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Subsidio Lição 12 – O modelo de missões da Igreja de Antioquia

Subsidio Lição 12 - O modelo de missões da Igreja de Antioquia

Subsidio Lição 12 – O Modelo de Missões da Igreja de Antioquia | 4° Trimestre de 2023 | EBD – ADULTOS

TEXTO ÁUREO

“E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.” (At 13.2)

VERDADE PRÁTICA

A ação do Espírito Santo é a garantia do sucesso de toda a obra missionária

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 11.19-26; 13.1-5

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos a respeito da primeira igreja cristã formada por gentios: a igreja de Antioquia. Veremos a sua fundação e formação, sua vida ministerial e de comunhão, como foram os resultados produzidos da prática missionária da igreja. Teremos, portanto, uma amostra clara de que nessa igreja havia uma dinâmica simples, porém profunda: jejum e oração para pedir orientação ao Espírito Santo; jejum e oração para executar a orientação do Espírito Santo (fazer missões); uma prática missionária na dependência do Espírito Santo.

Nesta lição, mergulharemos na historia da primeira igreja cristã formada por gentios: a igreja de Antioquia.

A igreja de Antioquia se destaca por sua dinâmica simples, porém profundamente espiritual. Um dos pilares dessa comunidade era a busca constante de orientação do Espírito Santo por meio do jejum e da oração.

Esse compromisso reflete uma profunda dependência divina, reconhecendo a importância de discernir a vontade de Deus para suas ações.

Além disso, outro aspecto da igreja de Antioquia era a aplicação prática da orientação recebida do Espírito Santo. O jejum e a oração não eram apenas rituais, mas um meio de preparação para a ação missionária. A igreja entendia que a missão, realizada na dependência do Espírito Santo, era essencial para seu testemunho e propósito.

A prática missionária da igreja de Antioquia não era apenas uma atividade, mas um estilo de vida. A dependência do Espírito Santo permeava todas as suas ações, desde a busca de orientação até a execução das missões designadas.

Ao explorar a história da igreja de Antioquia, somos convidados a refletir sobre como a igreja atual  busca orientação divina, implementa práticas missionárias e mantém uma dependência do Espírito Santo. Que esta lição nos inspire a buscar a simplicidade na missão, reconhecendo que, na dependência do Espírito Santo, encontramos a força e a sabedoria para cumprir o chamado de fazer discípulos em todas as nações.

Palavra-Chave: MODELO

I- A IGREJA DE ANTIOQUIA: NATUREZA E CARACTERÍSTICAS

1- Antioquia da Síria.

Antioquia da Síria era conhecida como “A rainha do Oriente”. A cidade tinha uma população estimada de 500 mil habitantes. Antioquia era constituída de diversas nacionalidades e, por isso, dizia-se ser possível conhecer os costumes do mundo inteiro pela mistura de povos que frequentavam suas praças. Não por acaso, essa cidade tornou-se “a segunda capital do Cristianismo”, depois de Jerusalém, e a sede de Missões da Igreja Cristã. Por isso, o evangelista Lucas altera o foco de sua narrativa, outrora centralizada em Jerusalém, para o ministério aos gentios, a partir de Antioquia da Síria, e a subsequente disseminação da igreja pelo mundo (At 11.19). Outrossim, não se deve confundir essa cidade com Antioquia da Pisídia, mencionada em Atos 13.14.

Antioquia, capital da província da Síria ocidental, ergueu-se em 300 a.C., fruto da visão e conquistas de Selêuco I, um general sob a égide de Alexandre Magno. Após a morte do grande líder, Selêuco I tornou-se senhor da Síria ao derrotar Antígono, iniciando a dinastia dos selêucidas.

Estrategicamente localizada nas principais rotas de comércio que uniam o Oriente ao Ocidente,. Antioquia floresceu como uma metrópole cosmopolita e vital no comércio internacional, marcando a extremidade ocidental da famosa Rota da Seda.

Sua importância comercial não apenas atraía comerciantes, mas também imigrantes em busca de prosperidade e sobrevivência.

Habitada por etnias provenientes de diversas partes do mundo, Antioquia alcançou seu auge com aproximadamente 500 mil habitantes. Uma cifra extraordinária para a época. Essa grandiosidade rendeu-lhe o título de “a rainha do Oriente,” posicionando-a como a terceira cidade mais importante do Império Romano, atrás apenas de Roma e Alexandria.

