Conhecer a Palavra

Os Dez Leprosos : Lição de Gratidão e Fé

os dez leprosos

Na passagem de Lucas 17:11-19, encontramos uma história que encapsula duas virtudes fundamentais na jornada espiritual: a gratidão e a fé. Neste relato inspirador, testemunhamos a interação transformadora entre Jesus e dez leprosos, que não apenas receberam a cura física, mas também uma profunda lição sobre a importância de expressar gratidão.

V.11: “Aconteceu que, caminhando Jesus para Jerusalém, passava entre Samaria e Galileia.

Neste versículo, somos introduzidos ao contexto da história. Lucas nos lembra que Jesus estava em uma jornada crucial em direção a Jerusalém, para cumprir o plano de DEUS, de se entregar na cruz do Calvário . Essa jornada não era apenas uma jornada geográfica , era antes de tudo uma jornada ministerial . Durante a viagem , Jesus  por onde passava, realizava curas , pregava o reino de Deus e preparava seus discípulos .

Outra informação dada por Lucas diz que Jesus passava entre Samaria e Galileia.  A Galileia tinha uma mistura de judeus e não judeus (gentios) em sua população. Esta diversidade étnica levou ao apelido “Galileia dos Gentios”.

Por outro lado , em Samaria , tinha os samaritanos que os judeus não viam com bom olhos, devido uma a rivalidade que se desenvolveu ao longo de séculos . (2 Reis 17:24-34)

V.12: “E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, os quais pararam de longe;

Lucas não especifica a localização precisa desta aldeia; ele apenas menciona que ela estava localizada na fronteira entre Samaria e Galileia. Nessa aldeia, dez homens leprosos saíram ao encontro de Jesus, mantendo uma distância segura. Os judeus na antiguidade encaravam a lepra como uma doença tanto física quanto espiritualmente impura, considerando aqueles que sofriam com ela como alguém que havia caído em desgraça perante Deus.

Segundo a lei, encontrada em Levítico capítulos 13 e 14, uma pessoa com lepra era cerimonialmente impura. Isso resultava em sua exclusão das atividades religiosas comuns.

Além disso, os leprosos eram isolados da sociedade em geral, não podendo residir nas aldeias. Eles dependiam de esmolas, uma vez que não podiam trabalhar. Essa situação levava a inúmeros desafios, incluindo problemas psicológicos, espirituais e financeiros, decorrentes do isolamento social imposto pela condição da lepra.

Observando a lei , ao verem Jesus aqueles leprosos pararam de longe. Todavia essa distancia era suficiente para Jesus o ouvirem gritar.

V.13: “E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!”

O clamor dos leprosos, expressando “Tem misericórdia de nós”, refletia o profundo anseio por cura. Qualquer espectador ao presenciar essa cena compreenderia o desejo ardente daqueles homens de serem libertados da lepra.

No Evangelho de Lucas, capítulo 5. 12-16, já vemos um exemplo anterior de Jesus tocando e curando um leproso. Nesse encontro, não foi Jesus quem se contaminou, mas o leproso que foi purificado, limpo e curado por Sua graça.

Com certeza, esses leprosos haviam ouvido falar dos numerosos milagres realizados por Jesus. Portanto, eles gritaram e clamaram por Ele, chamando-o de “Mestre, tem misericórdia de nós”.

Esse clamor revela a profunda fé que esses homens tinham em Jesus. Apesar de não serem discípulos Dele, mantiveram sua fé, mantendo uma distância necessária, e clamaram com a convicção de que um milagre estava ao alcance.

V.14: “E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.”

Quando Jesus ouviu o clamor daqueles homens, Ele voltou Seu olhar em direção a eles e disse: “Ide e mostrai-vos aos sacerdotes.”

É notável que, ao contrário de situações anteriores em que Jesus tocou os enfermos e disse “Quero, sê limpo,” desta vez Ele não proferiu palavras de cura nem tocou neles diretamente. Sua instrução foi simples: ir ao sacerdote.

