is 44.26,28; 45.1,4,5,13; Jr 29.10-14). No entanto, a maioria dos judeus permaneceu na Babilônia, sob domínio persa.
A história de Ester nos ensina que a verdadeira grandeza não é medida por status ou posição, mas pela disposição de servir a Deus e aos outros com humildade e fidelidade. Sua vida mostra que, mesmo quando não vemos a totalidade do plano de Deus, podemos confiar que Ele está trabalhando todas as coisas para o bem daqueles que O amam (Romanos 8:28). Ester enfrentou situações de extrema dificuldade e risco, mas sua história demonstra que a providência divina está sempre em ação, guiando e protegendo aqueles que são fiéis a Ele.
2- De órfã a rainha.
Susã era a capital do novo império (Et 1.1,2). Lá viviam Ester e Mardoqueu, dentre milhares de outros judeus. Dotada de rara beleza, Ester integrou o grupo de moças virgens que se candidataram para suceder a rainha Vasti, deposta pelo rei Assuero por sua desobediência, como escreve o historiador judeu Flávio Josefo. Vasti se recusou a comparecer a um banquete oferecido pelo rei nos jardins de seu palácio (Et 1.5-8,10-12,21,22).
Em um inequívoco ato da providência divina, Ester se tornou rainha em seu lugar (Et 2.16,17). Cinco anos depois, essa jovem judia, agindo com sabedoria e muita coragem, obteve de Assuero um decreto que livrou da morte o povo judeu de todo o império (Et 8 e 9). Como diz Matthew Henry, “ainda que o nome de Deus não se encontre [no livro de Ester], o mesmo não se pode dizer de sua mão, guiando minuciosamente os fatos que culminaram na libertação de seu povo”.
A história de Ester ocorre durante o reinado de Xerxes I (Assuero), quando, devido à desobediência da rainha Vasti, o rei procura uma nova rainha. Ester, por sua beleza e graça, é escolhida para ser a nova rainha de Pérsia (Ester 2:17). Sua posição se torna crucial quando Hamã, um alto oficial do rei, planeja exterminar todos os judeus no império. Mardoqueu persuade Ester a interceder junto ao rei, apesar do risco de morte por aproximar-se dele sem ser chamada (Ester 4:13-16).
Demonstrando coragem e sabedoria, Ester revela sua identidade judaica ao rei e denuncia os planos de Hamã.
O rei, comovido e irado, ordena que Hamã seja executado e emite um decreto permitindo que os judeus se defendam de seus inimigos (Ester 7:3-10; 8:11-12). A ação de Ester não só salva seu povo, mas também institui a celebração do festival de Purim, comemorando a libertação dos judeus (Ester 9:20-22).
Ambas as histórias de Rute e Ester são exemplos poderosos de como Deus usa mulheres em posições improváveis para realizar Seus propósitos. Rute, uma viúva moabita, se torna parte da linhagem messiânica ao se casar com Boaz e dar à luz Obede, o avô do rei Davi. Ester, uma órfã judia em um palácio persa, salva seu povo da destruição através de sua posição como rainha. Enquanto Rute exemplifica a inclusão dos gentios no plano de Deus, Ester destaca a proteção e providência divina sobre o povo de Israel no exílio.
3- No campo ou no palácio.
Assim como Rute, Ester é um exemplo inspirativo do quanto valem a fidelidade e a confiança em Deus, seja qual for o contexto em que vivamos. Os princípios divinos são absolutos e imutáveis; suficientes para orientar nossa conduta em qualquer tempo e lugar (Sl 19.7-9; 119.89-91).
Os exemplos de Rute e Ester mostram que os princípios divinos podem ser aplicados em qualquer contexto. Seja no campo humilde de Moabe ou no luxuoso palácio persa, a fidelidade e a confiança em Deus resultam em provisão e proteção divina. As Escrituras nos ensinam que os mandamentos de Deus são “verdadeiros e justos todos eles” (Salmos 19:9). Além disso, a Palavra de Deus é eterna: “A tua fidelidade dura de geração em geração; estabeleceste a terra, e ela permanece” (Salmos 119:90).
Essas histórias nos encorajam a confiar em Deus independentemente de nossas circunstâncias.
Podemos estar enfrentando desafios financeiros, problemas de saúde, ou situações de injustiça e opressão. Porém, assim como Rute e Ester, somos chamados a viver de acordo com os princípios divinos, sabendo que Deus é fiel e justo. A fé em Deus não depende do contexto externo, mas de uma confiança inabalável em Sua soberania e bondade. Os princípios divinos, como a honestidade, a justiça, a compaixão e a obediência a Deus, são aplicáveis em todas as situações e garantem que, ao buscarmos a vontade de Deus, Ele guiará nossos passos e proverá nossas necessidades.
Portanto, as vidas de Rute e Ester nos mostram que, independentemente de onde estamos, os princípios divinos nos guiarão e resultarão em bênçãos e provisão. Dessa forma, devemos, firmar nossa fé na Palavra de Deus, que é eterna e imutável, confiando que Ele está no controle de todas as circunstâncias de nossas vidas.
III – MULHERES DE DEUS COMO PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA
1- O protagonismo feminino.
A liderança masculina, instituída por Deus (Gn 1.26; cf. Ef 5.22,23), não anula o propósito divino com a mulher, nem lhe retira a possibilidade de, em muitas circunstâncias, ser protagonista da história. Isso não implica, todavia, na necessidade de confundir ou inverter os papéis entre homem e mulher. Os exemplos de Rute e Ester são eloquentes neste sentido. Não foi a altivez, mas a humildade, a submissão e a obediência que tornaram, tão relevante, a vida dessas mulheres.
A liderança masculina, conforme instituída por Deus nas Escrituras (Gênesis 1:26; Efésios 5:22-23), não diminui o propósito divino para as mulheres, nem retira a possibilidade de serem protagonistas em muitas circunstâncias. É importante entender que a ordem estabelecida por Deus na criação não implica em inferioridade ou subserviência, mas sim em um propósito harmonioso e complementar entre homens e mulheres.
Por outro lado, Efésios 5:22-23 descreve a liderança masculina de maneira que a mulher é chamada a submeter-se ao marido como ao Senhor, enquanto o marido é instruído a amar a esposa como Cristo amou a igreja, estabelecendo um relacionamento de cuidado, proteção e amor sacrificial. Este modelo não exclui a possibilidade de mulheres desempenharem papéis de destaque. Pelo contrário, evidencia que homens e mulheres têm funções complementares que, quando respeitadas, promovem harmonia e propósito divino.
Os exemplos de Rute e Ester demonstram que o protagonismo feminino na Bíblia é caracterizado pela humildade, submissão e obediência a Deus.
Estes atributos são a base para a verdadeira grandeza no Reino de Deus. Jesus ensinou que “quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo” (Mateus 20:26), enfatizando que a verdadeira liderança e relevância vêm através do serviço e da obediência.
2- Cumprindo os papéis.
Noemi dá testemunho de que Rute cumpriu bem a função de esposa (Rt 1.8). Seu extraordinário relacionamento com a sogra não nos permite outra conclusão. Ambas eram mulheres sábias, que conheciam bem os seus papéis (Rt 1.11-13), o que é fundamental para uma boa convivência em família, inclusive entre nora e sogra (Pv 14.1).
Rute é descrita como uma mulher de grande virtude e lealdade. Após a morte de seu marido, ela escolheu permanecer ao lado de sua sogra Noemi, demonstrando um compromisso que ia além do vínculo conjugal inicial. Em Rute 1:8, Noemi reconhece a dedicação de Rute, dizendo: “Vão, voltem para a casa de suas mães. Que o Senhor seja bondoso com vocês, como vocês foram com os seus falecidos e comigo.”
Essa declaração mostra o cumprimento fiel dos deveres de Rute como esposa. Mesmo após a morte de seu marido, sua lealdade e cuidado para com Noemi mostram um caráter excepcional. Rute também assume responsabilidades adicionais, trabalhando diligentemente nos campos de Boaz para sustentar a si mesma e a sua sogra (Rute 2:2-3).
Noemi, por sua vez, demonstra sabedoria e amor em seu relacionamento com Rute.
Ela não apenas aceita a companhia e ajuda de sua nora, mas também a orienta com conselhos sábios. Em Rute 3:1-4, Noemi instrui Rute sobre como se apresentar a Boaz, um parente redentor, garantindo assim a proteção e provisão para ambas. Esse conselho reflete o profundo entendimento de Noemi sobre os costumes e leis de Israel, bem como seu desejo de assegurar um futuro seguro para Rute.
Em um mundo onde os papéis familiares muitas vezes são questionados ou mal compreendidos, a sabedoria bíblica proporciona um fundamento sólido para relacionamentos saudáveis. Nora e sogra, assim como outros membros da família, podem aprender a respeitar e apoiar uns aos outros, promovendo a harmonia e a paz no lar.
As Escrituras ensinam que cada membro da família tem um papel específico e que a sabedoria na execução desses papéis contribui para a estabilidade e a felicidade familiar. Efésios 5:22-33 e 6:1-4 delineiam responsabilidades claras para maridos, esposas, pais e filhos, enfatizando o amor, a submissão e a obediência.
3- Educação familiar.
Não foi apenas a beleza de Ester que lhe fez ser escolhida rainha, mas também sua humildade e seu bom comportamento no palácio (Et 2.15-17). Apesar de órfã, Ester havia recebido uma boa educação de Mardoqueu, a quem devotava obediência e profundo respeito (Et 2.10; 4.1-4). É no lar que somos forjados para os grandes desafios da vida (Pv 29.15,17; 30.17).
A Bíblia enfatiza a importância da educação e disciplina no lar como fundamentais para a formação do caráter. Provérbios 29:15 nos diz: “A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe.” A disciplina e a orientação dos pais são importantes para ajudar os filhos a desenvolverem sabedoria e discernimento. Além disso, Provérbios 29:17 afirma: “Corrige teu filho, e te dará descanso; sim, dará delícias à tua alma.” A correção e a instrução adequadas resultam em filhos que são uma fonte de alegria e satisfação para os pais.
Outro provérbio, Provérbios 30:17, destaca as consequências de desrespeitar os pais: “O olho que zomba do pai, e despreza a obediência à mãe, os corvos do ribeiro o arrancarão, e os filhotes da águia o comerão.” Este versículo sublinha a seriedade de honrar os pais e seguir sua orientação.
A educação familiar não se limita à transmissão de conhecimento, mas envolve a formação do caráter e da fé.
Mardoqueu ensinou Ester a ser sábia, prudente e fiel, preparando-a para enfrentar desafios imensos, como interceder pela salvação de seu povo. É no lar que os indivíduos aprendem valores fundamentais como respeito, humildade, obediência e integridade, que são essenciais para enfrentar os desafios da vida com coragem e sabedoria.
Pais e responsáveis devem reconhecer a importância de educar seus filhos não apenas academicamente, mas também moral e espiritualmente. Devem instruir e disciplinar seus filhos com amor e firmeza, guiando-os nos caminhos da sabedoria e da fé. A educação no lar deve cultivar virtudes como humildade, respeito e obediência, preparando os filhos para servirem e liderarem de acordo com os princípios bíblicos.
Portanto, devemos valorizar e investir na educação familiar, fundamentada nos princípios divinos, para preparar nossos filhos para servir e liderar com sabedoria e integridade.
CONCLUSÃO
Deus continua usando mulheres para cumprir seus propósitos. Algumas se tornam conhecidas e têm seus nomes registrados na história, como Rute e Ester. Outras, como a mulher de Noé, vivem a vida toda no anonimato (Gn 6.10,18; 7.7,13; 8.15,16), mas nem por isso deixam de ser importantes. O que seria do patriarca sem uma companheira fiel ao seu lado enquanto cumpria a missão divina que recebera? No Reino de Deus, seja homem, seja mulher, o que importa não é o quanto a pessoa aparece, pois o Senhor olha para o coração (1 Sm 16.7; 1 Co 3.12-15).