A presença judaica na cidade remonta à sua fundação, durante a dispersão. No século I d.C., a comunidade judaica era numerosa, estimando-se entre 45 a 60 mil habitantes. Desfrutando de direitos conquistados ao longo do tempo, os judeus podiam reunir-se, observar os sábados e enviar impostos ao Templo de Jerusalém. Antioquia proporcionava um ambiente onde poderiam viver e trabalhar em relativa paz e conforto, contribuindo assim para a riqueza e diversidade cultural dessa metrópole.

2- A igreja em Antioquia.

Após a perseguição que sucedeu por causa da morte de Estevão, que fez os membros da igreja de Jerusalém se dispersarem para a Judéia e Samaria (At 8.1), o Espírito Santo dirigiu os passos dos primeiros cristãos dispersos para os confins da Terra, chegando, portanto, à Antioquia da Síria (At 11.22,23). Nessa cidade, após uma série de conversões, ocorreu a fundação da primeira igreja gentílica (At 11.26). Essa igreja tornou-se o centro da obra missionária de Paulo, o apóstolo dos gentios. É importante ressaltar que havia apenas duas cidades mais importantes do que Antioquia da Síria: Roma e Alexandria. Portanto, o Evangelho pregado a partir de Antioquia para outras regiões do mundo era espiritualmente estratégico.

Após a intensa perseguição desencadeada pela morte de Estevão, que resultou na dispersão dos membros da igreja de Jerusalém para a Judéia e Samaria (Atos 8.1), algo extraordinário aconteceu. O Espírito Santo, que sempre orienta os passos dos crentes, dirigiu os primeiros seguidores de Cristo para além das fronteiras familiares, guiando-os até Antioquia da Síria (Atos 11.22,23).

Antioquia, uma cidade marcada pela diversidade cultural e pelo movimento incessante de comerciantes e viajantes, tornou-se o solo fértil para a disseminação do Evangelho.

Nessa metrópole efervescente, onde povos de diferentes origens se encontravam, uma série de conversões marcantes ocorreu. Essa transformação espiritual não apenas testemunhou o nascimento de uma comunidade cristã sólida, mas também marcou o estabelecimento da primeira igreja gentílica (Atos 11.26).

A nova Igreja em Antioquia era notavelmente diversificada, composta por judeus que se expressavam tanto em grego quanto em aramaico, e gentios.

Portanto, essa igreja, ao consolidar-se em Antioquia, não apenas representava um marco geográfico, mas também marcava uma transformação significativa no centro da Igreja cristã. O berço original em Jerusalém cedia lugar para Antioquia da Síria, tornando-se a segunda capital do cristianismo e o epicentro das missões da igreja.

3- Uma obra de leigos.

Não foram os apóstolos ou obreiros, mas os leigos, os discípulos e os crentes em geral, outrora dispersos por causa da perseguição em Jerusalém, que anunciaram o Evangelho aos gentios e, consequentemente, fundaram a igreja em Antioquia (At 11.19). Por causa do anúncio do Evangelho, a mão do Senhor estava sobre os crentes dispersos em Antioquia, o que fez com que muita gente se convertesse a Cristo. Essa notícia chegou a Jerusalém, a ponto de os apóstolos enviarem Barnabé para verificar de perto o que estava acontecendo. Barnabé viajou mais de 400 quilômetros, de Jerusalém até Antioquia. Ao chegar à cidade, ele se alegrou ao constatar que a graça de Deus havia alcançado muita gente e exortou a todos que permanecessem firmes no Senhor. Nessa oportunidade, pela primeira vez, os discípulos da igreja em Antioquia foram chamados de cristãos (At 11.26).

Um capítulo fundamental na história da igreja primitiva revela que não foram os apóstolos nem os obreiros, mas, surpreendentemente, os leigos, os discípulos, os crentes em geral que, dispersos após a perseguição em Jerusalém, tornaram-se os protagonistas na fundação da igreja em Antioquia (Atos 11.19). Esses dedicados seguidores de Jesus, ao anunciarem o Evangelho, testemunharam a poderosa mão do Senhor, resultando em uma notável conversão de muitas pessoas.

A notícia do extraordinário avivamento em Antioquia não demorou a alcançar Jerusalém, despertando a atenção dos líderes da igreja local.

Diante dessa significativa movimentação espiritual, a decisão foi enviar alguém para investigar de perto o que estava acontecendo. Barnabé, um homem escolhido para essa missão, revelou-se uma escolha sábia, alinhando-se naturalmente com os evangelizadores que iniciaram o movimento em Antioquia, pois era natural de Chipre.

A jornada de mais de 400 quilômetros de Jerusalém até Antioquia demonstra o comprometimento de Barnabé com a missão confiada a ele. Homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé, o significado de seu nome, “Filho da consolação” (Atos 4.36), ecoou em sua vida e ministério. Ao chegar a Antioquia, ele não apenas constatou a graça transformadora de Deus, manifestada na salvação de muitas pessoas, mas também exortou a todos a permanecerem firmes no Senhor.

Esse período importante na história da igreja mostra que o ministério do Evangelho estava em plena prosperidade em Antioquia, com um impacto transformador que levou muitos a crerem na mensagem de Cristo.

Mais uma vez, os leigos desempenharam um papel vital na expansão do Reino de Deus, destacando a importância do envolvimento de todos os crentes na obra evangelística.

II – UMA IGREJA MISSIONÁRIA EM AÇÃO

1- “Havia alguns profetas e doutores” (At 13.1).

A igreja em Antioquia tinha uma boa liderança exercendo a vocação. Nessa igreja, Deus estabeleceu profetas e doutores (1 Co 12.28; Ef 4.11). Os profetas eram pessoas que exerciam o dom de transmitir a mensagem a Deus sob inspiração do Espírito Santo e de maneira espontânea. Os doutores, ou mestres, eram cheios do Espírito Santo e ensinavam a Palavra de Deus com autoridade e sabedoria do alto; não eram, portanto, homens orgulhosos e cheios de sabedoria meramente humana.

A menção de “alguns profetas e doutores” em Atos 13.1 revela a diversidade de dons e talentos que Deus concedeu à sua igreja.

Os profetas, neste contexto, não eram meros oradores eloquentes, mas indivíduos dotados com o dom de transmitir mensagens divinamente inspiradas. Guiados pelo Espírito Santo, eles proclamavam a Palavra de Deus de maneira espontânea e reveladora.

Ao lado dos profetas, estavam os doutores ou mestres, homens que se destacavam por seu profundo entendimento da Palavra de Deus. Diferentemente de líderes orgulhosos e sábios apenas aos olhos humanos, esses mestres eram conduzidos pelo Espírito Santo. Sua autoridade no ensino derivava da sabedoria celestial, não se limitando a conhecimentos meramente terrenos. Esses líderes, cheios do Espírito, compartilhavam a Palavra com convicção e discernimento espiritual, contribuindo assim para o amadurecimento espiritual da comunidade.

Essa combinação de profetas e doutores na igreja de Antioquia não apenas evidencia a diversidade de dons na comunidade, mas também destaca a importância de uma liderança equilibrada. A presença desses líderes inspirados contribuiu significativamente para o florescimento espiritual e o desenvolvimento saudável da igreja em Antioquia, preparando o terreno para os notáveis eventos missionários que se desdobrariam posteriormente.

2- Uma liderança servidora (v.2).

A liderança da igreja de Antioquia era constituída sem barreiras raciais ou espirituais, por exemplo: Barnabé – consolador, misericordioso; Simeão – negro, africano; Lúcio – cireneu, africano; Manaém – irmão de criação ou de leite de Herodes, o Tetrarca (Herodes Antipas), que matou João Batista; Saulo – fariseu, ex-perseguidor da Igreja. Essa profunda comunhão de adoração, oração e serviço na diversidade de pessoas salvas trazia uma convicção de trabalho em favor das multidões não alcançadas da Ásia Menor e da Europa.

No versículo 2 do livro de Atos 13, somos introduzidos a uma faceta notável da igreja de Antioquia: sua liderança diversificada e profundamente comprometida com o serviço ao próximo. Esta liderança, que transcendeu barreiras raciais e espirituais, foi fundamental para a dinâmica e o impacto da comunidade cristã em Antioquia e além.

A equipe de liderança da igreja de Antioquia era verdadeiramente diversificada, composta por indivíduos com origens, experiências e habilidades diversas. Barnabé, cujo nome significa “consolador” ou “misericordioso”, personificava a compaixão e o apoio.

Simeão, também conhecido como Niger, representava a comunidade africana, rompendo barreiras étnicas. Lúcio, originário de Cirene, contribuía com sua perspectiva africana para a liderança da igreja. Manaém, irmão de criação de Herodes Antipas, trazia uma narrativa única e complexa à mesa. Finalmente, Saulo, o ex-fariseu e perseguidor da igreja, mostrava a transformação poderosa que o Evangelho pode realizar.

Esses líderes não apenas coexistiam, mas se uniam em adoração, oração e serviço. A profunda comunhão entre eles não era apenas uma expressão de diversidade, mas também uma manifestação tangível da unidade no propósito. Essa convicção compartilhada não se limitava às paredes da igreja; era uma força motriz para alcançar as multidões não evangelizadas na Ásia Menor e na Europa.

Alem disso, a liderança servidora em Antioquia não se deixava limitar por categorias pré-estabelecidas; ao contrário, abraçava a diversidade como um componente essencial para cumprir a Grande Comissão. Essa abordagem inclusiva e compassiva na liderança preparou o terreno para o próximo capítulo emocionante na história da igreja primitiva, quando o Espírito Santo designou Barnabé e Saulo para uma obra missionária transformadora.

3- “Apartai-me a Barnabé e a Saulo” (v.2).

Nesse ambiente de sensibilidade espiritual, o Espírito Santo ordenou que separassem Barnabé e Saulo. Em seguida, eles foram enviados para o campo. Note que, antes de receberem a orientação do Espírito Santo, a liderança (profetas, mestres) e toda a igreja estavam no propósito de jejum e oração (v.2). Após receberem a orientação do Espírito e, antes de enviarem Barnabé e Saulo ao campo missionário, profetas, mestres e toda a igreja continuavam jejuando e orando (v3). A lição aqui é muito clara: na obra missionária, e em qualquer projeto na obra de Deus, devemos entrar num propósito de jejum e oração para receber a orientação do Espírito, bem como para executar a orientação do Espírito. Sem dúvida, essa era a base do sucesso missionário da igreja em Antioquia.

No versículo 2 de Atos 13, somos testemunhas de um momento crucial na história da igreja primitiva, quando Deus designa Barnabé e Saulo, dois destacados membros da igreja de Antioquia, para uma nobre e desafiadora tarefa: a missão transcultural. A narrativa revela a importância do discernimento espiritual da igreja e a resposta diligente dos líderes ao chamado divino.

A expressão “para a obra a que os tenho chamado” reflete a confirmação de uma vocação já discernida pelo Espírito Santo. Antioquia, como uma escola missionária, desempenhou um papel importante na preparação de Barnabé e Saulo para esse serviço especial.

O discernimento espiritual da igreja, conforme descrito em Atos 11.22-26, foi crucial para reconhecer a chamada divina sobre esses líderes. A revelação do Espírito à igreja é um testemunho do alinhamento entre a vontade de Deus e a consciência da comunidade.

Diante da clareza do chamado divino, Barnabé e Saulo respondem com humildade e dedicação. O verso 3 destaca a prática do jejum e da oração como elementos essenciais dessa resposta. O jejum não apenas simbolizava a seriedade e consagração diante da vontade divina, mas também era uma expressão de dependência total de Deus. A imposição de mãos, por sua vez, era um ato simbólico que não apenas reconhecia publicamente o chamado e a capacidade dos escolhidos, mas também estabelecia uma conexão significativa entre a congregação e o ministério designado.

O ritual de jejum, oração e imposição de mãos não apenas consagrou Barnabé e Saulo para sua missão transcultural, mas também os enviou com a bênção e a autoridade da comunidade. Esse ato simbólico representou um compromisso profundo e coletivo com a Grande Comissão, marcando o início de uma jornada que transformaria vidas e comunidades.

Em síntese, a designação divina de Barnabé e Saulo foi confirmada pelo discernimento espiritual da igreja em Antioquia. O processo de jejum, oração e imposição de mãos não apenas simbolizou consagração e reconhecimento público, mas também inaugurou uma nova fase na expansão do Evangelho além das fronteiras conhecidas.

III- O SERVIÇO DE MISSÕES

1- O início das missões cristãs.

A narrativa de Lucas, que denominamos de primeira viagem missionária de Paulo, começa em Antioquia com a escolha de Barnabé e Paulo, pelo Espírito Santo, para uma obra especial. João Marcos, autor do Evangelho que leva o seu nome, permaneceu em Jerusalém até ser levado para Antioquia por Barnabé (seu primo) e Paulo, que regressavam de uma missão de socorro a Jerusalém (At 12.25). Quando partiram para Chipre, na sua primeira viagem missionária, levaram João Marcos em sua companhia (At 13.5). Porém, ao chegarem a Perge, na Ásia Menor, Marcos os deixou e regressou para Jerusalém (At 13.5).

A narrativa de Lucas sobre a primeira viagem missionária de Paulo inicia em Antioquia, destacando a escolha especial de Barnabé e Saulo pelo Espírito Santo para essa obra singular. No entanto, a presença de João Marcos, autor do Evangelho que leva seu nome, acrescenta uma camada intrigante a essa viajem missionária.

Ao término de uma missão de socorro a Jerusalém, Barnabé, acompanhado por seu primo João Marcos e Paulo, decide iniciar a primeira viagem missionária, levando consigo João Marcos (At 12.25). Contudo, ao chegarem a Perge, na Ásia Menor, João Marcos opta por retornar a Jerusalém, deixando Barnabé e Paulo continuando a jornada (At 13.5).

A menção de João como “cooperador” no versículo 5 refere-se a João Marcos, conforme Atos 12.25, indicando sua participação ativa na missão. No entanto, a natureza exata de seu trabalho não é detalhada. O termo utilizado, “hyperetes” (sub-remador), sugere uma posição de serviço subordinado, indicando que João Marcos desempenhava um papel de auxílio aos dois renomados missionários.

Essa dinâmica entre Barnabé, Paulo e João Marcos revela a complexidade e os desafios enfrentados nas missões primitivas. João Marcos, embora não seja o pregador principal, desempenha um papel valioso como colaborador, oferecendo suporte aos experientes missionários. Essa diversidade de funções destaca a importância da cooperação e da disposição para se adaptar às necessidades específicas de cada contexto missionário.

A primeira viagem missionária,portanto, não apenas testemunha a escolha inspirada de Barnabé e Saulo pelo Espírito Santo, mas também destaca a riqueza da colaboração na propagação do Evangelho. João Marcos, ao lado dos apóstolos, contribuiu para o avanço do Reino, enfatizando que, mesmo nas missões, a diversidade de talentos e papéis é essencial para a eficácia da obra.

2- Roteiro da viagem e atividades missionárias.

Nos capítulos 13 e 14 de Atos, encontramos diversas localidades onde a atividade deles foi desenvolvida: Missões em Chipre (At 13.4-13); Missões em Antioquia da Pisídia (At 13.14-52); Missões em Icônio (At 14.1-7); Missões em Listra (At 14.8-20a); Missões em Derbe (At 14.20b-21b); Missões em lugares antigos e novos (At 14.21b- 28); Regresso à Antioquia da Síria (At 14.27).

Basicamente, nessas regiões, a obra missionária foi caracterizada por uma variedade de estratégias de evangelização, visitas a cidades e países em que o Evangelho não havia chegado, perseguição e oposição ao Evangelho, batismo no Espírito Santo, separação de líderes para igrejas plantadas, contatos e revisões das igrejas plantadas e muitas outras atividades missionárias.

Havendo cumprida essas e outras tarefas, os missionários voltaram a Antioquia da Síria, cheios de alegria, ansiosos para contar o que Deus havia feito entre os gentios (At 14.24-28). Eles poderiam dizer, de sã consciência: “Missão Cumprida”.

Nos capítulos 13 e 14 do livro de Atos, testemunham o impactante trabalho missionário de Paulo, Barnabé e João Marcos.

Missões em Chipre (At 13.4-13): A primeira parada nos leva à ilha de Chipre, onde os missionários enfrentam não apenas a oposição espiritual de um falso profeta, mas também encontram um ouvinte notável: o procônsul Sérgio Paulo. Esse episódio destaca a batalha espiritual que frequentemente acompanha a proclamação do Evangelho.

Missões em Antioquia da Pisídia (At 13.14-52): Antioquia da Pisídia surge como um campo de batalha espiritual, onde a mensagem de Cristo desperta tanto fé fervorosa quanto intensa oposição. O discurso de Paulo na sinagoga revela uma abordagem contextualizada ao compartilhar a história redentora de Deus.

Missões em Icônio (At 14.1-7): Ao chegarem a Icônio, os missionários se deparam com uma cidade dividida em relação à mensagem do Evangelho. A ousadia deles ao permanecerem e proclamarem a Palavra apesar da oposição ilustra a firmeza da missão, mesmo em cenários desafiadores.

Missões em Listra (At 14.8-20a): Listra oferece uma reviravolta dramática, desde a cura de um coxo até a adoração equivocada dos habitantes, que Barnabé e Paulo prontamente corrigem. No entanto, a oposição se intensifica, culminando em Paulo sendo apedrejado.

Missões em Derbe (At 14.20b-21b): Após as adversidades em Listra, os missionários encontram um ambiente receptivo em Derbe. Aqui, eles consolidam o discipulado e estabelecem uma base sólida, preparando o terreno para futuras comunidades de fé.

Missões em lugares antigos e novos (At 14.21b-28): O retorno a lugares previamente visitados destaca a importância da consolidação do discipulado. A imposição de mãos para a liderança e a celebração do que Deus fez ilustram a integralidade da missão, envolvendo não apenas a proclamação, mas também a edificação das comunidades cristãs.

Essa detalhada análise das missões revela não apenas a diversidade geográfica, mas também as estratégias multifacetadas adotadas pelos missionários. Dessa forma, cada localidade proporciona uma oportunidade única para a manifestação do poder transformador do Evangelho. Os missionários, ao enfrentarem diferentes realidades culturais e espirituais, adaptam sua abordagem para alcançar eficazmente as pessoas em seu contexto específico.

3- Prestando contas.

Ao final de cada uma das viagens missionárias, Paulo e sua equipe prestavam contas à igreja que os havia recomendado. A despeito das fortes perseguições que sofreram no cumprimento da nobre tarefa missionária, Paulo e a equipe que estava com ele evidenciaram a manifestação do poder de Deus na primeira viagem missionária. Muitos gentios e judeus creram e aceitaram Jesus como Salvador, muitas igrejas foram fundadas, curas divinas e libertação ocorreram. A obra do Espírito Santo foi notória nessa jornada missionária. Assim, o grande legado missionário deixado pela igreja de Antioquia foi a porta da fé que Deus abriu aos gentios (At 14.27).

Aqui, aprendemos algumas lições preciosas. Primeira, a ideia “missionários independentes”, que respondem “somente ao Senhor” não é bíblica; o apóstolo Paulo não deixava de relatar a atividade missionária à sua igreja de origem (14.27-28). Segunda, teremos oposição e obstáculos na obra missionária, mas também teremos resultados que glorificarão o Senhor que nos chamou. E finalmente, não esqueça de que, na obra missionária, quem “leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Sl 126.6).

Ao concluir cada viagem missionária, Paulo e equipe adotavam a prática de prestar contas à igreja que os havia recomendado. Essa atitude demonstra a importância da transparência e responsabilidade na obra missionária, refutando a ideia de missionários “independentes” que respondem exclusivamente ao Senhor.

O próprio apóstolo Paulo compartilhava suas atividades com a igreja de origem, evidenciando um modelo de colaboração e prestação de contas (At 14.27-28).

Mesmo diante das intensas perseguições enfrentadas durante a obra missionária, Paulo e sua equipe não apenas resistiram, mas também testemunharam a manifestação do poder de Deus. Neste contexto, o resultado dessa jornada foi impactante: muitos gentios e judeus se converteram, aceitando Jesus como Salvador;. diversas igrejas foram fundadas; curas divinas e libertações ocorreram, tudo sob a notável obra do Espírito Santo (At 14.27).

Essa narrativa missionária,portanto, nos proporciona lições valiosas.

Primeiramente, a prática de relatar à igreja de origem ressalta a importância da prestação de contas e da submissão às autoridades eclesiásticas. Em segundo lugar, reconhece-se a presença de oposição e obstáculos na obra missionária. Entretanto, isso é contrabalanceado pelos resultados que glorificam o Senhor que os chamou.

Por fim, a palavra final nos lembra da promessa do Salmo 126:6, que aqueles que semeiam com lágrimas colherão com alegria. Além disso, na obra missionária, o ato de “levar a preciosa semente, andando e chorando” culmina na certeza do retorno com alegria, trazendo consigo os frutos abundantes daquilo que foi semeado.

CONCLUSÃO

À luz desta lição, podemos afirmar que a igreja cristã cumpre o seu propósito quando a cultura de missões faz parte da sua rotina. Uma das provas de que o Espírito Santo age na igreja é o investimento em missões. Assim, é nossa a tarefa de evangelizar, participar dos projetos missionários de nossa igreja local, orar e jejuar por missão, contribuir e se colocar à disposição para ir ao encontro de quem precisa ouvir de Jesus. Quando o Espírito Santo encontra pessoas despojadas e sedentas por almas, Ele as capacita com talentos e dons espirituais para que se lancem inteiramente na mais sublime missão: ganhar vidas para o Reino de Deus.

 

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