Conhecer a Palavra

Subsidio Lição 3: Uma Igreja fiel à pregação do Evangelho

Subsidio Lição 3: Uma Igreja fiel à pregação do Evangelho

Subsidio Lição 3: Uma Igreja fiel à pregação do Evangelho | EBD Adulto| 3º Trimestre 2025 | Pastor José Gonçalves

TEXTO ÁUREO

E, quando Pedro viu isto, disse ao povo: Varões israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?(At 3.12).

VERDADE PRÁTICA

A verdadeira pregação bíblica consiste em dar testemunho de Cristo no poder do Espírito.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 3.11-19.

INTRODUÇÃO

Esta lição mostrará uma das marcas de uma igreja bíblica: seu compromisso com a pregação da Palavra de Deus. Uma igreja verdadeira valoriza a mensagem das Escrituras e coloca Jesus Cristo no centro de tudo o que ensina. É por meio da pregação da Bíblia que o mundo pode conhecer a Cristo. Além disso, uma igreja bíblica prega no poder do Espírito Santo. Não transmite apenas palavras vazias, mas a mensagem viva e transformadora que vem da inspiração do Espírito de Deus. Por fim, uma igreja bíblica traz esperança para aqueles que já não enxergam saída. Ela anuncia que há um futuro de refrigério e renovação na presença do Senhor.

Palavra-Chave:

PREGAÇÃO

I. A IGREJA QUE PREGA AS ESCRITURAS

1. As Escrituras revelam Deus.

A Igreja deve pregar as Escrituras, pois elas revelam Deus. A segunda pregação de Pedro, registrada em Atos 3.11-26, é um grande exemplo disso. A mensagem do apóstolo é completamente baseada nas Escrituras e coloca Deus no centro.

Pedro usa trechos das Escrituras para fundamentar sua pregação, citando Deuteronômio 18.15-19 (v.23) e Gênesis 22.18 (v.25). Há também uma conexão como o Salmos 22.1-31 (v.18) e a Daniel 9.26 (cf. v.18). Além disso, Pedro mostra que Deus sempre esteve presente e agindo na história do seu povo (At 3.13), da mesma forma que os autores da Bíblia falavam sobre a revelação de Deus ao longo dos tempos (cf. Gn 26.24; 28.13; 31.42,53; 32.9; Êx 4.5; 1Rs 18.36; 1Cr 29.18; 2Cr 30.6; Sl 47.9).

A Igreja de Cristo não existe por iniciativa humana, mas por revelação divina. Desde os tempos apostólicos, a pregação da Igreja tem como fundamento essencial as Escrituras, pois é nelas que Deus se revela ao homem. A mensagem do evangelho não é construída a partir de ideias filosóficas ou costumes culturais, mas sim baseada naquilo que Deus falou por meio dos profetas e dos apóstolos.

Um exemplo claro dessa prática está na segunda pregação do apóstolo Pedro, registrada em Atos 3.11-26. Pedro não apresenta uma mensagem centrada em si mesmo, em experiências pessoais ou em argumentações humanas; pelo contrário, ele se apoia totalmente nas Escrituras.

Ele cita diretamente passagens como Deuteronômio 18.15-19, mostrando que Moisés já havia profetizado a respeito do Messias, e também faz alusão à promessa feita a Abraão em Gênesis 22.18, afirmando que nela todas as famílias da Terra seriam benditas.

Essa abordagem revela algo fundamental: pregar as Escrituras é pregar sobre Deus, pois é Ele quem se revela através delas. As Escrituras não apenas contêm a Palavra de Deus, elas são a Palavra de Deus. Cada livro, cada história, cada profecia e cada promessa apontam para o caráter, os planos e a vontade do Senhor.

Pedro, ao citar passagens como o Salmo 22 e Daniel 9, conecta os acontecimentos recentes da morte e ressurreição de Jesus àquilo que já estava revelado. Isso mostra que Deus nunca deixou de agir nem de se comunicar com seu povo. Ele se apresentou como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó (At 3.13), o mesmo Deus que se revelou em diversas ocasiões ao longo da história de Israel (Gn 26.24; Êx 4.5; 1Rs 18.36).

Isso reforça a ideia de que a Igreja deve permanecer fiel às Escrituras porque, por meio delas, é possível conhecer quem Deus é e compreender seus feitos. A fidelidade à Bíblia não é uma escolha secundária, mas uma exigência para que a Igreja permaneça no centro da vontade de Deus.

Pregar as Escrituras é tirar o foco do homem e colocá-lo em Deus. É reconhecer que o poder não está na eloquência humana, mas na Palavra viva e eficaz que procede do Senhor (Hb 4.12). Portanto, se a Igreja deseja continuar sendo instrumento nas mãos de Deus, ela precisa permanecer comprometida com a pregação fiel das Escrituras, pois é nelas que Deus se dá a conhecer e conduz o seu povo em toda verdade.

2. As Escrituras testemunham de Jesus.

As Escrituras apontam para Cristo. Jesus disse que as Escrituras davam testemunho dEle (Jo 5.39). Cristo é o centro da Bíblia. Essa era também a compreensão do apóstolo Pedro. Segundo suas palavras, os profetas anunciaram antecipadamente o sofrimento de Cristo (At 3.18). A pregação de Pedro invocou o testemunho das Escrituras para mostrar que a rejeição de Jesus e sua morte não foram por acaso — já haviam sido preditas pelos antigos profetas.

As Escrituras não são apenas um conjunto de escritos religiosos ou um registro histórico da fé do povo de Israel. Elas possuem uma unidade profunda e sobrenatural: todas apontam para Jesus Cristo. Essa verdade foi destacada pelo próprio Senhor, quando afirmou que as Escrituras davam testemunho dEle (Jo 5.39). Cristo é o centro de toda a revelação bíblica. Desde Gênesis até Apocalipse, cada livro carrega em si elementos que, direta ou indiretamente, conduzem ao plano de salvação realizado em Jesus. Isso demonstra que ler a Bíblia corretamente exige olhos espirituais que percebam a centralidade de Cristo em cada narrativa, profecia e ensino.

Essa convicção também era claramente expressa pelo apóstolo Pedro. Em sua pregação registrada em Atos 3, ele declara que tudo o que aconteceu com Jesus — sua rejeição, sofrimento e morte — já estava previsto nas Escrituras.

Nada foi obra do acaso ou resultado do simples ódio humano. Antes, os profetas anunciaram com antecedência que o Messias sofreria, conforme o plano de Deus. Pedro mostra que os eventos da cruz não foram uma falha ou tragédia inesperada, mas o cumprimento da vontade divina já revelada nas Escrituras.

Ao afirmar isso, Pedro revela que a mensagem do evangelho está em perfeita harmonia com o Antigo Testamento. Ele não apresenta uma doutrina nova ou desvinculada das promessas feitas por Deus ao seu povo, mas mostra que Jesus cumpriu fielmente tudo o que foi prometido. As palavras dos profetas não foram em vão, e os sofrimentos do Messias já estavam registrados para que, ao se cumprirem, os crentes reconhecessem a fidelidade de Deus.

3. As Escrituras confrontam o pecado.

A verdadeira pregação também mostra o problema do pecado e o confronta (At 3.19). No texto citado, Pedro usa o termo grego metanoéō, traduzido aqui como “arrependei-vos”. Essa palavra, além do já conhecido sentido de “arrependimento”, significa também mudança de mente e mudança interior, especialmente no que diz respeito à aceitação da vontade de Deus. A pregação bíblica deve confrontar o pecado e exige uma mudança radical dos seus ouvintes.

A pregação genuinamente bíblica jamais se omite diante da realidade do pecado. Pelo contrário, ela o denuncia com clareza e autoridade, chamando os ouvintes à responsabilidade e à transformação. No discurso de Pedro registrado em Atos 3.19, essa verdade se torna evidente. O apóstolo não suaviza a gravidade da rejeição que o povo demonstrou em relação a Jesus; ele confronta diretamente seus ouvintes com o pecado cometido, chamando-os ao arrependimento por meio da expressão grega metanoéō, traduzida como “arrependei-vos”. Essa palavra carrega um sentido profundo: não se trata apenas de sentir remorso, mas de uma verdadeira mudança de mente e coração, um abandono da própria vontade para abraçar a vontade de Deus.

Pedro compreendia que a mensagem das Escrituras não tem como objetivo apenas consolar, mas também corrigir. Ao revelar a santidade de Deus, a Bíblia expõe, inevitavelmente, a pecaminosidade do homem.

Nenhuma vida pode permanecer a mesma após um confronto sincero com a Palavra. Por isso, o ensino bíblico exige uma reação: ou há arrependimento e fé, ou há rejeição e endurecimento. A Palavra de Deus, quando pregada com fidelidade, opera como espada afiada que penetra até ao mais íntimo do ser humano, discernindo pensamentos e intenções do coração (Hb 4.12). É por isso que ela não pode ser substituída por discursos motivacionais ou por mensagens centradas nas emoções humanas.

Confrontar o pecado não significa adotar uma postura acusatória e sem amor, mas sim obedecer ao propósito divino de chamar o pecador à reconciliação com Deus. O objetivo não é humilhar, mas restaurar. E a restauração só ocorre quando há verdadeiro arrependimento. Assim, o ensino das Escrituras deve ser firme e claro quanto à natureza do pecado e às consequências eternas de uma vida distante de Deus. É preciso ensinar que o pecado não é apenas uma falha moral ou um erro de julgamento, mas uma afronta à santidade do Senhor que exige uma resposta imediata: arrependimento e conversão.

II. A IGREJA QUE PREGA NO PODER DO ESPÍRITO

1. O Espírito capacita o mensageiro.

Não podemos nos esquecer de que Pedro estava cheio do Espírito Santo quando pregou a mensagem registrada em Atos 3. Isso fica evidente no uso do verbo grego atenízō, traduzido como “fixar os olhos” na passagem: “E Pedro, com João, fitando os olhos nele” (At 3.4). O estudioso Strong explica que, no Novo Testamento, esse termo é usado para descrever momentos de revelação, reconhecimento ou atenção especial, geralmente ligados a acontecimentos divinos ou milagrosos.

A pregação eficaz da Palavra de Deus não depende unicamente da capacidade humana, mas do poder do Espírito Santo. Foi assim com Pedro em Atos 3, quando anunciou a mensagem do arrependimento e da salvação com autoridade e clareza. Embora fosse um simples pescador, sem formação teológica, ele estava cheio do Espírito Santo. Isso fez toda a diferença. O poder que operava em sua vida não vinha de seu intelecto, mas da presença divina que o capacitava. Um detalhe importante do texto é o uso do verbo grego atenízō, traduzido como “fixar os olhos”. Quando Pedro, acompanhado de João, olha atentamente para o coxo na porta do templo, essa ação não é apenas um gesto físico, mas um momento carregado de significado espiritual.

Segundo o léxico de Strong, esse verbo aparece no Novo Testamento em contextos que envolvem revelação, atenção sobrenatural ou a percepção de algo extraordinário.

Em outras palavras, o olhar de Pedro, guiado pelo Espírito, era mais do que uma reação natural — era um reconhecimento espiritual de que Deus estava prestes a agir. Essa sensibilidade só é possível quando o mensageiro está verdadeiramente cheio do Espírito Santo. Assim como Pedro discerniu aquele momento específico, os pregadores e professores da Palavra hoje também precisam estar sensíveis à direção do Espírito, pois é Ele quem revela o tempo certo de falar, o que falar e como falar.

Além disso, o Espírito não apenas concede discernimento, mas também ousadia. Pedro, que outrora havia negado Jesus por medo, agora pregava com coragem diante de todos, inclusive das autoridades religiosas. Essa transformação não foi fruto de esforço pessoal, mas da atuação do Espírito em sua vida. Portanto, a capacitação espiritual é indispensável para quem deseja anunciar as Escrituras com poder. Não basta conhecer o conteúdo; é necessário estar revestido do Espírito de Deus para que a mensagem alcance os corações.

2. “Fixar os olhos”.