Isso levanta uma questão intrigante: como esses homens, ainda leprosos, poderiam se apresentar diante dos sacerdotes? Conforme as diretrizes estabelecidas em Levítico 14, o sacerdote era responsável por examinar os enfermos, e apenas o sacerdote poderia declará-los limpos. Somente então eles poderiam voltar a suas famílias e aldeias, oferecendo um sacrifício ao Senhor como parte do ritual de purificação.

Alguém sem fé poderia questionar: “Como podemos ir ao sacerdote enquanto ainda estamos enfermos?” No entanto, a fé desses homens foi evidente desde o momento em que clamaram ao Mestre por misericórdia.

Impelidos por essa fé, eles obedeceram prontamente às palavras de Jesus e foram em busca dos sacerdotes. Vale ressaltar que os sacerdotes não tinham o poder de curá-los; seu papel era apenas certificar se a cura ocorreu. Portanto, esses homens, apesar de ainda estarem leprosos, caminharam em direção aos sacerdotes.

O que Jesus estava fazendo aqui era, de fato, testar a fé desses leprosos. E essa história nos leva a refletir: nossa fé já foi testada por Jesus? Você reconhece que Jesus, em alguns momentos, desafia nossa fé?

Esses homens poderiam ter dito a Jesus: “Cure-nos primeiro e, em seguida, iremos aos sacerdotes.” No entanto, o fato de eles obedecerem prontamente às palavras de Jesus demonstra sua fé genuína, porque a obediência verdadeira provém da fé.

“E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.”

Indo, eles foram curados. No entanto, não temos informações precisas sobre a distância exata em que se encontravam, seja ainda próximos de Jesus ou já próximos do sacerdote.

O que sabemos é que, seguindo a orientação de Jesus e obedecendo à Sua palavra, decidiram empreender a jornada em direção ao sacerdote. Foi durante essa trajetória que experimentaram a cura.

A lição valiosa que essa história nos ensina é que bênçãos e curas se manifestam em nossas vidas quando estamos no caminho da obediência. Independentemente da distância que percorreram, o fato é que escolheram obedecer, e ao longo desse caminho de obediência, receberam a bênção da cura.

V.15-16: “E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz.E caiu sobre o seu rosto aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era samaritano.”

Quando esse homem percebeu que estava curado, voltou glorificando a Deus em voz alta. Enquanto ele retornava, o que as pessoas ouviam era o testemunho de sua cura. Não devemos jamais silenciar os feitos de Deus em nossas vidas; somos chamados a tornar os milagres de Deus evidentes em nossas jornadas. Ao ouvirem esse homem, outros certamente poderiam encontrar esperança em suas próprias situações.

Portanto, não devemos ocultar os feitos de Deus em nossa vida. Nosso testemunho pode ser a porta que Deus utiliza para alcançar outras vidas e trazer esperança e cura a elas.

E caiu sobre o seu rosto aos pés de Jesus, dando-lhe graças;

No primeiro encontro com Jesus, ainda leproso, aquele homem clamava de longe. Agora, curado, ele se ajoelha aos pés de Jesus com o rosto transbordando de gratidão.

O que podemos notar a seguir é que muitos se lembram de pedir, mas poucos se lembram de agradecer. Devemos cultivar um coração grato a Deus por todos os benefícios que Ele nos concedeu.

Lucas conclui o versículo com a observação significativa: “E este era samaritano.”

V. 17-18: “E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?”

Ao questionar onde os outros nove estavam, Jesus indicou para todos os presentes que testemunharam aquela cena que os dez haviam sido curados. Ele tornou todos conscientes de que os dez homens que haviam seguido em direção aos sacerdotes tinham recebido a cura.

No entanto, surge uma questão intrigante: o que aconteceu com os nove? Será que eles realmente foram aos sacerdotes? Ou será que, cheios de alegria, foram direto para suas casas? Ou talvez, na exuberância da bênção, tenham se esquecido do Doador da bênção?

A gratidão é um sentimento que jamais deve faltar no coração de um servo de Deus. Devemos nos alegrar com as bênçãos que recebemos e nunca nos esquecermos do Abençoador.

Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?

Somando à ênfase dada por Lucas ao afirmar que o homem que retornou era samaritano, e destacando a declaração de Jesus de que ele era um estrangeiro, podemos concluir que os nove que não retornaram eram judeus.

O aspecto mais controverso é que a palavra “judeu” deriva da palavra “juda”, que significa “louvor”. Aqueles que se esperava que voltassem para louvar e glorificar a Jesus não o fizeram. Do ponto de vista humano, eles deveriam ter sido os adoradores por excelência.

No entanto, quem voltou foi um samaritano, um estrangeiro. Naquela época, o Templo em Jerusalém tinha áreas designadas, chamadas “Átrios dos Gentios”, onde permitiam a entrada de estrangeiros (gentios). Essas áreas diferenciavam-se das áreas mais sagradas do Templo, que somente os judeus podiam acessar.

Para os gentios, havia um limite no Templo, e seu acesso era restrito ao “Átrio dos Gentios”. À medida que um estrangeiro se aproximava de outros átrios, ele se deparava com uma placa escrita em três idiomas que dizia: “Não ultrapasse sob pena de morte.”

Jesus destaca para Seus ouvintes que um estrangeiro veio glorificando. Aqueles que ouviam compreendiam que um estrangeiro era alguém excluído de uma intimidade maior com Deus.

No entanto, enquanto muitos viam aquele homem como excluído, ele estava aos pés de Jesus, enquanto os nove judeus nem sequer apareceram.

Todos souberam clamar por misericórdia, no entanto, somente o samaritano retornou. Em momentos de adversidade, é comum lembrarmos de pedir ajuda, mas quando as bênçãos chegam, não devemos nos envergonhar. Devemos erguer a voz, nos aproximarmos de Jesus e expressar nossa gratidão pelas bênçãos que Ele derrama sobre nossas vidas.

Entre os dez, o samaritano foi o último que as pessoas imaginariam que voltaria, no entanto, ele voltou. Da mesma forma, em nossas vidas, quantas pessoas jamais imaginariam que estaríamos hoje aos pés do Senhor, servindo na casa de Deus e glorificando o Seu nome.

V.19: “E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.”

Os nove, indo aos sacerdotes após o exame, provavelmente ouviram a mesma frase: “Levanta-te e vai; você está curado.” No entanto, somente o samaritano ouviu de Jesus: “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou.”

Na prova da fé, os dez passaram, mas apenas o samaritano passou na prova da gratidão.

Quantas pessoas você conhece que, mesmo sem servir a Jesus, foram curadas de uma enfermidade? Quantas foram até Jesus em busca de algo e, quando receberam, não voltaram para glorificá-Lo?

Isso ocorre porque a cura e as bênçãos são derramadas de acordo com a soberania de Deus.

Mas neste último versículo, vemos que o samaritano alcançou a maior cura. Somente ele foi curado da lepra física e da lepra do pecado.

“Vai, a tua fé te salvou.”

Os nove se contentaram apenas com as coisas (visíveis) deste mundo, mas o samaritano foi além. Ele não se limitou ao que é visível e material; ele foi além do que é aparente. Por isso, ele retornou e se derramou aos pés  Jesus.

Ele não estava preocupado apenas com a cura física. Ao voltar para agradecer e glorificar o nome de Deus, ele recebeu o perdão de seus pecados.

Ao receber a salvação, ele não apenas se tornou parte da sociedade, mas também entrou no Reino de Deus. Isso nos ensina que a verdadeira riqueza , a verdadeira bênção ,está na nossa salvação espiritual.

Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus. Lucas 10:20

Deus continua a conceder curas, mas a porta do céu se abre somente para aqueles que têm um coração grato diante Dele.

Amém!

Um comentário

  1. Osias Silva

    Glória Deus! Maravilhoso sermão.

  2. Jane

    Que palavra maravilhosa, cheguei a chorar porque entrei no texto de uma maneira que me surpreendi

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