Subsidio Lição 09: Resistindo à Tentação no Caminho | 2° Trimestre de 2024 | EBD ADULTOS
TEXTO ÁUREO
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26.41)
VERDADE PRÁTICA
No lugar de ceder à tentação, é melhor triunfar sobre ela.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
INTRODUÇÃO
A tentação é algo que o crente enfrenta ao longo de sua jornada. Não por acaso, o Senhor Jesus nos ensinou a orar de modo que Deus não deixasse que caíssemos em tentação (Mt 6.13 NVT). Por isso, nesta lição, estudaremos o conceito bíblico de tentação, a maneira como nosso Senhor a enfrentou no deserto e como devemos resisti-la. Veremos que é imperioso seguir a recomendação de Jesus Cristo a respeito de vigiar e orar para não cedermos à tentação ao longo da caminhada (Mt 26.41).
Palavra-Chave: Tentação
I- A TENTAÇÃO E SUA ESFERA HUMANA
1- Conceito bíblico de tentação.
Na Bíblia, três palavras aparecem para conceituar “tentação”. A primeira é a palavra hebraica massáh, que significa “teste”, “provação” (Dt 4.34; 9.22; SI 95.8). A segunda e a terceira são palavras gregas respectivamente: peirasmós, “teste”, “prova”, aparecendo 25 vezes no Novo Testamento (At 20.19; 1 Co 10.13; Tg 1.2,12); е о verbo peirázó, testar, submeter à prova (Jo 6.6; Gl 6.1; Ap 2.2,10), ocorrendo aproximadamente 36 vezes no Novo Testamento. Assim, podemos dizer que tentação é um experimento, teste ou prova diante de uma atração para fazer o mal a fim de obter prazer ou lucro.
Na Bíblia, a palavra “tentação” descreve situações em que somos colocados à prova, confrontados com a escolha entre o que é certo e o que é errado. Existem diferentes palavras usadas nos textos bíblicos para expressar essa ideia.
No Antigo Testamento, a palavra hebraica “massáh” é usada para falar sobre tentação.
Ela significa “teste” ou “provação”. Por exemplo, quando os israelitas estavam no deserto, Deus os testou para ver se confiavam nele (Deuteronômio 4:34).
Já no Novo Testamento, duas palavras gregas são usadas para descrever tentação. A primeira é “peirasmós”, que também significa “teste” ou “prova”, e é encontrada em passagens como Atos 20:19, 1 Coríntios 10:13 e Tiago 1:2,12. Por exemplo, quando Jesus foi tentado no deserto, foi um teste de sua fidelidade a Deus (Mateus 4:1-11).
A segunda palavra grega é o verbo “peirázó”, que significa testar ou submeter à prova. Por exemplo, quando alguém é tentado a fazer algo errado, está sendo testado para ver se vai ceder à tentação ou resistir a ela (1 Coríntios 10:13).
Portanto, podemos dizer que a tentação é como um desafio que enfrentamos, uma escolha entre fazer o que é certo ou o que é errado. É como se estivéssemos sendo testados para ver se vamos seguir o caminho de Deus ou ceder aos nossos desejos egoístas.
2- Duas vias da tentação.
De acordo com a Palavra de Deus, a tentação pode vir primeiramente do Diabo (Gn 3) e, também, de dentro do ser humano (Tg 1.14,15). Ela tem origem no Diabo quando o seu objetivo, semelhantemente ao que aconteceu com Jesus, é de desviar-nos da rota de nossa missão e propósito de vida estabelecido por Deus. Já a que nasce de dentro do ser humano tem a ver com os vícios da alma quando, no lugar de darmos primazia ao fruto do Espírito, entregamo-nos à atração, ao engodo e ao deleite da concupiscência da carne. Ambas as vias da tentação se processam na esfera humana.
Segundo a Palavra de Deus, a tentação pode surgir de duas fontes principais: o Diabo e os desejos internos do ser humano.
A primeira via da tentação é aquela que vem do Diabo. Podemos encontrar um exemplo disso no relato do Jardim do Éden, onde Satanás tentou Eva a desobedecer a Deus (Gênesis 3). Da mesma forma, vemos Jesus sendo tentado pelo Diabo no deserto (Mateus 4:1-11). Nessas situações, a tentação vem com o objetivo de nos desviar do caminho que Deus estabeleceu para nós, tentando nos afastar de nossa missão e propósito de vida.
A segunda via da tentação surge de dentro do ser humano.
Conforme Tiago nos diz em Tiago 1:14-15, somos tentados quando nossos próprios desejos pecaminosos nos atraem e seduzem. Isso acontece quando cedemos aos vícios da alma, como a luxúria, a ganância, o orgulho, entre outros, em vez de priorizarmos o fruto do Espírito em nossas vidas.
Ambas as formas de tentação operam na esfera humana, afetando nossos pensamentos, emoções e escolhas. Às vezes, enfrentamos influências externas que tentam nos desviar do caminho de Deus, enquanto outras vezes cedemos à tentação por causa de desejos pecaminosos que surgem de dentro de nós mesmos.
3- Tentação: um fenômeno humano.
Na Epístola de Tiago está escrito: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ninguém tenta” (Tg 1.13). É verdade que há a provação que vem da parte de Deus para aperfeiçoar o caráter do crente (Tg 1.2,4; Mt 5.48; 1 Pe 1.7). Contudo, um teste que incita ao mal não vem de Deus, ou seja, as ações que evidenciam uma vida dominada pelas paixões carnais são de inteira responsabilidade humana (Mt 5.28; Rm 8.6). Ainda que o Inimigo possa nos persuadir a cair em tentação, esta se dá no campo da esfera humana e terrena (1 Co 10.13).
Através das palavras do apóstolo Tiago, percebemos que a tentação é um fenômeno humano (Tiago 1.13,14). Deus nunca é visto como a fonte da tentação , aquela que nos leva ao mal. Pelo contrário, a tentação surge da nossa própria natureza pecaminosa, que nos inclina para os desejos pecaminosos que residem em nosso interior.
No entanto, é importante destacar que, embora Deus teste ou prove as pessoas em algumas passagens da Bíblia, esse teste não tem a intenção de levá-las ao pecado, como acontece com a tentação. Os testes de Deus têm o propósito de fortalecer a fé, a confiança e a fidelidade da pessoa, como vemos no exemplo de Abraão (Gênesis 22:1-19).
Tiago nos adverte que a tentação segue um processo que, se não resistido, leva ao pecado e, consequentemente, à morte espiritual (Tiago 1.15).
Portanto, é crucial reconhecer que a tentação é uma batalha espiritual na qual devemos decidir entre seguir a vontade de Deus ou ceder aos desejos da carne ou às influências malignas. Essa escolha revela a força ou a fraqueza da nossa fé e comunhão com Deus.
Um cristão que enfrenta e supera as tentações demonstra crescimento espiritual e a presença do Espírito Santo em sua vida. Capacitado pelo Espírito, ele resiste às tentações, mantendo o equilíbrio, a sabedoria e uma vida moral ordenada. Cada vez que somos testados pela tentação, temos a oportunidade de mostrar quem realmente somos e em quem confiamos.
II- O SENHOR JESUS E A TENTAÇÃO
1- A provação do Senhor Jesus.
De acordo com o Evangelho de Mateus, após o batismo de Jesus, o Espírito Santo o conduziu ao deserto (cf. Mc 1.12,13; Le 4.1,2). Foram 40 dias sendo tentado por Satanás, uma intensa batalha espiritual contra o Adversário, o “príncipe deste mundo” (Jo 16.11; cf. Ef 2.2). O objetivo de Satanás era fazer com que Jesus desviasse de seu propósito, satisfazendo desejos e necessidades, contrariando a vontade de Deus (cf. Jo 4.34). Por isso, houve um ataque intenso do Maligno contra nosso Senhor, que resistiu sabiamente por meio da oração, do jejum e da Palavra. Embora fisicamente frágil, o Senhor Jesus estava espiritualmente forte.
Entender como Jesus lidou com a tentação pode ser uma inspiração poderosa para nós, que enfrentamos nossas próprias lutas diárias. Jesus, conforme nos ensina a Bíblia, viveu como Deus-homem, totalmente humano e totalmente divino (1 Timóteo 3.16). Assumindo a natureza humana, Ele experimentou todas as dificuldades e tentações que qualquer ser humano enfrenta, mas sem pecar (Hebreus 4.15).
Quando lemos sobre a tentação de Jesus no deserto, vemos um momento crucial em que Ele enfrentou as investidas do Mal.
Essa história tem importantes lições para nós. Primeiro, mostra a obediência perfeita de Jesus aos propósitos do Pai, revelando que Ele era o perfeito Filho de Deus. Em segundo lugar, ao se encarnar, Jesus se identificou plenamente com nossa natureza frágil e humana, enfrentando as mesmas tentações que enfrentamos, tornando-se assim nosso Sumo Sacerdote, capaz de nos compreender e interceder por nós (Hebreus 2.18; 1 João 2.16).
A vitória de Jesus sobre a tentação como homem é um exemplo encorajador para todos nós. Ele mostrou que é possível resistir aos desejos pecaminosos e permanecer fiel a Deus.
2- As áreas que Jesus foi tentado.
Podemos dizer que Jesus Cristo foi tentado em três áreas: a área física, a natureza divina e a área espiritual. Na área física, o Diabo o tentou pedindo que transformasse pedras em pães, após sentir fome devido ao processo de jejum, pois isso revelaria que Ele era o Filho de Deus (Mt 4.3). Na área da natureza divina, o Diabo tenta Jesus pedindo que Ele se atirasse do pináculo do Templo, pois os anjos o guardariam (Mt 4.5,6).
E na área espiritual, o Diabo tenta nosso Senhor, desafiando-o a evitar o caminho da cruz para estabelecer um reino pela sua força, o que seria prontamente aceito pelos judeus; mas era necessário apenas uma coisa: Jesus deveria adorar o Diabo (Mt 4.9). Assim, podemos dizer que o nosso Senhor foi tentado na área física, com as necessidades humanas; em sua natureza divina, com a ideia de ostentar seus divinos atributos ao público; e na área espiritual, no sentido de idolatrar outro ser.
Primeiramente, Jesus foi tentado na área física. Após um período de jejum, o Diabo o desafiou a transformar pedras em pães para saciar sua fome (Mateus 4.3). Essa tentação estava relacionada às necessidades básicas do corpo humano, mostrando que o inimigo tenta nos levar a satisfazer nossos desejos de forma egoísta e imediata.
Em seguida, Jesus foi tentado na área da natureza divina. O Diabo sugeriu que Ele se atirasse do pináculo do Templo para que os anjos o salvassem, mostrando que Ele poderia demonstrar seu poder divino diante das pessoas (Mateus 4.5,6). Essa tentação visava desviar Jesus de sua missão e levá-lo a buscar reconhecimento humano em vez de seguir a vontade do Pai.
Por fim, Jesus enfrentou uma tentação espiritual.
O Diabo ofereceu a Ele todos os reinos do mundo em troca de adoração (Mateus 4.9). Essa tentação buscava desviar Jesus do caminho da cruz e seduzi-lo com a promessa de poder terreno, revelando como o inimigo usa enganos para nos afastar de Deus e nos levar à idolatria.
3- Como Jesus venceu a tentação?
Nosso Senhor venceu o Diabo com a Palavra de Deus. Em todas as áreas da tentação, Ele respondeu: “Está escrito”. Na primeira tentação, Ele disse: “Está escrito: nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4). Na segunda , Ele disse: Está escrito: “Não tentarás ao Senhor teu Deus” (Mt 4.7). E na terceira, Ele disse: “Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4.10). Nessa batalha espiritual contra o Diabo, nosso Senhor sempre apelou para a exposição da Palavra de Deus. Isso significa que Ele via as Escrituras como autoridade suprema de fé e de prática. Assim, ao lado da oração e do jejum, conforme já estudamos, devemos vencer o Inimigo e seus ardis tentadores com a Palavra de Deus (Ef 6.11,17). Imitemos o nosso divino Mestre!
Jesus não apenas resistiu à tentação, mas também nos mostrou como podemos fazê-lo, confiando plenamente na Palavra de Deus e permanecendo fiéis aos seus princípios.
Ao citar as Escrituras em resposta às tentações do Diabo, Jesus nos ensinou a importância de conhecer e aplicar a Palavra de Deus em nossas vidas. Ele demonstrou um conhecimento profundo das Escrituras, mostrando-nos que a Palavra de Deus é nossa arma mais poderosa contra as investidas do inimigo.
Além disso, Jesus não cedeu à hermenêutica distorcida do Diabo, mostrando-nos a importância de interpretar corretamente as Escrituras e não distorcê-las para atender aos nossos próprios desejos ou aos propósitos malignos. Ele permaneceu firme em sua fidelidade a Deus, recusando-se a comprometer seus princípios em troca de benefícios temporais.
O caráter de Jesus durante essas provações revelou sua autoridade e compromisso com os propósitos de Deus. Ele não negociou com o Inimigo, mas o repreendeu com firmeza, mantendo-se inabalável em sua devoção ao Pai celestial.
III – RESISTINDO À TENTAÇÃO
1- Todos somos tentados.
Por mais que observemos as disciplinas da oração, do jejum e da leitura da Palavra, o Inimigo não deixará de nos tentar. Por esse motivo, temos de estar conscientes a respeito, visto que vivemos em uma cultura pós-moderna que, por meio de seus artistas, escritores, filósofos e, até mesmos “teólogos”, intentam naturalizar o relativismo, procurando nos moldar conforme seus costumes mundanos. Diante disso, somos encorajados pelas Escrituras a assumir a postura de Cristo e a não se conformar com este mundo (Rm 12.2).
A tentação é uma realidade inevitável para todos nós, independentemente de quão dedicados sejamos à nossa vida espiritual. Mesmo aqueles que praticam a oração, o jejum e estudam a Palavra de Deus não estão imunes a ela. No entanto, a boa notícia é que Deus nos fortalece e nos capacita a vencer as tentações que enfrentamos.
É reconfortante saber que Deus está ciente das tentações que enfrentamos e que Ele nos dá a força necessária para resistir a elas.
Como está escrito em 1 Coríntios 10:13, Ele não permite que sejamos tentados além do que podemos suportar e nos dá uma saída para que possamos resistir. Portanto, podemos confiar em Deus para nos ajudar a superar as tentações que enfrentamos.
Sabendo disso, devemos intensificar nossa vida de oração e comunhão com Deus, além de dedicarmos tempo para estudar e meditar em Sua Palavra. Quanto mais nos aproximamos de Deus, mais Ele nos capacita a resistir à tentação e a permanecer fiéis a Ele. Além disso, podemos confiar no poder do Espírito Santo em nossas vidas, que nos capacita a não ceder aos desejos pecaminosos da carne.
2- Rejeite a tentação!
Há uma célebre frase do reformador Martinho Lutero: “Você não pode impedir que os pássaros voem sobre sua cabeça, mas pode impedir que eles se instalem com seus ninhos!”. Embora não seja um versículo da Bíblia, a frase revela uma verdade que encontramos na Palavra de Deus. Podemos percebê-la na fuga de José diante da mulher de Potifar (Gn 39.12); na atitude de Jó em fugir do mal (Jó 1.1). Assim, não podemos impedir que a tentação apareça, mas, com a força do Espírito Santo, podemos evitar que ela nos domine. Por isso, precisamos seguir o que o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo: “Fuja de tudo que estimule as paixões da juventude” (2 Tm 2.22 NVT). Portanto, ao longo da nossa jornada, a melhor estratégia é fugir da tentação.
José enfrentou uma forte tentação quando a esposa de Potifar tentou seduzi-lo, mas ele escolheu fugir da situação, recusando-se a ceder ao pecado. Da mesma forma, Jó se recusou a ceder à tentação, mesmo quando enfrentou circunstâncias extremamente difíceis em sua vida.
O apóstolo Paulo também nos orienta a fugir das tentações, como vemos em sua carta a Timóteo. Ele nos lembra que devemos evitar tudo o que possa estimular as paixões da juventude, buscando sempre manter-nos longe das influências que nos levam ao pecado.
Portanto, ao longo de nossa jornada espiritual, a melhor estratégia é fugir da tentação, confiando em Deus para nos fortalecer e nos guiar. Ao fazermos isso, podemos resistir às armadilhas do inimigo e viver uma vida que honra a Deus.
3- Arrependa-se!
No meio da nossa caminhada, é possível que o crente ceda à tentação e, por isso, rompe a comunhão com Deus. Contudo, é possível restabelecer o relacionamento com Ele por meio da confissão de pecados, arrependimento e quebrantamento espiritual. Há um caminho de cura e restauração para quem age dessa maneira (Pv 28.13). Por essa razão, em caso de ceder à tentação, não tentamos nos justificar, culpar os outros ou ignorar os atos pecaminosos. O caminho divino é o da confissão e arrependimento para desfrutar o perdão.
Quando cedemos à tentação e pecamos, isso pode nos afastar da comunhão com Deus. No entanto, não precisamos permanecer nesse estado de separação. Existe um caminho de restauração disponível para aqueles que se arrependem e confessam seus pecados diante de Deus.
O arrependimento envolve reconhecer nossos erros, sentir tristeza genuína por tê-los cometido e estar disposto a mudar de direção. Não devemos tentar justificar nossas ações, culpar os outros ou ignorar nossos pecados. Em vez disso, devemos humildemente nos voltar para Deus, confessar nossos pecados e buscar o Seu perdão.
A Palavra de Deus nos assegura que, quando confessamos nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça (1 João 1:9). Esse perdão restaura nossa comunhão com Deus e nos permite desfrutar da Sua graça e misericórdia.
CONCLUSÃO
Semelhante ao Senhor, que foi tentado em tudo, mas não pecou (Hb 2.18; 4.15); podemos seguir o caminho de não sermos seduzidos pela tentação. Assim, podemos desfrutar mais de uma vida em santidade e comunhão com Deus. Por isso, ao oferecermos resistência à tentação ao longo da jornada, lograremos êxito e receberemos a coroa da vida (Tg 1.12).