Essa mesma expressão também é usada para descrever o apóstolo Paulo, cheio do Espírito Santo, quando olhou fixamente para um homem paralítico na cidade de Listra e o curou (At 14.9). Da mesma forma, aparece em Atos 13.9, quando Paulo, cheio do Espírito Santo, fixou os olhos no falso profeta Elimas para repreendê-lo. Retomando o episódio de Pedro, isso nos mostra que ele não apenas estava capacitado para curar, mas também estava ungido para pregar. O Espírito Santo é quem inspira e dá poder à pregação da Palavra. Portanto, pregar não é apenas fazer um discurso! Pregar é anunciar a mensagem de Deus com a autoridade e a unção do Espírito Santo.

A expressão “fixar os olhos”, usada em Atos 3.4, vai muito além de um simples ato de olhar. No contexto bíblico, essa ação revela um momento em que o mensageiro, cheio do Espírito Santo, percebe algo que os olhos naturais não conseguem ver. Esse mesmo termo aparece em outros episódios do livro de Atos, revelando a atuação sobrenatural do Espírito por meio dos apóstolos. Em Listra, por exemplo, Paulo “fixou os olhos” em um homem paralítico (At 14.9) e, percebendo que havia fé para ser curado, ordenou que se levantasse. A cura foi imediata. Já em Atos 13.9, Paulo novamente “fixa os olhos”, dessa vez sobre Elimas, o falso profeta, e o repreende com autoridade, sendo guiado pela mesma plenitude do Espírito. Esses registros não são meras coincidências. Eles mostram que o olhar fixo, quando guiado pelo Espírito, revela discernimento espiritual e ação divina.

Retomando o episódio de Pedro no templo, percebe-se que ele também estava sendo guiado por essa mesma direção do Espírito.

Seu olhar fixo sobre o coxo não foi casual, mas indicativo de que Deus o estava usando naquele momento não apenas para realizar um milagre, mas para preparar o coração do povo para ouvir a mensagem do evangelho. A cura que aconteceu ali foi o ponto de partida para a pregação que se seguiu, uma pregação carregada de autoridade, convicção e ousadia. Isso revela que Pedro não apenas foi capacitado para curar, mas também ungido para pregar. Ele falou com firmeza, apontou o pecado, explicou as Escrituras e chamou o povo ao arrependimento. Tudo isso ocorreu sob a influência do Espírito Santo.

Essa realidade nos ensina algo essencial sobre o ministério da pregação: anunciar a Palavra de Deus não é simplesmente elaborar um discurso bem organizado. Pregar é um ato espiritual, uma missão sagrada que exige unção, sensibilidade e submissão à direção do Espírito. Não se trata apenas de transmitir informações, mas de proclamar verdades eternas que têm o poder de transformar vidas.

Diante disso, é fundamental buscar a presença do Espírito em oração, consagração e estudo das Escrituras. O exemplo de Pedro e Paulo deixa claro que a pregação só é eficaz quando acompanhada da ação do Espírito. A autoridade espiritual que marcou os apóstolos continua disponível à Igreja hoje. Assim, quando o mensageiro fixa os olhos com discernimento e prega com ousadia, o resultado não será apenas um bom ensino, mas uma obra viva do próprio Deus no coração dos ouvintes.

3. O Espírito glorificará a Jesus.

Jesus disse que o Espírito Santo o glorificaria (Jo 16.14). O Espírito nunca chama a atenção para si mesmo, mas sempre aponta para Cristo. Isso é exatamente o que vemos na cura do paralítico na Porta Formosa, em Atos 3. Pedro, cheio do Espírito Santo, não poderia aceitar ser o centro das atenções. Ele deixou claro que o milagre não aconteceu por seu próprio poder ou santidade; “Varões israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?” (At 3.12). Da mesma forma, qualquer pregação que tira o foco de Cristo e coloca o homem no centro não é uma pregação bíblica. Isso não passa de um discurso humano.

A missão do Espírito Santo é glorificar a Jesus. Essa verdade foi anunciada pelo próprio Senhor, que declarou: “Ele me glorificará” (Jo 16.14). O Espírito não age de forma independente nem busca para si reconhecimento ou protagonismo. Ele atua sempre apontando para Cristo, exaltando a obra do Salvador e conduzindo os corações a reconhecê-lo como o Filho de Deus. Essa realidade fica evidente no episódio da cura do paralítico na Porta Formosa, registrado em Atos 3. Ali, Pedro, cheio do Espírito, realiza um milagre extraordinário, mas em nenhum momento aceita para si a glória do acontecimento. Pelo contrário, ele interrompe qualquer tentativa de idolatria humana e declara com firmeza que o milagre não foi obra de sua virtude ou santidade.

A atitude de Pedro é exemplo claro de como o Espírito Santo opera: Ele usa instrumentos humanos, mas não permite que eles sejam glorificados.

Pedro pergunta: “Por que olhais tanto para nós?” (At 3.12), e em seguida dirige o foco de todos para Jesus Cristo, o autor do milagre. Esse é o padrão de uma pregação verdadeiramente bíblica e inspirada. O centro da mensagem não pode ser o pregador, nem os seus feitos, nem suas experiências pessoais. Quando o homem se torna o foco, a pregação perde seu poder espiritual e se torna apenas um discurso motivacional ou uma exibição de habilidades. A glória deve ser inteiramente do Senhor.

O Espírito Santo usa a Palavra para levar os ouvintes ao arrependimento, à fé e à adoração de Cristo. Ele ilumina as Escrituras para que as pessoas enxerguem Jesus claramente, compreendam sua obra redentora e se entreguem a Ele como Salvador e Senhor. A pregação que realmente transforma exalta Cristo e leva o homem à humildade e dependência de Deus. Quando o Espírito atua, o nome de Jesus se engrandece, a cruz é proclamada e os ouvintes são desafiados a viver para a glória do Senhor.

Por isso, qualquer tentativa de colocar o homem no centro da mensagem é uma distorção grave do propósito do evangelho. Uma pregação que exalta o pregador, foca em experiências humanas ou busca impressionar pela oratória não procede do Espírito.O verdadeiro pregador, como Pedro, recusa a glória para si e aponta para Aquele que é digno de toda honra.

III. A IGREJA QUE PREGA A ESPERANÇA VINDOURA

1. Alerta a uma sociedade indiferente e insensível.

O apóstolo Pedro já havia exortado os seus ouvintes na sua primeira pregação a salvarem-se daquela “geração perversa” (At 2.40). Agora, ele reconhece que aquela era também uma geração “ignorante” (At 3.17). Era uma cultura indiferente e insensível para a realidade espiritual. Era, portanto, uma geração sem esperança (1Ts 4.13). A insensibilidade às coisas espirituais é a marca daqueles que não conhecem a Deus (1Ts 4.5). É a essas pessoas que a mensagem da cruz deve ser pregada.

A realidade espiritual da época apostólica não era diferente da que enfrentamos nos dias atuais. Quando Pedro se levantou para pregar, tanto em Atos 2 quanto em Atos 3, ele estava diante de uma geração mergulhada na indiferença e na insensibilidade às verdades de Deus. Na sua primeira pregação, ele advertiu o povo a se salvar de uma “geração perversa” (At 2.40), mostrando que havia um afastamento profundo da vontade divina. Já em sua segunda mensagem, Pedro reconhece que aquela era também uma geração ignorante (At 3.17), não apenas por falta de conhecimento intelectual, mas por uma cegueira espiritual que os impedia de discernir o tempo da visitação de Deus por meio de Jesus Cristo.

Essa ignorância não era desculpa, mas uma evidência clara da dureza de coração de um povo que, embora tivesse a revelação das Escrituras, recusava-se a crer no Messias prometido.

Pedro não se limitou a acusar, mas apontou com clareza o estado espiritual da sua geração. Ele compreendia que estava diante de um povo sem esperança, como descreve também o apóstolo Paulo em sua carta aos tessalonicenses: “os demais, que não têm esperança” (1Ts 4.13). Essa falta de esperança é uma das consequências mais trágicas da insensibilidade espiritual. Quando as pessoas rejeitam a verdade de Deus, tornam-se incapazes de perceber o propósito da vida, o valor da alma e a gravidade do pecado. Vivem como se Deus não existisse, entregues a uma existência vazia e sem direção. Paulo também afirma que essa insensibilidade é marca daqueles que não conhecem a Deus (1Ts 4.5), revelando que a frieza espiritual não é apenas uma questão de comportamento, mas uma condição de alma.

Diante disso, a responsabilidade da Igreja é ainda mais urgente. É justamente a esse tipo de sociedade — indiferente, endurecida e sem esperança — que a mensagem da cruz deve ser pregada. O evangelho não é uma mensagem para os que já estão convencidos, mas para os que ainda vivem em trevas. A dureza de coração, a ignorância espiritual e o desprezo pelas verdades eternas não devem intimidar os mensageiros de Deus, mas despertar neles ainda mais zelo e compaixão. Pedro, mesmo ciente da rejeição e da frieza dos seus ouvintes, não se calou. Ele falou com ousadia, pois sabia que o poder da Palavra não está condicionado à receptividade do público, mas à autoridade daquele que a envia.

2. A promessa da Segunda Vinda.

Concluindo a sua pregação, Pedro deixa uma mensagem de esperança: “e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19). Por um lado, os ouvintes do apóstolo já podiam experimentar a bênção prometida a Abraão, que fora trazida por Jesus, o Messias. Essa bênção, portanto, já era uma realidade. Por outro lado, essas palavras de Pedro olham para o futuro, apontando para um “refrigério” dos últimos dias que fora prometido a Israel. Trata-se da futura “restauração de todas as coisas”. A Igreja, portanto, tem uma mensagem de esperança para aqueles que estão sem esperança. É uma realidade que, no tempo de Deus, se cumprirá.

A pregação do apóstolo Pedro não termina com uma simples exortação ao arrependimento, mas se encerra com uma poderosa mensagem de esperança. Após confrontar o pecado e chamar os ouvintes à conversão, ele aponta para uma promessa gloriosa: “e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19). Essa declaração possui um duplo alcance.Por um lado, refere-se à bênção imediata e espiritual que Jesus, o Messias prometido a Abraão, já inaugurou com sua vinda.Os que criam em Cristo já podiam experimentar esse refrigério interior, essa paz com Deus, esse novo nascimento que transforma e dá sentido à vida. A promessa feita a Abraão de que “em tua descendência serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 22.18) estava se cumprindo em Cristo, e Pedro não hesita em afirmá-lo.

Por outro lado, Pedro também amplia a visão dos seus ouvintes, apontando para um futuro escatológico: a “restauração de todas as coisas”, que Deus prometeu por meio dos seus santos profetas.

Essa expressão não se limita a uma transformação individual, mas abrange toda a criação. Trata-se da promessa da Segunda Vinda de Cristo, quando todas as injustiças serão corrigidas, o mal será definitivamente derrotado, e os que creem herdarão o Reino eterno. O refrigério, nesse sentido, não será apenas um alívio espiritual presente, mas uma realidade plena e eterna, que acontecerá no tempo determinado por Deus. Pedro estava ensinando que a esperança cristã vai além do aqui e agora; ela projeta-se para o cumprimento final das promessas divinas.

Essa mensagem é essencial em meio a uma geração marcada pelo desespero, insegurança e ausência de sentido. Enquanto o mundo caminha sem esperança, a Igreja tem a missão de anunciar que Deus reservou um futuro glorioso para os que estão em Cristo. O evangelho não responde apenas ao presente, mas assegura a certeza do porvir. Essa esperança não se baseia em promessas humanas, mas na fidelidade de Deus, que cumprirá cada palavra no tempo certo.

CONCLUSÃO

Chegamos ao fim de mais uma lição. Nela, vimos a grande importância que a pregação bíblica tem e como devemos ser fiéis na exposição do texto sagrado. Pedro, mesmo sendo um simples pescador, com uma gramática e conhecimentos limitados, sabia expor com maestria as Escrituras Sagradas. Assim como ele, devemos nos render totalmente ao Espírito Santo, sendo cheios dEle, para sermos exitosos no ministério da Palavra de Deus. Uma igreja bíblica é uma igreja que vive e sabe expor as Sagradas Escrituras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *