Conhecer a Palavra

Subsidio Lição 01- A Grande Comissão – Um Enfoque Etnocêntrico

SUBSIDIO LIÇÃO 01
Subsidio Lição 01- A Grande Comissão – Um Enfoque Etnocêntrico
TEXTO ÁUREO
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc 16.15)
VERDADE PRÁTICA
A ordem imperativa de Jesus aos seus discípulos aponta para a universalidade da pregação do Evangelho no mundo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSEMateus 28.19,20; Marcos 16.15-18

INTRODUÇÃO

Neste trimestre, estudaremos a respeito da obra missionária. É um convite a refletir sobre o imperativo de nosso Senhor Jesus para pregar o Evangelho a toda a criatura. Por isso, nesta primeira lição, nosso propósito é esclarecer a respeito da Grande Comissão, conceituar e desenvolver o tema das Missões Transculturais e apresentar uma visão global da mensagem do Evangelho no mundo. Veremos que missões é uma ordem divina e que Deus conta com cada crente para dizer “sim” à obra que Ele iniciou por intermédio de seu Filho, o Senhor Jesus Cristo.

Este trimestre nos convida a uma profunda reflexão sobre a obra missionária e o mandato que Jesus nos deu de pregar o Evangelho a toda a criatura. É um chamado para entendermos a importância da missão da Igreja na propagação das Boas-Novas de Cristo pelo mundo.

A obra missionária não é apenas uma tarefa da Igreja, mas é um reflexo do coração de Deus, que deseja que todas as pessoas tenham a oportunidade de ouvir sobre o amor e a salvação em Cristo. É uma jornada que nos leva além de nossas próprias fronteiras e nos desafia a atravessar barreiras geográficas, culturais, linguísticas e religiosas para levar a mensagem da esperança.

Ao estudarmos sobre missões, somos lembrados de que a obra missionária é uma colaboração entre a Igreja e o Espírito Santo, que nos capacita e nos envia para cumprir esse grande propósito.

Também compreendemos que a evangelização e o discipulado são duas faces da mesma moeda, e ambas desempenham um papel crucial na expansão do Reino de Deus.

Portanto, ao longo deste trimestre, exploraremos os princípios, desafios e a importância da missão transcultural, considerando o exemplo de Jesus e dos apóstolos. Será uma oportunidade de renovar nosso compromisso com a obra missionária e compreender como podemos ser instrumentos nas mãos de Deus para alcançar aqueles que ainda não ouviram as Boas-Novas.

Palavra-Chave: Etnia

I – A GRANDE COMISSÃO

1. O que é a Grande Comissão?

É o mandamento do Senhor para a sua Igreja proclamar o Evangelho a todas as nações. Esse mandamento tem rastros no Antigo Testamento (Is 45.22; cf. Gn 12.3) e está fundamentado no Novo (Mt 9.37,38; 28.19; At 1.8). Dessa forma, a Grande Comissão pode ser melhor compreendida como uma ordem pós-ressurreição de Jesus Cristo dada aos seus discípulos (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21-23; At 1.4,5,8). A respeito dela, James Hudson Taylor, missionário inglês na China por 51 anos, disse: “A Grande Comissão não é uma opção a ser considerada. É um mandamento a ser obedecido”.

A Grande Comissão como relatada pelos quatro autores dos Evangelhos apresenta um padrão abrangente e detalhado de nosso compromisso missionário.

Mateus 28:18-20 contém as últimas palavras registradas de Jesus antes de Sua ascensão aos céus, e ele resume a missão da igreja cristã.

Primeiramente, Jesus declara Sua autoridade como Senhor, afirmando: “Toda a autoridade no céu e na terra me foi dada.” Essa afirmação estabelece a base para a comissão que Ele está prestes a dar à Seus discípulos. Como o Senhor soberano, Ele tem o direito de enviar Seus seguidores em uma missão divina.

Em seguida, Ele instrui os discípulos a fazerem discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Isso implica não apenas em compartilhar o evangelho com pessoas de todas as origens, mas também em levá-las a um relacionamento transformador com Deus, representado pelo batismo. Essa é uma expressão do compromisso de Deus em trazer pessoas de todas as culturas e nações para a comunhão com Ele.

Além disso, Jesus enfatiza a importância de ensinar os novos discípulos a obedecerem a tudo o que Ele ordenou. Não é apenas sobre a conversão, mas também sobre o discipulado contínuo e a conformidade com os ensinamentos e princípios de Jesus. Isso significa que os discípulos não são apenas chamados a fazer mais discípulos, mas também a nutrir e instruir esses discípulos em seu crescimento espiritual.

A Grande Comissão é um chamado para a igreja cristã de todos os tempos e lugares. É uma missão de alcance global, ensino, discipulado e transformação. Ela lembra os cristãos de sua responsabilidade de compartilhar o evangelho, fazer discípulos e ensinar a obediência a tudo o que Jesus ensinou. É uma comissão desafiadora, mas também uma oportunidade gloriosa de participar da obra de Deus na reconciliação das pessoas consigo mesmo.

2. A questão cultural.

O “Ide” de Jesus significa também atravessar fronteiras. Nesse caso, anunciar o Evangelho em uma cultura diferente é o grande desafio da obra missionária. Logo, não devemos desprezar a cultura de um povo a quem pretendemos evangelizar, nem impingir-lhe a nossa (1 Co 1.1,2). Entretanto, a cultura de um povo deve ser avaliada e provada pelas Escrituras. Se por um lado a cultura é rica em beleza e bondade, pois o homem foi criado à imagem e semelhança de um Deus bom e amoroso; por outro, em consequência da Queda, ela foi manchada pelo pecado e, em parte, dominada por ações demoníacas. Portanto, estejamos prontos a pregar o Evangelho além de nossas fronteiras! Preparemo-nos para esse desafio!

Quando nos referimos a atravessar fronteiras, estamos falando sobre a necessidade de levar o Evangelho a diferentes culturas e contextos. Isso pode envolver a tradução da mensagem para idiomas locais, a compreensão das práticas culturais e tradições das pessoas e o respeito pela sua identidade cultural.

É importante reconhecer que a cultura desempenha um papel significativo na vida das pessoas, moldando suas crenças, valores e modos de vida.

Portanto, quando os missionários se engajam em um novo contexto cultural, é essencial não menosprezar ou desconsiderar a cultura local, nem impor sua própria cultura sobre as pessoas que estão sendo evangelizadas.

Em vez disso, a abordagem missionária bem-sucedida envolve aprender e apreciar a cultura local, identificando os pontos de conexão entre a mensagem do Evangelho e a cultura das pessoas. Isso permite que a mensagem seja comunicada de maneira relevante e compreensível para aqueles que a recebem.

O apóstolo Paulo é um exemplo bíblico de como adaptar a mensagem do Evangelho ao contexto cultural. Ele disse: “Fiz-me de judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei… para ganhar os que estão debaixo da lei; para os que estão sem lei, como se estivesse eu sem lei…” (1 Coríntios 9:20-22). Paulo entendia a importância de se comunicar de maneira relevante dentro do contexto cultural das pessoas.

Portanto, o “Ide” de Jesus nos desafia a sermos sensíveis às culturas locais, a respeitar as diferenças e a encontrar maneiras eficazes de compartilhar o Evangelho em diferentes contextos culturais.

3. A ordem de fazer discípulos em todas a nações.

A palavra “nação” é a tradução do termo ethnos, que se refere a grupos étnicos e não primariamente a países. Um país é uma nação politicamente definida, já a etnia é um povo culturalmente definido com uma língua e uma cultura próprias.
De acordo com alguns missiólogos, há no mundo 24.000 etnias. Quase a metade desse total ainda não foi evangelizada. Será que isso não nos comove?
Há milhões de pessoas que ainda não ouviram o Evangelho de Cristo. É urgente e imperioso o clamor do apóstolo Paulo: “Esforçando-me deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já foi anunciado” (Rm 15.20 – NAA).

A Igreja, muitas vezes referida como a “ekklesia” ou os “chamados para fora”, desempenha um papel fundamental na missão cristã. Ela é a verdadeira e legítima agência missionária, encarregada de enviar e coordenar projetos missionários em todo o mundo. A base para essa comissão missionária está enraizada nas próprias palavras de Jesus, quando Ele instruiu Seus seguidores a fazerem discípulos de todas as nações (Mateus 28:19).

Os membros da Igreja, aqueles que responderam ao chamado de Deus e aceitaram Jesus Cristo como Salvador, foram convocados pelo Senhor para uma missão clara.

Eles não são meros espectadores, mas participantes ativos na propagação do evangelho e na expansão do Reino de Deus na Terra. Essa responsabilidade missionária é uma parte intrínseca da identidade da Igreja.

É vital que a Igreja perceba a obra missionária como um privilégio extraordinário concedido por Deus. Esse privilégio é tão notável que, nas Escrituras, lemos que até os anjos desejavam compreendê-lo e participar dele (1 Pedro 1:3-12). No entanto, essa missão foi confiada à Igreja, demonstrando a confiança que Deus tem em Seus seguidores para proclamar as boas-novas da salvação em Cristo.

Como observamos neste tópico, ainda existem muitos lugares e pesoas a serem alcançados pelo evangelho.

Portanto, a Igreja não deve encarar a missão como um fardo, mas como uma honra. Ela é chamada a ser a luz do mundo e o sal da terra, espalhando a mensagem de Cristo e fazendo discípulos onde quer que vá. É uma responsabilidade que demanda compromisso, dedicação e amor pelas almas perdidas. À medida que a Igreja abraça esse privilégio e cumpre sua missão, ela se torna um instrumento poderoso nas mãos de Deus para impactar o mundo e cumprir a Grande Comissão de Jesus.

4. A eficácia e os objetivos da Grande Comissão.

Para ser eficaz e cumprir os seus objetivos, a Grande Comissão deve ser executada por pessoas cheias do poder do Espírito Santo (Lc 24.49; At 1.8), pois é Ele que convence a pessoa do pecado (Jo 16.8), regenera o pecador (Tt 3.5) e capacita os homens a confessarem Jesus como Senhor (1 Co 12.3).
Nesse sentido, a Igreja estará pronta para atingir os seguintes objetivos da Grande Comissão:
1) Proclamar o Evangelho em palavras e ações a toda criatura;
2) Discipular os novos convertidos, tornando-os fiéis seguidores de Cristo;
3) Integrá-los espiritual e socialmente na igreja local, a fim de que cresçam na graça e no conhecimento por intermédio da ação do Espírito Santo em sua vida, desfrutando sempre da comunhão dos santos.

O Espírito Santo desempenha um papel essencial em cada etapa do processo de evangelização e discipulado. Primeiramente, Ele é quem convence a pessoa do pecado (João 16:8). Antes que alguém possa responder ao Evangelho e aceitar a Cristo, é o Espírito Santo que trabalha no coração humano, revelando a necessidade da salvação e a realidade do pecado.

Além disso, o Espírito Santo regenera o pecador (Tito 3:5). Isso significa que Ele traz vida espiritual àqueles que estavam espiritualmente mortos em seus pecados. A regeneração é o ato sobrenatural de transformação que capacita uma pessoa a crer em Jesus como Salvador e Senhor.

O Espírito Santo também capacita os homens a confessarem Jesus como Senhor (1 Coríntios 12:3). Isso implica não apenas reconhecer intelectualmente a divindade de Cristo, mas também render-se a Ele como Senhor e Mestre de suas vidas. Essa confissão é um passo crucial no processo de discipulado.

Portanto, a presença e o poder do Espírito Santo são vitais para que a Grande Comissão seja cumprida. Ele é quem prepara o terreno, convence os corações, regenera os pecadores e capacita os crentes a compartilharem o Evangelho com ousadia e amor. Sem a obra do Espírito Santo, os esforços humanos seriam fúteis, mas com Sua presença, a missão de fazer discípulos de todas as nações se torna uma realidade transformadora. Portanto, a igreja e os indivíduos envolvidos na Grande Comissão devem buscar constantemente a plenitude do Espírito Santo e depender Dele para eficácia em seu chamado missionário

II – MISSÕES TRANSCULTURAIS

1. Conceito.

O prefixo trans vem do latim e tem o sentido de “movimento para além de” e “através de”.
Em linhas gerais, Missões Transculturais são transpor uma cultura para levar a mensagem do Evangelho. Essa mensagem não pode se restringir a uma cultura somente, mas alcançar todos os quadrantes da Terra, onde quer que esteja uma etnia que ainda não tenha ouvido falar das Boas-Novas.

Em sua essência, as Missões Transculturais são um ato de coragem e dedicação, onde os missionários se dispõem a se inserir em culturas estrangeiras, muitas vezes completamente diferentes das suas próprias. Isso requer não apenas a transposição de fronteiras geográficas, mas também a superação de barreiras linguísticas, sociais, e, mais fundamentalmente, culturais.

Para que essa missão seja eficaz, os missionários precisam ser humildes aprendizes das culturas que estão tentando alcançar.

Isso envolve o estudo profundo das tradições, crenças, valores e línguas das pessoas com as quais estão interagindo. A empatia e o respeito pelas diferenças culturais são fundamentais para comunicar o Evangelho de maneira relevante e autêntica.

Missões Transculturais também podem envolver desafios significativos, como a adaptação a ambientes desconhecidos, a superação de obstáculos linguísticos e a construção de relacionamentos significativos. No entanto, a recompensa é a oportunidade de compartilhar o amor de Cristo com pessoas de diferentes origens culturais e ver vidas transformadas pelo poder do Evangelho.

2. Visão transcultural da Bíblia.

Quando se fala em missões transculturais, a Bíblia Sagrada é o padrão a ser seguido. O Antigo Testamento registra a revelação de um Deus missionário. Em pelo menos três ocasiões específicas, no livro de Gênesis, Ele tratou com toda a humanidade e não somente com uma nação (Gn 3.15; 6.11-14; Gn 12.3).

Nesse sentido, Missões Transculturais têm esse mesmo apelo e são parte fundamental da missão da Igreja, pois esta é uma agência executiva de missões. Deus não escolheu outra instituição, por mais poderosa financeiramente que seja para esse empreendimento. Entretanto, Ele escolheu a sua Igreja, estabelecendo-a na Terra com a missão de expandir seu reino para todas as nações (At 9.15; 16.5; 22.14,15,21; 26.16-18).

Toda pessoa enviada para o campo missionário onde haja outra cultura deve, em primeiro lugar, familiarizar-se com ela o máximo possível para realizar um trabalho eficaz.

Uma das razões para essa ênfase na compreensão cultural é que o método de comunicação da mensagem do Evangelho pode variar significativamente de uma cultura para outra. Embora a mensagem central do Evangelho seja universal e inalterável, a maneira como essa mensagem é comunicada pode ser adaptada às nuances culturais.

O importante a ser lembrado é que a mensagem em si é o elemento mais crucial. Todos os povos, independentemente de sua cultura, têm a mesma necessidade da mensagem do Evangelho para encontrar a salvação em Cristo.

No entanto, a forma como essa mensagem é transmitida pode variar para se adequar à cultura específica, sem comprometer sua integridade.

O apóstolo Paulo, um dos maiores missionários da história cristã, nos deixou exemplos claros nesse sentido. Em sua jornada missionária registrada no livro de Atos, ele viajou por diversos países com culturas diferentes, sempre proclamando o evangelho de Cristo. Paulo adaptou sua abordagem de acordo com a cultura local, sem comprometer a mensagem central de “Jesus Cristo crucificado, sepultado e ressurreto”.

Portanto, o método de comunicação pode variar, mas a mensagem do Evangelho permanece a mesma.

3. Barreiras nas Missões Transculturais.

Há barreiras complexas para a evangelização do mundo e a Igreja precisa conhecê-las e preparar-se para realizar sua tarefa missional. As barreiras são inúmeras.
Vejamos:
a) Barreiras geográficas: novas nações e novas culturas;
b) Barreiras culturais: valores de vida, costumes e hábitos;
c) Barreiras econômicas: diferenças de moeda e comércio;
d) Barreiras linguísticas: as línguas nativas;
e) Barreiras religiosas: Islamismo, ateísmo, materialismo, secularismo etc. Os apóstolos enfrentaram essas mesmas barreiras. Mas, na força do Espírito Santo, o Evangelho saiu de Jerusalém e alcançou os “confins da Terra”. Esse mesmo Espírito está com a Igreja do presente século para confirmar a nobre missão de proclamar o Evangelho.

As barreiras que enfrentamos são numerosas e complexas, exigindo preparação, compreensão e uma forte dependência do Espírito Santo para cumprir nossa missão.

Primeiramente, temos as barreiras geográficas. O mundo é vasto e diversificado, com novas nações e culturas emergindo continuamente. Alcançar áreas geograficamente distantes e culturalmente diversas é um desafio logístico significativo. No entanto, a mensagem do Evangelho não conhece fronteiras geográficas e é chamada a se espalhar por todas as nações.

As barreiras culturais também representam um desafio substancial. Cada cultura possui seus próprios valores de vida, costumes e hábitos, que podem diferir significativamente dos de outras culturas. Compreender e respeitar essas diferenças culturais é fundamental para comunicar o Evangelho de maneira relevante e respeitosa.

As barreiras econômicas podem criar obstáculos adicionais. Diferenças de moeda, sistemas econômicos e barreiras comerciais podem afetar a capacidade de financiar e apoiar missões transculturais. No entanto, a generosidade e a cooperação global podem superar essas barreiras econômicas.

A barreira linguística é outra consideração importante. As línguas nativas de diferentes regiões podem representar uma barreira significativa para a comunicação eficaz do Evangelho. A tradução da Bíblia e o aprendizado de idiomas locais são elementos essenciais para superar essa barreira.

Além disso, enfrentamos barreiras religiosas. Diferentes sistemas de crenças, como o Islamismo, o ateísmo, o materialismo e o secularismo, podem resistir à mensagem do Evangelho.

Em resumo, a evangelização global enfrenta uma série de barreiras complexas, que vão desde desafios geográficos e culturais até questões econômicas, linguísticas e religiosas. No entanto, a promessa do Espírito Santo nos capacita a superar essas barreiras e cumprir a nobre missão de proclamar o Evangelho a todas as nações, confiantes de que o poder de Deus é maior do que qualquer obstáculo que possa surgir.

III – VISÃO GLOBAL DO EVANGELHO NO MUNDO

1. Evangelização e Discipulado.

Em Mateus 28.18-20, percebemos uma ênfase em “fazer discípulos”. Ora, fazer discípulos é uma ordem baseada na relação de um mestre com o seu discípulo. Nessa ordem está subentendido que a missão não se dá em apenas um ato, um momento. Fazer discípulo, conforme as Escrituras, demanda tempo.
Nosso Senhor passou pelo menos três anos forjando o caráter dos seus discípulos. Por outro lado, em Marcos 16.15-20, percebemos uma ênfase na “proclamação” e no “anúncio”. A tarefa missional leva em conta a proclamação pública do Evangelho ao mesmo tempo em que atua na formação permanente do novo convertido. Evangelização e discipulado não são excludentes, mas duas faces da mesma missão.

A compreensão de que evangelização e discipulado não são mutuamente excludentes, mas sim duas partes interligadas da mesma missão da Igreja, é de vital importância para o entendimento da expansão do Evangelho e do crescimento espiritual dos crentes.

A evangelização é o primeiro passo na jornada de fé de uma pessoa. Envolve a proclamação do Evangelho, a divulgação das Boas-Novas de Jesus Cristo e a oportunidade de responder ao chamado de Deus para a salvação. É o meio pelo qual as pessoas são inicialmente atraídas à fé em Cristo, tendo a oportunidade de conhecer e aceitar o Senhor como seu Salvador.

No entanto, a evangelização por si só não é suficiente. O discipulado entra em cena como a etapa subsequente e crucial. Após responderem ao Evangelho, os novos crentes precisam ser acompanhados, ensinados e nutridos espiritualmente. O discipulado é o processo de formação contínua que ajuda os crentes a crescerem em sua fé, aprofundarem seu relacionamento com Deus e entenderem as Escrituras. Isso envolve aprender os ensinamentos de Jesus, desenvolver um caráter cristão sólido e ser equipado para viver uma vida de acordo com os princípios do Reino de Deus.

A interconexão entre evangelização e discipulado é fundamental porque a missão da Igreja não se limita apenas a fazer convertidos, mas a fazer discípulos comprometidos e maduros em Cristo. O objetivo é não apenas atrair pessoas para o Reino de Deus, mas também capacitá-las a viver uma vida que glorifique a Deus em todos os aspectos. Portanto, evangelização e discipulado trabalham juntos para alcançar essa missão.

Em resumo, evangelização é o ponto de partida, enquanto o discipulado é o caminho contínuo de crescimento espiritual. Ambos são essenciais para cumprir a missão da Igreja de levar o Evangelho ao mundo e fazer discípulos que reflitam o caráter de Cristo.

2. Arrependimento e capacitação do Espírito.

Na Missão Transcultural, a mensagem missionária tem de levar em conta o apelo ao arrependimento para o perdão dos pecados (Lc 24.46-49). Esse apelo deve estar sob a autoridade de Jesus, que tem por objeto “sermos [suas] testemunhas”, no poder do Espírito Santo, “tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Nesse sentido, devemos estar prontos para anunciar a mensagem de Jesus sob a capacidade do Espírito Santo, conforme lemos em Atos dos Apóstolos, rogando que os pecadores se arrependam e creiam no Evangelho (Mc 1.15).

Jesus enfatizou a importância do arrependimento para o perdão dos pecados em Lucas 24:46-49. Nessa passagem, Ele instruiu Seus discípulos a pregarem o arrependimento e a remissão dos pecados em Seu nome, começando por Jerusalém e se estendendo até os confins da terra.

O arrependimento, nesse contexto, é muito mais do que um simples ato de contrição. É um chamado à transformação profunda e sincera, uma mudança de coração e mente que leva o indivíduo a reconhecer seus pecados, sentir tristeza por sua separação de Deus e voltar-se para Ele em busca de perdão e reconciliação. É uma resposta ao convite de Deus para abandonar uma vida de pecado e abraçar uma nova maneira de viver de acordo com Sua vontade.

Além disso, esse apelo ao arrependimento deve ser proclamado sob a autoridade de Jesus e no poder do Espírito Santo, conforme declarado em Atos 1:8.

Isso significa que a missão transcultural não é uma tarefa humana, mas uma obra divina. A autoridade de Jesus respalda a mensagem, e o Espírito Santo capacita os mensageiros a proclamá-la com eficácia.

A missão transcultural, portanto, envolve estar disposto a levar a mensagem de Jesus a culturas e contextos diferentes, confiando na obra do Espírito Santo para convencer os pecadores do pecado, da justiça e do juízo, como também instruído em João 16:8. A rogativa é que, à medida que proclamamos a mensagem do Evangelho, os corações se abram para o arrependimento e a fé em Jesus Cristo, culminando na reconciliação com Deus.

CONCLUSÃO

Temos um grande desafio em Missões Transculturais: alcançar o mundo inteiro com a mensagem genuína do Evangelho. Por isso, como Igreja de Deus, somos chamados a sair “de Jerusalém” em perspectiva de alcançar os “confins da Terra”. Há muitos povos neste mundo para serem alcançados, de sorte que Deus conta com cada crente comprometido com a causa do Reino de Deus. É um imperativo do Reino nos perguntarmos a respeito do que estamos fazendo para que “a água da vida” sacie a sede dos que estão sedentos por vida eterna ao redor do mundo. O pecador depende do envio do Corpo de Cristo para ouvir de nós as Boas-Novas de salvação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *