Conhecer a Palavra

Subsidio Lição 04 – Missões Transculturais no Novo Testamento

Subsidio Lição 04- Missões Transculturais no Novo Testamento

Subsidio Lição 04: Missões Transculturais no Novo Testamento | 4° Trimestre de 2023 | EBD ADULTOS

TEXTO ÁUREO

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16)

VERDADE PRÁTICA

A natureza missionária de Deus pode ser vista ao fazer de seu único Filho um missionário, e da Igreja a sucessora dessa sublime tarefa.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Isaías 61.1-2; Lucas 4.17-2

INTRODUÇÃO

No Novo Testamento, o Senhor Jesus foi o primeiro missionário en­viado pelo Pai (Jo 20.21). Pelo fato de ter sido o enviado de Deus, Ele trouxe consigo um plano de resgate da humanidade que envolve todos os seus seguidores. Nosso Senhor disse aos seus primeiros discípulos: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19). Por isso, podemos dizer que o Novo Testamento é uma obra de caráter missionário do início ao fim, onde os Evangelhos, o livro dos Atos, as Cartas e o Apocalipse são instrumentos de um verdadeiro trabalho missionário.

O Novo Testamento, revela desde seu início um caráter profundamente missionário.

Jesus Cristo, o Filho enviado por Deus, foi o primeiro missionário, conforme João 20:21, onde Ele comissionou Seus discípulos a propagar o evangelho.

Ao convocar seus seguidores para se tornarem “pescadores de homens” em Mateus 4:19, Jesus estabeleceu a responsabilidade de atrair outros para a fé e  salvação.

Essa missão não terminou com a ascensão de Jesus; em vez disso, os discípulos a receberam e, por extensão, todos os cristãos.

Os Evangelhos, com seus relatos detalhados da vida e ensinamentos de Jesus, fundamentam nossa compreensão da mensagem redentora que devemos compartilhar.

O livro de Atos registra a disseminação do evangelho pelas mãos dos apóstolos, mostrando como eles se tornaram incansáveis mensageiros de esperança e fé.

As Cartas do Novo Testamento oferecem direcionamentos práticos às igrejas e aos crentes individuais, sublinhando a importância da missão e da unidade na fé.

Até mesmo Apocalipse, frequentemente associado a eventos escatológicos, reflete a natureza universal da missão cristã, apontando para a vitória final de Deus sobre o mal.

Assim, o Novo Testamento é mais do que uma coleção de textos sagrados; é um manual de instruções para o trabalho missionário.

Cada palavra, cada história, cada ensinamento é um lembrete do chamado divino para compartilhar o amor e a salvação de Deus com o mundo.

Os Evangelhos, o livro de Atos, as Cartas e o Apocalipse são instrumentos valiosos, guiando os crentes em seu dever de serem mensageiros de esperança, paz e redenção, continuando a obra iniciada por Jesus e compartilhando a luz do evangelho com todos os cantos da terra.

PALAVRAS-CHAVES: NOVO TESTAMENTO

I – O DEUS MISSIONÁRIO REVELADO NO NOVO TESTAMENTO

1- A Bíblia mostra um Deus missionário.

A Bíblia Sagrada, de Gênesis ao Apocalipse, e um livro eminentemente missionário porque sua inspiração emana de um Deus missionário, aquEle que envia: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21; Jo 3.16). No Antigo Testamento, Israel foi o instrumento usado por Ele para alcançar o objetivo divino, mas Israel não o alcançou. Todavia, a partir do Novo Testamento, Deus passou a usar a Igreja para cumprir esse propósito, mostrando ao mundo o seu grande e sublime amor.

A Bíblia Sagrada é mais do que um livro; é a manifestação da missão divina ao longo da história da humanidade. A inspiração divina que permeia suas páginas reflete a natureza missionária de Deus, que envia e redime a humanidade por meio de Seu amor.

O versículo de João 20:21, no qual Jesus diz: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”, ilustra a continuidade dessa missão divina.

Desde João 3:16, que proclama o amor de Deus pelo mundo, a Bíblia proclama a mensagem de salvação que impulsiona o trabalho missionário.

No Antigo Testamento, Israel foi o instrumento escolhido por Deus para levar Sua mensagem ao mundo.

No entanto, a humanidade, incluindo Israel, frequentemente falhou em cumprir esse propósito divino.

Apesar dos desvios e desobediência, o Antigo Testamento revela a persistência de Deus em Sua missão de reconciliação com a  humanidade.

Com o Novo Testamento, Deus escolheu a Igreja como o meio principal para cumprir Sua missão de revelar ao mundo Seu amor e salvação.

A Igreja, como o Corpo de Cristo, tornou-se a portadora da mensagem redentora, seguindo o exemplo de Jesus e dos primeiros discípulos.

Através do Novo Testamento, Deus mostra ao mundo Seu amor grandioso e sublime, um amor que se estende a todas as nações e povos.

Portanto, a Bíblia Sagrada é o testemunho do plano missionário de Deus que se desenrola desde o Antigo Testamento até o Novo Testamento.

Ela é uma prova do compromisso inabalável de Deus em alcançar a humanidade e reconciliá-la consigo mesma.

Cada página, cada versículo e cada história na Bíblia revela a missão divina de resgate e redenção, e a Igreja, como herdeira dessa missão, tem a responsabilidade contínua de compartilhar o grande e sublime amor de Deus com o mundo, seguindo o exemplo de Jesus Cristo e proclamando o evangelho da salvação a todos os cantos da terra.

2- Uma perspectiva missionária do Novo Testamento.

O ensino do Novo Testamento é totalmente missionário. Pelo fato de o povo de Israel ter falhado no seu propósito missionário, Deus organizou um novo povo, a Igreja de Cristo, para que ela levasse a frente o propósito universal de Deus em redimir o ser humano. Para isso que o Nosso Senhor, o Filho Unigênito de Deus, foi enviado ao mundo, fazendo-se assim o missionário por excelência (Jo 3.16). Não por acaso, o missionário escocês, David Livingnstone, disse: “Deus tinha um único filho e fez dele um missionário”.

A mensagem do Novo Testamento é intrinsecamente missionária.

Essa característica missionária se destaca em todas as páginas das escrituras do Novo Testamento.

A necessidade de uma abordagem missionária clara e direta se tornou evidente devido à falha do povo de Israel em cumprir seu propósito missionário original.

Deus, em Sua sabedoria, organizou a Igreja de Cristo como o novo povo para liderar e dar continuidade ao propósito universal de redimir a humanidade.

A missão da Igreja era, e continua sendo, a extensão da missão de Jesus Cristo na Terra.

O próprio Filho de Deus, Jesus, personifica o missionário por excelência. Sua vinda ao mundo, como registrado em João 3:16, é um testemunho do amor de Deus pela humanidade e Sua missão de resgatar a humanidade do pecado e da alienação espiritual.

Jesus dedicou Sua vida ao serviço, ao ensino e à demonstração prática do amor de Deus, tornando-se um exemplo para todos os seguidores de Cristo.

A afirmação de David Livingstone dizendo “Deus tinha um único filho e fez dele um missionário” ressalta a importância da missão no coração de Deus.

A missão não é uma atividade secundária na fé cristã, mas uma parte fundamental de seu chamado e propósito.

A missão transcende as barreiras culturais, étnicas e geográficas, refletindo o amor de Deus por todos os povos e a universalidade de Sua oferta de salvação.

Portanto, o ensino do Novo Testamento é uma chamada constante para que a Igreja e cada crente adotem uma abordagem missionária.

A missão cumpre o propósito divino de redimir a humanidade, iniciado por Jesus Cristo e continuado pela Igreja.

Assim, a mensagem do Novo Testamento nos lembra que somos chamados a seguir o exemplo de Cristo e ser agentes ativos na expansão do Reino de Deus, compartilhando o evangelho e o amor de Deus com todos, em consonância com o propósito divino que atravessa a história da fé cristã.

3- A Igreja à luz dessa revelação.

A luz dessa revelação bíblica, a de um Deus missionário nas páginas do Novo Testamento, a Igreja de Cristo tem uma tarefa ainda inacabada: anunciar o Evangelho a toda a criatura (Mt 28.19). Essa tarefa começou em Deus, que enviou o seu Filho com a mesma missão, que passou a Igreja do Novo Testamento e, atualmente, perdura como missão primeira da igreja na atualidade.

Com base na revelação bíblica de um Deus missionário encontrada nas páginas do Novo Testamento, a Igreja de Cristo tem a vital missão inacabada de proclamar o Evangelho a toda criatura, conforme instruído por Jesus em Mateus 28:19. Esta tarefa sagrada não é uma invenção humana, mas uma continuação da missão divina que começou com Deus, que enviou Seu Filho ao mundo com o propósito de redimir a humanidade.

No Novo Testamento, fica claro que Jesus foi enviado pelo Pai como o missionário por excelência. Ele não apenas pregou palavras de salvação, mas também viveu uma vida de serviço, amor e compaixão, exemplificando a missão que Ele desejava que Sua igreja continuasse.

Os apóstolos e os primeiros seguidores de Jesus entenderam essa missão e dedicaram suas vidas à propagação do Evangelho, estabelecendo as bases para a igreja primitiva.

Atualmente, essa missão continua a ser a tarefa primordial da igreja. A necessidade de compartilhar a mensagem redentora de Jesus Cristo permanece tão urgente quanto nos primeiros dias da igreja.

Vivemos em um mundo repleto de desafios espirituais, sociais e emocionais, onde as pessoas anseiam por esperança e significado. Cabe à igreja atender a esse chamado divino e levar a mensagem de esperança, amor e perdão a todos os cantos da Terra.

A missão da igreja vai além das paredes do templo; ela se estende às ruas, aos lares, aos locais de trabalho e às nações distantes.

Cada membro da igreja tem um papel vital nessa missão. A tarefa é desafiadora, mas também é cheia de promessa. Ao cumprir essa missão, a igreja não apenas cumpre o mandato de Cristo, mas também se torna um reflexo tangível do amor e da graça de Deus para o mundo.

É uma oportunidade de transformar vidas, restaurar esperanças e, em última análise, trazer pessoas para um relacionamento redentor com Deus.

II – MISSÕES NOS EVANGELHOS E EM ATOS DOS APÓSTOLOS

1- Nos Evangelhos.

De acordo com os Evangelhos, Jesus é o Enviado de Deus para salvar e tornar o seu povo uma agenda missionária. Seu ministério foi marcado inteiramente por ações missionárias, demonstrando muito amor e compaixão enquanto anunciava a mensagem de salvação para todas as pessoas (Is 61.1,2). Essa natureza missionária pode ser vista também na formação dos Evangelhos à medida que eles foram produzidos sob a inspiração do Espírito Santo, para que as pessoas pudessem conhecer o Senhor Jesus (Jo 8.32,36). Não por acaso, cada um dos Evangelhos é concluído com o mandato da Grande Comissão (Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; Lc 24.44-48; Jo 20.21-23). Eis a natureza missionária deles.

Sem dúvida, os Evangelhos do Novo Testamento apresentam Jesus como o Enviado de Deus, cuja missão era salvar e redimir a humanidade. Seu ministério foi permeado por ações missionárias, onde Ele não apenas pregava palavras de esperança e salvação, mas também demonstrava amor e compaixão através de curas, milagres e atos de bondade. Essa missão de Jesus está profeticamente delineada em Isaías 61:1-2, mostrando que Ele veio para libertar os cativos e proclamar a boa notícia aos oprimidos.

Além disso, a natureza missionária de Jesus é refletida na composição dos Evangelhos.

Sob a inspiração do Espírito Santo, esses relatos foram escritos para que as pessoas pudessem conhecer profundamente o Senhor Jesus, compreendendo Sua mensagem, Sua vida e Sua missão redentora. Eles não são apenas registros históricos, mas instrumentos divinos que revelam a verdade sobre quem Jesus é e qual é o Seu propósito na vida de cada pessoa.

É particularmente significativo observar que cada um dos Evangelhos conclui com o mandato da Grande Comissão. Em Mateus 28:18-20, Marcos 16:15-18, Lucas 24:44-48 e João 20:21-23, Jesus comissiona Seus discípulos a irem e fazerem discípulos de todas as nações, batizando-os e ensinando-lhes tudo o que Ele ordenou. Esse mandato não é apenas uma instrução, mas uma comissão divina que continua a guiar a igreja até os dias de hoje.

2- Nos Atos dos Apóstolos: os missionários Filipe e Pedro.

Na igreja cristã, os primeiros cristãos e líderes tinham a missão de propagarem a salvação a todos os povos em todos os tempos. Nesse sentido, Filipe foi o primeiro missionário transcultural da Igreja Primitiva, enviado para a estrada de Gaza, antiga região dos filisteus, onde encontrou um eunuco, alto oficial da rainha dos etíopes. Depois de lhe ter anunciado o Evangelho, batizou-o nas águas (At 8.26-39). Outro episódio importante foi quando o apóstolo Pedro reconheceu que, para Deus, todos os seres humanos são alvos do amor divino, deixando claro que sua mensagem é dirigida a todas as pessoas, indepen­dentemente de sua nacionalidade (At 10.34,35; 11.17,18).

Os primeiros cristãos e líderes da igreja primitiva, conforme registrado no livro de Atos dos Apóstolos, entenderam claramente a natureza missionária do evangelho e a necessidade de propagar a mensagem de salvação a todas as nações. A história de Filipe, o primeiro missionário transcultural da Igreja Primitiva, é um exemplo notável disso.

Filipe foi enviado pelo Espírito Santo para a estrada de Gaza, uma região que pertencia historicamente aos filisteus.

Lá, ele encontrou um eunuco, um alto oficial da rainha dos etíopes. Depois de uma conversa com o eunuco e de explicar o Evangelho, Filipe batizou-o nas águas. Esse episódio é um exemplo de como a missão cristã transcende fronteiras geográficas e culturais, mostrando que a mensagem de Jesus é para todas as pessoas, independentemente de sua origem étnica ou nacionalidade.

Outro episódio significativo ocorreu com o apóstolo Pedro, que teve uma visão na qual Deus lhe mostrou que não deveria chamar impuro o que Deus havia purificado. Isso o levou a entender que o evangelho de Cristo não era apenas para os judeus, mas para todas as pessoas. Pedro resumiu essa revelação ao afirmar: “Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas” (Atos 10:34-35). Ele também compartilhou essa visão com outros líderes da igreja em Jerusalém, deixando claro que a mensagem do evangelho deveria ser proclamada a todas as nações.

Esses episódios refletem a compreensão da Igreja Primitiva de que a mensagem de salvação era universal e deveria ser compartilhada com todas as pessoas, independentemente de sua origem ou nacionalidade. Isso marcou o início da expansão do cristianismo para além das fronteiras judaicas e se tornou um princípio fundamental da missão cristã. Além disso, a Igreja Primitiva abraçou a ideia de que o evangelho de Cristo tinha como destino alcançar a humanidade como um todo, abrindo as portas para a missão transcultural e a proclamação do evangelho em todo o mundo.

3- Nos Atos dos Apóstolos:

Os missionários Paulo e Barnabé. O apóstolo Paulo, de perseguidor dos cristãos, tornou-se o apóstolo dos gentios (At 9.15,16; 3.8; 1 Tm 2,7; Tt 2.11). Em Atos, vemos que, através de seu ministério, a primeira igreja estendeu-se a todos os povos, culturas e nações conhecidas naquela época. Nesse contexto, temos também Barnabé que, após ter sido enviado pelos apóstolos a Antioquia, para pastorear os que se converteram por meio da pregação dos dispersos de Jerusalém pela perseguição, foi enviado pela igreja em Antioquia, juntamente com Paulo, pelo poder do Espírito Santo, para o campo missionário. Assim, podemos afirmar que em Antioquia estava a primeira igreja missionária de natureza gentílica (At 13.1-4).

As contribuições de Paulo e Barnabé enriquecem profundamente a história missionária do cristianismo, exemplificando o alcance universal da mensagem cristã através de suas vidas e ministérios. O apóstolo Paulo, inicialmente conhecido como perseguidor dos cristãos, teve uma transformação notável após seu encontro com Cristo no caminho de Damasco. Tornou-se o apóstolo dos gentios, cumprindo a comissão que Deus lhe deu. Sua jornada missionária, registrada em Atos e em suas cartas, é uma narrativa inspiradora de zelo, dedicação e amor pela expansão do evangelho. Paulo reconheceu sua chamada específica para levar a mensagem de Cristo às nações gentias e desempenhou um papel fundamental na disseminação do cristianismo em diferentes culturas e nações. Seu ministério exemplifica a visão de uma Igreja que transcende fronteiras culturais e étnicas.

Barnabé, por sua vez, desempenhou um papel crucial na igreja primitiva como um encorajador e mentor.

Sua influência é notável quando os apóstolos o enviaram a Antioquia para pastorear os convertidos da pregação dos dispersos de Jerusalém. Mas a contribuição mais significativa de Barnabé ocorreu quando, pelo poder do Espírito Santo, ele se juntou a Paulo em uma jornada missionária. Essa jornada teve início em Antioquia e marcou a expansão do cristianismo entre os gentios. Assim, a igreja em Antioquia se tornou a primeira igreja missionária de natureza gentílica, um marco significativo na história do cristianismo. Barnabé ilustra o papel vital de mentores e líderes na preparação de novos missionários e na expansão do evangelho em contextos diversos.

III – A MISSÃO CUMPRIDA NAS CARTAS E NO APOCALIPSE

1- Nas Cartas Paulinas.

O apóstolo Paulo escreveu suas epístolas como um missionário. Seu objetivo missionário era instruir, nos assuntos doutrinários e práticos, as igrejas que ele plantava. Por exemplo, a Carta aos Romanos é uma carta em que a universalidade do pecado e o processo de salvação são ensinados; a Carta aos Efésios traz a unidade da igreja a partir da queda “do muro da separação” entre judeus e gentios por meio de Jesus Cristo (Ef 2.14); as Cartas a Timóteo e Tito lidam especificamente com qualificações para a vocação de novos líderes das igrejas plantadas, como dirigir os assuntos de uma igreja local.

As epístolas escritas pelo apóstolo Paulo são verdadeiros tesouros de instrução e orientação, tanto para as igrejas que ele plantou quanto para todas as gerações de crentes que seguiram. Paulo, o grande missionário do cristianismo primitivo, tinha uma compreensão profunda dos desafios enfrentados pelas igrejas nascente e madura. Ele usou suas cartas não apenas para instruir, mas também para corrigir, encorajar e edificar as comunidades cristãs em várias regiões.

A Carta aos Romanos, por exemplo, é uma exploração profunda da universalidade do pecado e da salvação através de Cristo. Paulo delineia de forma clara e eloquente a necessidade de todos, judeus e gentios, da graça redentora de Deus. Esta carta estabelece fundamentos teológicos sólidos e é uma fonte inesgotável de ensinamentos sobre a justificação pela fé.

Em Efésios, Paulo discute a unidade da igreja, destacando a reconciliação entre judeus e gentios através de Jesus Cristo.

Ele usa a metáfora do “muro da separação” para ilustrar a barreira que a obra redentora de Cristo removeu, enfatizando a unidade e a paz que os crentes devem buscar.

As Cartas a Timóteo e Tito oferecem orientações específicas sobre as qualificações necessárias para novos líderes liderarem as igrejas locais. Paulo fornece critérios claros para a seleção de presbíteros e diáconos, e instruções detalhadas sobre como administrar os assuntos de uma igreja, garantindo que os líderes sejam exemplos de fé, integridade e dedicação.

O apóstolo Paulo, ao escrever essas epístolas, estava, de fato, agindo como um missionário diligente e um pastor amoroso.

Ele se preocupava profundamente com o bem-estar espiritual das igrejas e dos crentes individuais. Suas cartas continuam a ser uma fonte vital de orientação e inspiração para os cristãos de hoje, fornecendo sabedoria atemporal para enfrentar os desafios e viver uma vida cristã que honre a Deus.

2- Nas Cartas Gerais.

As epístolas gerais dão um forte testemunho sobre Missões, como por exemplo: a Carta aos Hebreus demonstra a descontinuidade entre a Antiga e a Nova aliança, enfatizando a nova como “melhor” (Hb 7.19,22), a qual, uma vez aceita, a missão de Deus nos levará para o centro da vontade de Deus, para realizar a sua vontade como lhe agrada (Hb 13.20); a Carta de Tiago contém a sabedoria prática para viver o Evangelho de Cristo. E, finalmente, as Cartas de Pedro asseguram a nossa posição de povo de Deus e a esperança da vinda do Senhor Jesus.

As Epístolas Gerais do Novo Testamento oferecem uma riqueza de ensinamentos e orientações com relevância na perspectiva missionária do cristianismo. Cada uma delas contribui de maneira única para o entendimento e a prática da fé cristã em relação à missão e ao testemunho do Evangelho.

A Carta aos Hebreus é um exemplo notável, pois destaca a descontinuidade entre a Antiga e a Nova Aliança.

Enfatiza a superioridade da Nova Aliança estabelecida por meio de Jesus Cristo, proporcionando uma relação mais profunda e pessoal com Deus. Isso é significativo para a missão cristã, pois mostra que a mensagem do Evangelho não é simplesmente uma continuação do Antigo Testamento, mas algo completamente novo e transformador.

A missão de Deus, compartilhada pela igreja, é levar as pessoas a uma aliança superior e à vontade perfeita de Deus, conforme expressa em Hebreus 13:20.

A Carta de Tiago, por sua vez, é uma fonte valiosa de sabedoria prática para viver o Evangelho de Cristo. Tiago destaca a importância de uma fé genuína que se manifesta em obras.

Isso tem implicações missionárias significativas, enfatizando que a fé não deve ser meramente teórica, mas deve se traduzir em ações e serviço prático aos outros.

A missão cristã está intrinsecamente ligada a cuidar dos necessitados, defender os oprimidos e viver uma vida piedosa que seja um testemunho poderoso para aqueles ao nosso redor.

As Cartas de Pedro, asseguram aos crentes sua posição como povo de Deus e destacam a esperança da vinda do Senhor Jesus. Essas cartas encorajam os cristãos a permanecerem fiéis, mesmo diante de perseguições e adversidades.

Essa fidelidade e esperança têm implicações missionárias importantes, lembrando aos crentes que suas vidas e testemunhos têm um propósito eterno e que a esperança na vinda do Senhor deve motivá-los a compartilhar o Evangelho com os outros.

3- No Apocalipse.

Nesse livro o Senhor Jesus revela ao apóstolo João a conclusão da longa jornada e o destino de toda a raça humana. As sete igrejas localizadas na província da Ásia Menor, nos capítulos 2 e 3, devem ser vistas como “igrejas missionarias”. Nesse sentido, o apóstolo João relata que Deus se interessa pela salvação de todos os homens (Ap 5.9,10; 7.9; 11.15).

O Livro do Apocalipse é uma obra singular no Novo Testamento, pois revela uma visão profética dada ao apóstolo João. Nessa visão, ele descreve a conclusão da história humana e o destino da raça humana. Além disso, o Apocalipse é conhecido por suas imagens simbólicas, profecias e mensagens que abordam o julgamento, a redenção e a vitória final de Cristo.

Nos capítulos 2 e 3 do Apocalipse, encontramos as mensagens de Jesus dirigidas às sete igrejas localizadas na província da Ásia Menor. Embora essas mensagens tenham sido inicialmente direcionadas a igrejas específicas em seu contexto histórico, sua aplicação é universal e atemporal. Essas igrejas são verdadeiras “igrejas missionárias”, chamadas a expandir o evangelho e proclamar a salvação a todas as nações.

O Apocalipse reflete a preocupação de Deus com a salvação de toda a humanidade. Isso fica evidente em versículos como Apocalipse 5:9-10, 7:9 e 11:15, que destacam a visão do triunfo final de Cristo e a reunião de adoradores de todas as nações diante do trono de Deus. Essa ênfase ressalta a universalidade da mensagem de salvação, indicando que Deus se interessa pela redenção de todas as pessoas, independentemente de sua origem ou nacionalidade.

CONCLUSÃO

O Novo Testamento mostra clara­mente a forma pela qual Deus planejou a redenção da humanidade caída por meio da sublime tarefa missionária. Para esse fim, Ele enviou seu único Filho que, com preço de sangue, pagou o pecado dos homens de todas as tribos, línguas, povos e nações, constituindo-os seus cooperadores na obra de redenção de toda a Criação, decaída e prisioneira de Satanás. Ora, se Missões nasce do coração de Deus, ela deve estar no coração de quem ama a obra missionária.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *